A cantora Ana Castela revelou nas redes sociais que recorre a “cola” para tentar disfarçar suas orelhas de abano — algo que, para ela, causa angústia desde a infância. Ela explicou que já havia passado por uma cirurgia, mas que o resultado não lhe satisfez, o que a levou a usar adesivos ou cola para “esconder” a orelha diante do espelho ou em eventos públicos. Para entender melhor o que é possível e seguro fazer nesses casos, a CARAS Brasil conversou com a cirurgiã plástica Dra Paula Furtado.
Quando a otoplastia pode ser feita
De acordo com a Dra. Paula Furtado, o procedimento de correção das orelhas, conhecido como otoplastia, pode ser realizado desde a infância, a partir dos 5 ou 6 anos de idade, quando a orelha já está praticamente formada e a cartilagem tem maturidade para ser moldada. Essa fase costuma coincidir com o momento em que a criança já socializa mais e pode sofrer com comentários ou bullying.
“De modo geral, a idade mínima recomendada para fazer otoplastia é a partir dos 5 a 6 anos, quando a orelha já está praticamente formada e a cartilagem tem maturidade suficiente para ser moldada. Também é a fase em que a criança começa a socializar mais e pode sofrer com comentários ou bullying.”, afirma a Dra. Paula Furtado.
Mas isso não significa que a cirurgia seja exclusiva da infância: adolescentes e adultos também podem recorrer à otoplastia. A médica afirma que a técnica entrega bons resultados em qualquer idade, mas com características diferentes conforme a fase da vida.
“A cirurgia pode ser feita na infância, na adolescência ou na vida adulta, e o resultado é bom em todas as idades. A única diferença prática é que a cartilagem infantil é mais maleável, então a remodelação costuma ser mais simples. Em adultos, como a cartilagem é mais rígida, às vezes precisamos de técnicas adicionais, mas isso não significa pior resultado. Cada caso é individual.”, explica a especialista.
Ou seja: a otoplastia é possível e eficaz tanto para crianças quanto para adultos, embora o plano de ação e técnica usada possam variar conforme a idade.
Recidiva
A médica explica que existe uma chance ainda que pequena de recidiva, ou seja: de a orelha voltar a projetar após a cirurgia. Esse risco está relacionado a fatores como a estrutura da cartilagem, a idade do paciente e os cuidados no pós-operatório.
“A recidiva, que é quando a orelha volta a projetar, não é muito comum, mas pode acontecer. Ela depende basicamente de três fatores:
• Estrutura da cartilagem: algumas cartilagens são mais ‘memorizadas’, mais resistentes a manter a nova forma.
• Idade: em crianças isso é raro justamente porque a cartilagem aceita melhor o novo formato; em adultos o risco pode aumentar um pouco mais.
• Pós-operatório: traumas, dormir apoiando a orelha, não usar a faixa de contenção ou tirar antes da hora podem interferir no resultado.
Com técnica adequada e cuidados corretos, a chance de recidiva é baixa, mas existe.”, conta a Dra. Paula Furtado.
Com isso, o sucesso da cirurgia depende bastante do pós-operatório e da forma como o corpo responde à remodelação da cartilagem.
O que a otoplastia corrige estética e, às vezes, função
Segundo a Dra. Paula, em muitos casos a otoplastia busca apenas a estética, para reduzir a projeção da orelha e deixá-la mais alinhada com o crânio. Contudo, se há malformações congênitas (orelhas muito deformadas, coladas, dobradas ou parcialmente formadas), a cirurgia pode trazer benefícios funcionais: facilitar o uso de óculos, aparelho auditivo ou até dar mais conforto para dormir.
“Na maioria dos casos, a otoplastia é realmente estética. Mas quando falamos de malformações congênitas, como orelhas muito dobradas, coladas ou parcialmente formadas, a cirurgia pode sim trazer benefícios funcionais: melhora da estrutura, facilidade para usar óculos, aparelho auditivo e até mais conforto para dormir. Mas, de maneira geral, a função auditiva não muda, porque ela não depende do pavilhão auricular.”, afirma a médica.
Importante frisar: a cirurgia não altera a audição, ela atua sobre a aparência e a estrutura externa da orelha, não sobre o sistema auditivo interno.
Como é o procedimento e o que esperar do pós-operatório
A Dra. Paula descreve a otoplastia como um procedimento relativamente simples, com duração média de 1 h a 1h30. Em crianças, costuma ser feita com sedação ou anestesia geral leve; já em adolescentes e adultos, muitas vezes anestesia local com sedação, dependendo da técnica e do caso específico.
A incisão geralmente fica atrás da orelha. A cartilagem é moldada com pontos internos, e às vezes há retirada de um pequeno excesso. A pessoa normalmente recebe alta no mesmo dia, usando uma faixa ao redor da cabeça. Nos primeiros dias pode haver inchaço e desconforto, mas a recuperação costuma evoluir bem: depois de cerca de uma semana já é possível retomar atividades leves, e a faixa para dormir costuma ser usada por cerca de um mês. Segundo a médica, o pós-operatório exige cuidados — principalmente para evitar traumas, dormir apoiando a orelha ou fazer pressão sobre ela nos primeiros dias —, mas é bem tolerável na maior parte dos casos.
Riscos, complicações e quando considerar uma revisão
Como qualquer cirurgia, a otoplastia tem riscos: hematoma, infecção, cicatrizes mais espessas (quelóides, em pessoas predispostas), assimetrias e alterações de sensibilidade. Em adultos, também existe chance maior de pequenas irregularidades por causa da rigidez da cartilagem. “Em adultos, a chance de pequenas irregularidades é um pouco maior por causa da rigidez da cartilagem, mas isso é manejável. O importante é escolher um profissional experiente e seguir o pós-operatório à risca.”, alerta a especialista.
Quanto à durabilidade, a Dra. Paula indica que, em geral, o resultado da otoplastia é definitivo — a cartilagem cicatriza na nova posição e se mantém ao longo dos anos. Só se considera uma revisão quando há assimetria significativa, recidiva ou irregularidade visível. “Em geral, o resultado da otoplastia é definitivo. A cartilagem cicatriza na nova posição e se mantém assim ao longo dos anos. Uma revisão só é indicada quando existe alguma assimetria significativa, ponto de recidiva ou irregularidade da cartilagem.”, afirma a médica.
