O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou na manhã desta quarta-feira (24) a Superintendência da Polícia Federal de Brasília e chegou ao hospital DF Star, onde será internado e passará por uma cirurgia para tratar um quadro de soluços e uma hérnia inguinal bilateral. A previsão é que a operação ocorra na quinta-feira (25).
Antes da operação, o ex-presidente passará por exames preparatórios. É a primeira vez que ele sai da Superintendência Regional da PF, onde cumpre pena de 27 anos e três meses de prisão por uma tentativa de golpe de Estado. A cirurgia foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes depois que uma perícia da Polícia Federal apontou a necessidade de intervenção médica.
Na terça-feira (23), a defesa solicitou o agendamento da cirurgia para o Natal. Ao autorizar o procedimento, Moraes determinou que o transporte e a segurança de Bolsonaro sejam realizados pela PF, com discrição. Segundo o ministro, o desembarque deveria ser feito pela garagem do hospital.
Os agentes policiais também deverão fiscalizar o ex-presidente e garantir a sua segurança 24 horas por dia, mantendo, no mínimo, dois policiais federais na porta do quarto do hospital, além de equipes dentro e fora da unidade de saúde, conforme entender necessário. Também há restrição para o uso de equipamentos eletrônicos, com exceção daqueles de uso médico.
“A Polícia Federal deverá providenciar a completa vigilância e segurança do custodiado durante sua estadia, bem como do hospital, mantendo equipes de prontidão. A Polícia Federal deverá garantir, ainda, a segurança e fiscalização 24 horas por dia, mantendo, no mínimo dois policiais federais na porta do quarto do hospital, bem como as equipes que entender necessárias dentro e fora do hospital”, afirmou o ministro na decisão.
A ex-primeira dama Michelle Bolsonaro é a única que poderá acompanhá-lo. Outras visitas deverão ser autorizadas previamente por Moraes. A defesa havia pedido que os filhos Carlos e Flávio fossem os “acompanhantes secundários” do ex-presidente.
Hérnia e crises de soluço
A necessidade do procedimento foi justificada com a apresentação de exames pelos médicos do ex-presidente e a partir de uma perícia da Polícia Federal, realizada por determinação do próprio ministro. No laudo, os peritos indicaram que o ex-presidente precisava de uma cirurgia “o mais breve possível”, mas apontaram que o procedimento tem caráter eletivo, ou seja, não urgente.
Segundo a PF, Bolsonaro é portador de uma hérnia inguinal bilateral, uma espécie de protuberância do tecido abdominal que atravessa a parede muscular da virilha. Os peritos indicaram que ele precisa de reparo cirúrgico.
As autoridades também apontaram que o ex-presidente não respondeu a outros tratamentos para as crises de soluço e, por isso, afirmaram que seria pertinente a realização de um procedimento para o bloqueio do nervo frênico. A medida busca controlar os soluços crônicos a partir da paralisia da função do diafragma.
Ao solicitar que Bolsonaro passasse por cirurgia, a defesa do ex-presidente também voltou a pedir a sua prisão domiciliar. Moraes a rejeitou. Segundo o ministro, a violação da tornozeleira eletrônica quando Bolsonaro estava preso em casa indica que há risco de fuga.
“Além da total ausência dos requisitos legais para a concessão da prisão domiciliar, os reiterados descumprimentos das medidas cautelares diversas da prisão e os diversos atos concretos visando a fuga indicam a necessidade do cumprimento da pena privativa de liberdade em regime fechado”, disse o ministro.
Sendo assim, após receber alta, o ex-presidente deverá retornar para a sua sala na Superintendência Regional da PF, onde tem acesso irrestrito a sua equipe de médicos.
