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Análise: Vasco chega na final da Copa do Brasil de forma merecida

by admin

O time que jogou mais futebol na semifinal entre Vasco e Fluminense está na final. Depois de uma virada vascaína merecida na partida de ida, na última quinta-feira, o roteiro épico dos pênaltis fez justiça a quem foi superior no confronto. O Vasco perdeu por 1 a 0 no tempo normal graças à atuação notável do goleiro Fábio, que impediu ao menos três gols vascaínos durante os 90 minutos.

Nos 180 minutos, a equipe de Fernando Diniz foi mais perigosa e exigiu muito mais de Fábio do que o Fluminense exigiu de Léo Jardim.

E quem fez justiça, na verdade, foi Léo Jardim. Quando Vegetti perdeu a primeira cobrança do Vasco, um filme passou pela cabeça do torcedor vascaíno. Mas o goleiro, que pouco trabalhou no jogo de volta, apareceu no momento decisivo para salvar o clube de São Januário, repetindo o que já havia feito contra Botafogo e Operário em 2025 e diante de Athletico-PR, Fortaleza e Água Santa em 2024, pelo mesmo torneio.

A classificação contra o Fluminense entra para a lista das grandes noites recentes do Vasco. Não apenas pela vaga na final de um torneio tão importante, mas também pelo roteiro construído e pela vitória no auge da rivalidade de um dos maiores clássicos do Rio de Janeiro.

Depois de amargar tantos momentos difíceis nos últimos anos, o torcedor vascaíno pôde celebrar no Maracanã — uma de suas casas — a retomada de um estágio de protagonismo nacional, o verdadeiro lugar do clube na prateleira do futebol brasileiro.

E, se tinha de ser uma noite feliz para o torcedor do Vasco, ela precisava ser dramática. Não bastasse a virada no último minuto do jogo de ida, com gol salvador de Vegetti, o time ainda saiu atrás no placar na volta, com um gol contra bizarro de Paulo Henrique, um dos jogadores mais regulares da equipe nos últimos anos, mas que não fez uma grande semifinal.

O torcedor ainda teve de lidar com um Fábio imparável no Maracanã. Se Coutinho não funcionou na criação, coube a Gómez e Rayan comandarem as ações ofensivas. Mas o goleiro de 45 anos não permitiu. Defendeu um chutaço de Gómez após ótima jogada do colombiano e salvou o Fluminense em dois lances de Rayan: uma cobrança de falta no ângulo, antes do intervalo, e uma grande cabeçada no segundo tempo.

Fábio poderia ter sido ainda mais exigido, não fosse Thiago Silva, que em duas ocasiões tirou o doce da boca de Rayan em situações claras de gol.

Depois de ser melhor no jogo de volta, mas sair derrotado nos 90 minutos por um gol contra, o Vasco ainda precisou encarar a provação dos pênaltis. E pior: com Vegetti, herói do primeiro jogo, como candidato a vilão após desperdiçar a primeira cobrança. Havia necessidade de tanto sofrimento? Não. Estava de bom tamanho. A partir dali, foi só alegria para os vascaínos no Maracanã.

Coutinho teve 90 minutos tecnicamente abaixo. Mesmo esgotado fisicamente, Diniz optou por mantê-lo em campo — e acertou. O camisa 10 parece ter guardado toda a qualidade que o consagrou na carreira para bater o pênalti de forma milimétrica, no ângulo, sem chance para Fábio. O beijo no travessão serviu apenas para testar o coração da maioria vascaína no estádio.

Rayan e Victor Luís converteram suas cobranças com frieza, mas ninguém foi mais frio do que Léo Jardim. O goleiro ficou no meio do gol e defendeu o pênalti de Canobbio. O pênalti convertido por Puma Rodríguez trouxe um alívio do tamanho do Maracanã aos torcedores vascaínos e reacendeu o sonho de um título nacional que não vem há 14 anos.

A final da Copa do Brasil contra o Corinthians recoloca o Vasco em um patamar importante. Em um ano de conquistas fora de campo — como a recuperação judicial, a assinatura de um novo fornecedor esportivo e os avanços na reforma de São Januário —, a gestão de Pedrinho, depois de um 2024 e de um primeiro semestre de 2025 instáveis, acertou mais do que errou na segunda metade da temporada.

As carências do time titular foram atacadas na última janela de transferências. Dos seis reforços do meio do ano, cinco se tornaram titulares absolutos. Cuesta, Robert Renan e Barros elevaram o nível defensivo a um patamar pouco visto nos últimos anos. Thiago Mendes fez duas grandes semifinais, e Andrés Gómez foi o melhor jogador vascaíno nos 180 minutos. O colombiano infernizou a defesa tricolor nos dois jogos.

A decisão mais autoral da direção foi a contratação de Fernando Diniz. O treinador também teve momentos de instabilidade — a campanha no Brasileirão é prova disso —, mas é preciso reconhecer que o Vasco foi superior a Botafogo e Fluminense na Copa do Brasil e chega à decisão de forma merecida, com as digitais de seu técnico, que permitiu o clube terminar 2025 sonhando com um título.



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