O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) leu uma carta escrita à mão por seu pai, Jair Bolsonaro (PL), na manhã de quinta-feira (25), momentos antes de o ex-presidente ser submetido a um procedimento cirúrgico. A carta confirma a pré-candidatura de Flávio à presidência, mas o silêncio de importantes figuras políticas do Centrão sobre o anúncio tem chamado atenção. A análise é de Isabel Mega, ao CNN Novo Dia.
De acordo com Mega, o silêncio do Centrão diz muito no momento atual. “Esse silêncio do Centrão também diz muito, porque em outras fases a gente teria manifestações nas redes sociais, teria a necessidade de que esse grupo político, que já foi muito próximo de Jair Bolsonaro e ajudou a compor a equipe ministerial e a base de apoio quando ele era presidente no Congresso Nacional, fazia questão de dar esse tipo de sinalização”, explicou.
A ausência de manifestações públicas ocorre porque o grupo político trabalhava com outros planos, desenhando uma possível candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), que também manteve silêncio e não se manifestou publicamente sobre a carta.
Durante o anúncio em frente ao hospital, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) mencionou ter conversado com Tarcísio e falou em “unidade da direita”, justamente o principal desafio que enfrentarão daqui para frente.
Pesquisas e rejeição serão determinantes
Os partidos do Centrão, segundo a analista, condicionam seu apoio a Flávio Bolsonaro (PL) aos resultados das pesquisas que virão no início de 2026. Embora o senador tenha conseguido manter um certo patamar de intenção de voto, similar ao que Tarcísio vinha apresentando em diversos institutos de pesquisa, ele também carrega uma rejeição muito alta, fator que precisará ser trabalhado.
“Os trackings, aquelas pesquisas internas dos partidos, vão ditar muito como que vai ser a adesão ou não. Se vai valer a pena colar no bolsonarismo, se essa cola vai ser a nível nacional, se vai ser a nível regional, se eles vão liberar as bancadas para fazerem as costuras como bem entenderem”, afirmou Isabel Mega.
A carta em si tem um tom que a analista classificou como “messiânico”, aproveitando a data do Natal e o contexto da internação de Jair Bolsonaro, que precisou ser discreta devido a regras impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que proíbem a entrada com aparelhos eletrônicos. Diferentemente de outras internações, desta vez não houve fotos de Jair Bolsonaro (PL) de dentro do hospital, restando apenas as falas dos filhos.
O anúncio da pré-candidatura de Flávio contraria os planos de aliados que antes eram mais próximos e que trabalhavam com um cenário diferente para 2026, causando incertezas sobre como será a adesão de figuras importantes da direita, incluindo Tarcísio de Freitas, que pode optar por focar em sua própria reeleição para o governo de São Paulo.
