Um megafazendeiro Investigado pela Polícia federal por vários crimes censurou o Intercept. Sabe quem é? Bem, não podemos te dizer. E isso é um escândalo.
Uma nova ordem judicial, vinda do Acre, não só nos obrigou a retirar do ar uma investigação contundente sobre indícios de atividades criminosas graves, como também nos impediu de publicar o nome do latifundiário milionário que entrou com o processo. É isso mesmo.
Esta é a segunda ordem de censura contra nós emitida pelo Tribunal de Justiça do Acre – e é ainda mais extrema.
Na primeira, fomos obrigados a tirar duas matérias do ar. Já nesta segunda, além de mandar censurar uma terceira reportagem sobre o caso, a justiça ainda determinou – sem questionar o mérito das denúncias que publicamos, baseadas em um relatório da PF – que o Intercept Brasil simplesmente não poderia publicar nada sobre os autores enquanto durar o processo, que já se arrasta há mais de um ano.
Ou seja: no nosso entendimento, enquanto não houver uma decisão em última instância, nada pode ser publicado sobre o tema – nem mesmo fatos ou relatos de investigações oficiais da Polícia Federal.
Com todo o respeito, consideramos essas decisões uma violação flagrante da Constituição e extremamente perigosas para todos nós. Se esse precedente se consolidar, o jornalismo investigativo deixará de existir no Brasil.
Imagine as implicações disso.
Nesse mundo, a Vaza Jato seria ilegal e ninguém teria podido publicar nada sobre as inúmeras evidências do golpismo de Bolsonaro antes de sua condenação, no mês passado. Sem esse jornalismo, você pode ter certeza de que Lula ainda estaria na prisão, Deltan Dallagnol ainda estaria no Congresso e Bolsonaro ou Sergio Moro seria presidente. Será que o STF ainda existiria?
O jornalismo é um pilar da democracia porque é um controle independente do poder. Ele aponta abusos e exige a atenção das autoridades. Sem ele, o poder seria exercido exclusivamente a portas fechadas. É claro que vamos lutar até o fim contra esse abuso e pelo direito de republicar nossas reportagens censuradas. Mas essa batalha vai custar caro, e precisamos da ajuda da nossa comunidade para pagar as despesas legais. Você pode contribuir com R$ 20 para ajudar a lutar contra a censura judicial?
Essa história começa em 2024, quando publicamos duas reportagens com denúncias graves de crimes contra um latifundiário politicamente influente. Ele entrou na justiça e pediu nossa censura. Você sabe que a gente não desiste. Publicamos um editorial em repúdio a essa censura, que ameaça o futuro de todos nós.
Depois, fizemos o que fazemos de melhor: jornalismo. Seguimos investigando o caso. E publicamos outra reportagem sobre novos fatos, investigados pela Polícia Federal e apresentados em um relatório que faz parte de um processo judicial ao qual o fazendeiro e sua família respondem.
Sabíamos que era um risco. E comunicamos isso aos nossos leitores (você talvez tenha lido): tem muita gente que não queria que você lesse aquela reportagem. Era uma questão de tempo para o latifundiário tentar nos silenciar de novo. O juíz acatou o pedido, dessa vez impedindo qualquer futura citação dele – uma censura prévia descarada.
Até nosso editorial em repúdio à primeira censura foi censurado. Seria cômico se não fosse tão preocupante.
Sustentamos cada linha da reportagem, baseada em uma investigação da Polícia Federal, que foi editada e checada com muito cuidado para garantir que cada afirmação estivesse baseada em documentos e fatos novos relatados pelas autoridades. Há informações públicas sobre o caso, a um Google de distância, mas infelizmente você não vai poder lê-las aqui no Intercept Brasil. Por enquanto.
Nós prometemos: vamos lutar até o fim para reverter essas decisões inconstitucionais. Não vai ser fácil, nem barato.
Estamos há um ano trabalhando, no jornalismo e na justiça, para fazer com que essa história absurda, que acontece na região mais violenta da Amazônia, chegue até você. E não é agora que vamos desistir, pois esse tipo de jornalismo pode literalmente salvar vidas.
Neste momento, precisamos urgentemente de seu apoio para encher nosso cofre de guerra e possibilitar que lutemos até a última instância. É hora de fazer valer a Constituição brasileira. Espalhe essa mensagem e faça sua contribuição de qualquer valor hoje – antes que esse editorial seja censurado também.
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