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Banda ‘Garotos podres’ alega censura e afirma que teve que explicar à políca que ‘Papai Noel não existe’

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A banda de punk rock Garotos Podres afirma ter sido alvo de um inquérito policial após uma denúncia envolvendo um de seus maiores sucessos, a música “Papai Noel, Velho Batuta”, lançada em 1985. Segundo o grupo, a queixa partiu de um homem identificado como “membro da extrema direita”, que acusou a canção de incitar violência.

O caso veio a público após a banda publicar um vídeo nas redes sociais, gravado durante um show no Sesc Belenzinho, em São Paulo. Antes de iniciar a música, o vocalista Mao relatou ao público que o baterista da formação atual, Negralha, precisou prestar depoimento a uma delegada de polícia por videoconferência.

“O Negralha teve que explicar para a delegada de polícia que Papai Noel não existe. O pior é que é sério isso”, disse Mao no palco.

Ainda segundo o vocalista, a delegada teria se emocionado durante a conversa, chorando ao ouvir as explicações do músico sobre o teor satírico da letra — escrita em plena transição do regime militar para a redemocratização.

Denúncia aponta “incentivo à violência”

A denúncia afirma que o refrão da música, que fala em “matar” o Papai Noel capitalista, incentivaria violência contra “uma figura lendária que representa uma cultura mundial cristã”. O trecho central é:

“Papai Noel, velho batuta / Rejeita os miseráveis / Eu quero matá-lo / Aquele porco capitalista / Presenteia os ricos / Cospe nos pobres”.

De acordo com os Garotos Podres, o denunciante teria como objetivo impedir a apresentação do grupo e, por isso, os integrantes foram intimados a prestar esclarecimentos.

Banda fala em censura e compara situação ao período da ditadura

O grupo afirma que a situação configura censura e que, ironicamente, nem na época da Ditadura Militar — quando a música foi lançada — o conteúdo foi alvo de interrogatórios formais.

“Nem o Departamento de Censura da época fez isso conosco”, afirmou a banda.

Nas redes sociais, o grupo relatou ainda que Negralha, o único integrante que não era nascido quando a música foi composta, passou a ter pesadelos após o interrogatório, sonhando que era acusado de sequestrar o Papai Noel.

Repercussão e apoio de entidades

A situação repercutiu fortemente nas redes sociais, gerando manifestações de solidariedade. O diretório do Partido dos Trabalhadores (PT) de São Bernardo do Campo divulgou nota pública classificando o episódio como “mais um sinal da persistência de práticas autoritárias no Brasil, travestidas de perseguição moral, religiosa e política”.

A banda também repudia o que chama de tentativa de cercear a liberdade artística:

“Repudiamos qualquer tentativa de silenciar a arte, a cultura e a liberdade de expressão — princípios fundamentais de uma sociedade democrática.”

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