Aids e HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) ainda geram confusão mesmo em um cenário de avanços científicos e acesso ampliado à informação. Dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) indicam que 40,8 milhões de pessoas vivem com HIV em todo o mundo, o que torna o tema uma questão central de saúde pública.
A Aids e o HIV não representam a mesma situação clínica, embora frequentemente sejam tratados como sinônimos. Ser soropositivo (ter HIV) não implica, necessariamente, o desenvolvimento da síndrome Aids. Por isso, abaixo, a infectologista Simone Sena Fernandes, do dr.consulta, explica as diferenças entre as condições e a importância do diagnóstico e do tratamento. Confira!
HIV é o vírus; Aids, a síndrome
O HIV, vírus da imunodeficiência humana, é transmitido principalmente por relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de seringas ou instrumentos cortantes contaminados, transfusão de sangue infectado e, em alguns casos, de mãe para filho durante a gestação, o parto ou a amamentação. Uma vez no organismo, o vírus invade e destrói células de defesa de forma progressiva.
Na fase inicial da infecção, muitos indivíduos não apresentam sintomas ou percebem apenas sinais inespecíficos, como mal-estar passageiro. Assim, é possível viver anos sem saber da presença do vírus. A Aids, por sua vez, surge quando o sistema imunológico já foi amplamente comprometido pela ação contínua do HIV, deixando o organismo vulnerável a outras doenças e até a determinados tipos de câncer.
Tratamento reduz danos e impede a progressão para Aids
Os antirretrovirais — medicamentos usados no tratamento — bloqueiam a multiplicação do HIV, preservando as células de defesa e evitando que a infecção evolua para a Aids. Para quem já desenvolveu a síndrome, a terapia também é capaz de recuperar o sistema imune ao longo do tempo.
No Brasil, o acesso ao tratamento é universal e gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). As medicações atuais são mais eficazes, seguras e apresentam menos efeitos colaterais do que as utilizadas no início da epidemia. Embora ainda não exista cura, é possível manter o vírus sob controle. Pacientes em tratamento adequado costumam atingir carga viral indetectável, o que reduz significativamente o risco de transmissão.
Desafios no diagnóstico
Mesmo com avanços, o medo do estigma ainda afasta muitas pessoas da testagem. Estimativas apontam que cerca de 112 mil brasileiros vivem com HIV sem saber. Para ampliar o acesso ao diagnóstico, o autoteste está disponível em farmácias desde 2017, permitindo que o resultado seja obtido em cerca de 20 minutos. O ideal é realizá-lo 30 dias após uma possível exposição de risco, período necessário para que o organismo produza anticorpos detectáveis.
Prevenção antes e depois da exposição
Para situações de risco recente, existe a profilaxia pós-exposição (PEP), que deve ser iniciada em até 72 horas após a relação sexual desprotegida ou outro tipo de exposição, mediante avaliação em um serviço de saúde. Já a profilaxia pré-exposição (PrEP) é recomendada para pessoas com maior vulnerabilidade ao HIV.
Após exames e avaliação médica, o indivíduo pode iniciar medicamentos de ação antirretroviral para evitar o contágio antes que ocorra a exposição. A profilaxia pré-exposição para o HIV está disponível para retirada no SUS mediante cadastro e prescrição, mas também é comercializada nas farmácias e drogarias mediante prescrição médica.
Com tratamento adequado, acompanhamento médico e acesso a métodos preventivos, é possível viver com o HIV de forma saudável e segura. O avanço da medicina e das políticas públicas reforça um ponto essencial: a informação continua sendo a principal arma contra o vírus — e contra o preconceito que o cerca.
Por Hiorran Santos
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