O consumo de notícias no Maranhão atravessa uma das mudanças mais profundas de sua história recente. Blogs e sites informativos assumiram a liderança na audiência diária, ultrapassando rádios e emissoras de televisão como principais fontes de informação para a população. A rápida expansão do acesso à internet, aliada ao uso quase universal de smartphones, impulsionou uma transformação que reposicionou o jornalismo digital no centro do debate público.
Métricas de tráfego digital mostram que portais independentes e blogs pessoais registram picos de acesso principalmente durante crises políticas, operações policiais e atualizações emergenciais — momentos em que o internauta busca informação imediata e atualizada em tempo real. A velocidade de publicação e a ausência de limitações de grade tornam esses veículos mais competitivos diante dos meios tradicionais.
Paralelamente a essa virada no consumo de notícias, outro fenômeno ajuda a explicar o crescimento do jornalismo digital no estado: o aumento expressivo de profissionais atuando sem formação superior. O Maranhão já acumula 906 registros profissionais de jornalista sem diploma, segundo dados do Ministério do Trabalho, emitidos após a decisão do STF que derrubou a obrigatoriedade da graduação específica em 2009. Esse volume coloca o estado em posição intermediária no Nordeste, região que soma 5.518 registros desse tipo.
O avanço desses registros está diretamente ligado à expansão do ecossistema digital. Com o surgimento de novos blogs, portais e veículos independentes, profissionais de áreas diversas passaram a atuar na cobertura jornalística, muitas vezes sem vínculo com empresas tradicionais e sem formação acadêmica em comunicação. Embora legal, esse movimento acende alertas entre especialistas, que apontam riscos de imprecisões, conteúdo não verificado e aumento da vulnerabilidade à desinformação.
Rádios e TVs, tradicionais protagonistas da informação no estado, têm buscado se adaptar ao novo cenário ao adotar transmissões simultâneas na internet, ampliar o uso de redes sociais e investir em formatos mais dinâmicos. Ainda assim, enfrentam a concorrência de plataformas digitais que conseguem atualizar conteúdos minuto a minuto, enquanto permanecem atreladas a grades e horários fixos.
O domínio digital observado no Maranhão não representa apenas uma mudança de plataforma, mas a consolidação de um novo modelo de produção e consumo de notícias. Em um ambiente em que a velocidade se tornou regra, o desafio agora é combinar agilidade com credibilidade — um componente essencial em meio à disputa crescente por audiência e influência.
Por-Robson Castro.
