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África do Sul assinala 200 anos do nascimento do Abade Pfanner com solene celebração

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O Mosteiro de Mariannhill, fundado pelo Abade Francisco Pfanner no final do século XIX, tornou-se, na segunda-feira, 8 de dezembro de 2025, um lugar de profunda memória e gratidão, ao reunir clero, religiosos e fiéis para celebrar o 200.º aniversário do nascimento do Servo de Deus.

Sheila Pires – Joanesburgo, África do Sul

A celebração contou com a presença de nove prelados, incluindo o Núncio Apostólico na África do Sul, Arcebispo Henryk M. Jagodziński, que presidiu à celebração eucarística, e o Presidente da Conferência Episcopal Católica da África Austral (SACBC), Cardeal Stephen Brislin.

A homilia foi proferida pelo Arcebispo Emérito Buti Tlhagale OMI, e os discursos oficiais do Núncio Apostólico, do Cardeal Brislin, do Arcebispo Sigfried M. Jwara CMM e do Bispo Neil A. Frank OMI sublinharam o legado duradouro de um missionário cuja influência continua a moldar a fé e a identidade da Igreja local.


O Arcebispo Henryk M. Jagodziński presidiu à celebração eucarística

“Uma Tocha Ardente na Escuridão”: Homilia do Arcebispo Tlhagale

Numa homilia comovente, o Arcebispo Emérito Tlhagale refletiu sobre a “dívida de gratidão” que a Igreja na África Austral deve a missionários como o Abade Pfanner, recordando o discurso de 1969 do Papa Paulo VI em Kampala e o apelo para “recordar os vossos líderes” que semearam as sementes da fé.

Descreveu Pfanner como o missionário que “nos trouxe a luz admirável de Cristo”, elevando comunidades das “trevas da noite” para a dignidade e liberdade dos filhos de Deus (cf. Gal 3,28).

Traçando a transformação das gerações que passaram por Mariannhill — alunos, clero, religiosos, catequistas e líderes leigos — o Arcebispo Tlhagale destacou que os frutos do trabalho de Pfanner permanecem visíveis em toda a África Austral, sendo que a diocese conta hoje com cerca de 300 mil católicos, mais de 180 sacerdotes e mais de 100 Irmãs Missionárias do Precioso Sangue.

“Mariannhill”, afirmou, “permanece como um farol de esperança”, um lugar onde homens e mulheres africanos encontraram educação, formação da fé e caminhos para o serviço e a liderança. Inúmeros jovens, formados no Colégio São Francisco e moldados pela espiritualidade de Mariannhill, descobriram ali a sua vocação para servir a Igreja e a sociedade.

O Arcebispo Tlhagale sublinhou ainda o convite de Pfanner à conversão — um apelo a rejeitar falsas crenças relativas a poderes ancestrais e a abraçar a verdade revelada em Cristo: “Vivos ou mortos, pertencemos ao Senhor.”

Concluindo a sua homilia, descreveu o mosteiro como um lugar de peregrinação, uma casa espiritual enriquecida por quase 150 anos de oração contínua por parte dos monges trapistas e das Irmãs do Precioso Sangue. Muitos, afirmou, vêm aqui não à procura de milagres, mas para encontrar força na fé e santidade que emanam deste lugar sagrado.

A celebração de memória e gratidão contou com a presença de prelados, clero, religiosos e fiéis

A celebração de memória e gratidão contou com a presença de prelados, clero, religiosos e fiéis

Cardeal Brislin: Um legado de não-racialismo e esperança

No seu discurso oficial em nome da SACBC, o Cardeal Brislin elogiou o testemunho profético do Abade Pfanner, descrevendo a sua vida como um profundo desafio ao etnocentrismo e à discriminação racial.

O purpurado recordou que Pfanner desafiou as normas do seu tempo ao enviar Edward Mnganga, um negro sul-africano, para estudar para o sacerdócio em Roma — um ato sem precedentes no século XIX. O seu modelo educativo não racial em Mariannhill acolhia rapazes de todas as origens — “pagãos, muçulmanos, protestantes ou católicos; brancos, negros ou mestiços; ingleses, holandeses, alemães, italianos, indianos ou africanos.”

“Ele deixou-nos um legado de não-racialismo”, afirmou o Cardeal Brislin, apelando à Igreja para resistir aos “bastiões do nacionalismo e da etnicidade” que continuam a distorcer a vida social. O testemunho de Pfanner, acrescentou, deve recordar aos fiéis que “somos todos um em Cristo Jesus” (Gal 3,28).

O Cardeal apelou ainda aos Missionários de Mariannhill e às Irmãs do Precioso Sangue para não abandonarem a causa de beatificação, apesar dos obstáculos.

“Devem isso a ele, às vossas Congregações e à África do Sul”, disse o Cardeal. “Têm o nosso apoio, o nosso encorajamento e os nossos votos de êxito.”

Homenagem do Núncio: “Um Sinal de Esperança para a África do Sul”

No final da Missa, o Núncio Apostólico fez uma reflexão final, ligando a celebração ao Ano Jubilar mundial dos “Peregrinos da Esperança”. Descreveu o Abade Pfanner como um dos “sinais luminosos” de Deus na história — prova de que o Espírito Santo continua a suscitar discípulos corajosos cuja fé transforma nações.

Recordando o seu tempo na Bósnia e Herzegovina, o Arcebispo Jagodziński partilhou como ali conheceu o trabalho inicial de Pfanner no mosteiro de Mariastern, antes da Providência o conduzir à África do Sul. Destacou ainda a presença simbólica da Virgem Negra de Jasna Góra, trazida por Pfanner para a missão de Centocow, como sinal de herança espiritual partilhada entre nações.

Em seguida, transmitiu uma Mensagem do Dicastério para a Evangelização, assinada pelo Cardeal Luis Antonio Tagle e pelo Arcebispo Fortunatus Nwachukwu, na qual se louva o testemunho profético de Pfanner e se encoraja ambas as Congregações a renovar o seu zelo missionário.

A mensagem sublinhou a inabalável dedicação de Pfanner à dignidade humana, à educação, aos cuidados de saúde e à formação de comunidades cristãs vivas, chamando-o de “pioneiro corajoso da evangelização na África Austral”.

Orações junto ao Túmulo

Após a liturgia, o Núncio Apostólico, acompanhado por alguns dos Bispos e membros do clero, conduziu uma oração solene junto ao túmulo do Abade Francisco Pfanner, pedindo a sua intercessão e rezando pelo avanço da causa da sua beatificação.

Oração solene junto ao túmulo do Abade Francisco Pfanner

Oração solene junto ao túmulo do Abade Francisco Pfanner

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