A internação de Raul Gil, aos 87 anos, em 2025, após um quadro de diverticulite aguda associada à desidratação, chamou atenção para uma condição intestinal comum, mas frequentemente subestimada — especialmente entre idosos. O apresentador, um dos mais longevos da televisão brasileira, precisou de cuidados hospitalares após apresentar inflamação nos divertículos do intestino, estruturas que tendem a surgir com o envelhecimento da parede intestinal.
O caso não é isolado. Outros famosos brasileiros também já enfrentaram a doença, que pode evoluir de forma silenciosa e, em situações mais graves, levar a complicações importantes.
Raul Gil e o alerta para a diverticulite em idosos
No caso de Raul Gil, a idade foi um fator relevante para a atenção médica. A diverticulite tende a ser mais frequente após os 60 anos e pode se tornar mais perigosa quando associada à desidratação, baixa imunidade ou atraso no diagnóstico.
Segundo o médico especialista em Cirurgia Geral Dr. Ricardo Ratti, o envelhecimento provoca mudanças importantes no funcionamento do intestino. “Com o avanço da idade, especialmente após os 60 anos, o organismo apresenta muitas mudanças em nível de atividade intestinal; estando entre elas o enfraquecimento da parede / mucosa intestinal levando a redução da elasticidade; alterações na flora intestinal levando também a queda da imunidade e consequentemente aumento dos estados inflamatórios”, explicou o médico.
Outros famosos que já enfrentaram a doença
Além de Raul Gil, Faustão já foi internado em 2019 após um episódio de diverticulite, o que o afastou temporariamente da televisão. Já Jô Soares, que morreu em 2022, enfrentou complicações intestinais ao longo dos anos, incluindo episódios de diverticulite que agravaram seu estado de saúde geral, segundo relatos médicos da época.
Esses casos ajudam a mostrar que a diverticulite não escolhe perfil público ou privado — e que a atenção aos sintomas faz toda a diferença no desfecho.
Sintomas que costumam ser ignorados e atrasam o diagnóstico
Um dos grandes riscos da diverticulite, especialmente em idosos, é a banalização dos sinais iniciais. De acordo com Dr. Ricardo Ratti, muitos pacientes demoram a procurar ajuda médica.
Muitos sintomas podem ser ignorados nesta fase, em idosos, levando a um atraso no diagnóstico. Entre eles estão dores abdominais leves e constantes, alterações do hábito intestinal, perda de apetite associado a sintomas dispépticos como náuseas e vômitos e, por fim; sinais como febre baixa constante também pode estar presente, alertou o especialista.
Quando o tratamento clínico é suficiente e quando a cirurgia é necessária
Na maioria dos casos, a diverticulite pode ser tratada sem cirurgia, desde que diagnosticada precocemente. “Inicialmente, o tratamento, sempre que possível é clínico com antibióticos e antiinflamatórios específicos por 7 a 14 dias; associado sempre a medidas dietético-comportamentais visando assim a remissão do quadro”, afirmou Dr. Ricardo Ratti.
No entanto, há situações em que o risco aumenta consideravelmente. “A cirurgia torna-se necessária em casos agudos graves associados a risco de vida. Perfuração, obstrução ou hemorragia complicada com choque hipovolêmico; podem estar entre os fatores que indicam o tratamento cirúrgico de urgência”, explicou.
Mudanças simples que ajudam a prevenir novas crises
A prevenção passa por hábitos cotidianos que muitas vezes são negligenciados. Segundo o especialista, ajustes simples fazem grande diferença no funcionamento intestinal.
Mudanças dietético-comportamentais como incentivo a ingestão de folhas verdes, frutas sem caroço e com bagaço devem constar nas orientações, disse. O médico também destacou a importância da rotina intestinal: “‘Educar o intestino’ para funcionar ‘como um relógio’ também deve ser incentivado (sentar todos os dias no vaso sanitário e tentar realizar evacuações sempre naquele momento)”, afirmou.
Além disso, “ingestão de lactobacilos, probióticos e outras técnicas de regulação da flora devem ser buscados através de uma orientação com nutricionista”, concluiu o especialista.
A internação de Raul Gil, assim como os relatos de outros famosos, reforça um alerta importante: dor abdominal persistente não deve ser ignorada, especialmente com o avanço da idade. Informação, prevenção e diagnóstico precoce seguem sendo as principais armas contra a diverticulite.
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Dr. Ricardo Ratti é médico (CRM 104747 SP) formado pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos (FCMS) e especialista em Cirurgia Geral e do Trauma (RQE 22701) pelo Hosp Fernando Mauro Pires da Rocha (Hosp Municipal do Campo Limpo SP). Ainda, pós graduado em Coloproctologia pelo Hosp Francisco Morato de Oliveira (Hosp do Servidor Público Estadual SP). Possui MBA em Gestão de Serviços de Saúde, MBA de Auditoria Médica e Pós Graduação em Administração Hospitalar (Uninove SP); MBA Gestão Empresarial pela FGV, MBA em Gestão da Qualidade e Segurança do Paciente pela Faculdade Verbo Educacional SP e Pós Graduação em Perícia Médica e Medicina do Trabalho pela Unitau SP. Consultor de Qualidade e Acreditação na ONA, Membro Conselheiro da Saúde pela Board Academy, Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões e Membro do Conselho Brasileiro de Executivos da Saúde. Atualmente é Diretor Técnico Nacional Corporativo da OSS InSaude e Diretor Técnico do Complexo Hospitalar Saint Patrick.
