O que aconteceu: violação da liberdade de imprensa na Câmara
Na tarde de 9 de dezembro de 2025, a sessão plenária da Câmara dos Deputados foi palco de um grave episódio de cerceamento à liberdade de imprensa. Com a ocupação da cadeira da presidência pelo deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), seguranças entraram no plenário e expulsaram repórteres, cinegrafistas e fotógrafos — parte dos profissionais relatou ter sido agredida. Também houve corte abrupto da transmissão da TV Câmara, o que impediu que o público acompanhasse os acontecimentos ao vivo.
As principais entidades do setor de comunicação reagiram com indignação. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF), a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) emitiram notas de repúdio, classificando o episódio como “censura” e “intimidação incompatíveis com a democracia”.
A resposta de Hugo Motta — e por que não basta
Em nota pública, Hugo Motta afirmou que determinou “apuração de possíveis excessos em relação à cobertura da imprensa”, classificando a situação como resultado de “gesto autoritário travestido de ato político”.
Apesar disso, críticos consideram a mea culpa tardia e insuficiente — especialmente por não haver, até o momento, um reconhecimento claro da censura nem anúncio de medidas concretas para garantir que episódios semelhantes não se repitam. Em editorial recente, a jornalista citou que “não há registro na história” de algo parecido: “a retirada da imprensa do plenário, com suspensão da transmissão da TV Câmara”.
Por que esse episódio representa um risco para a democracia
- Censura institucional: a exclusão da imprensa e o corte da TV pública caracterizam uma tentativa de impedir o acesso da população à informação — algo contrário ao princípio constitucional da liberdade de expressão.
- Violência contra a imprensa: o uso da força física contra repórteres e cinegrafistas configura grave ameaça à integridade e ao livre exercício da profissão.
- Precedente perigoso: se atores institucionais passam incólumes após intervenções autoritárias, abre-se precedente para que episódios semelhantes se repitam.
- Desconfiança nas instituições: a omissão ou resposta insuficiente mina a credibilidade da Câmara como um espaço de transparência e controle.
O episódio de 9 de dezembro é um alerta de que, mesmo em pleno século XXI e sob regras democráticas, ainda há quem tente silenciar vozes dissonantes — e até impedir que a sociedade veja o que se passa nos bastidores do poder. A imprensa livre não é um adversário, mas um pilar essencial da democracia.
Se quisermos evitar regressões autoritárias, episódios como esse não podem ser tratados como “simples confusão”. Eles precisam ser investigados, responsabilizados, e sobretudo — jamais repetidos.
