Infelizmente, começou o pior momento do futebol: a chatíssima janela de transferências. Eu sei que muitos torcedores gostam dessa época, porque nomes são especulados, os times se reforçam e aquele jogador que a torcida não quer mais finalmente pode sair. Entendo perfeitamente por que, para muita gente, esse é um período divertido.
Para mim, no entanto, é o pior momento de todos. Vivemos basicamente de especulações, e muitas delas não têm qualquer relação com a realidade. É empresário cavando notícia, jogador tentando aparecer, jornalista lançando informação sem base nenhuma. Eu detesto tudo isso.
Mas, como tudo na vida tem um lado bom e um lado ruim, a janela de transferências também apresenta seus aspectos positivos. O principal deles é que conseguimos identificar qual perfil o clube está buscando no mercado. E, no caso do Botafogo, o perfil que vem sendo ventilado até agora me agrada bastante. É sobre isso que quero falar.
Todos nós sabemos que o clube vive um período conturbado por causa da disputa societária entre o Textor, Ares e demais acionistas. Esse cenário turbulento levantou muitas dúvidas sobre como seria a atuação do Botafogo no mercado de transferências para a temporada de 26. Muita gente dizia que não haveria dinheiro para nada. Outros, mais otimistas (ou viajando um pouco), achavam que Textor tinha um plano secreto e que o clube iria investir pesado.
O que temos visto, porém, é uma movimentação bastante pé no chão. E, sinceramente, eu gosto disso. O próprio Botafogo tem como referência o que foi feito em 22 e 23, quando o Alessandro Brito e equipe foram brilhantes. Vários jogadores foram encontrados sem contrato ou contratados por valores muito baixos, e mesmo assim conseguimos montar um time bastante competitivo.
Não vencemos o Campeonato Brasileiro de 23 por uma série de fatores, entre eles o fato de que a segunda janela daquela temporada foi fraca. O clube não conseguiu trazer reforços capazes de sustentar o elenco quando os veteranos e alguns titulares começaram a cair fisicamente. Ainda assim, foi um período que deixou aprendizados importantes.
Ver o Botafogo aparentemente retomando esse modelo de montagem de elenco me anima bastante. Os nomes especulados até agora mostram jogadores com bom nível técnico (algo indispensável, porque não adianta focar apenas no lado físico e esquecer do “saber jogar bola”),mas, sobretudo, atletas que podem agregar fisicamente ao time. E a falta dos jogadores estilo “NFL”, para mim, foi uma das razões para não termos tido um ano melhor em 25.
Tivemos jogadores habilidosos, tecnicamente bons, alguns até acima da média, mas faltaram peças fortes no confronto físico. Muitos não eram altos, não eram potentes, e isso pesou em vários momentos da temporada. Ver o Botafogo tentando corrigir esse desequilíbrio e buscar o que faltou no elenco do ano passado me dá a sensação de que estamos seguindo um caminho correto.
Agora é torcer para que essa linha realmente se confirme. Que o setor de scouting seja mais assertivo do que nunca. Que o Ancelottinho, caso permaneça, consiga evoluir, absorver os aprendizados de 25, aproveitar erros e acertos e transformar tudo isso em ferramentas para se tornar um treinador melhor. Ele precisa dar ao time um padrão de jogo mais claro, reduzir oscilações e construir uma equipe capaz de competir com consistência. Oscilar é inevitável, mas, em 25, talvez o nosso maior problema tenha sido justamente a inconstância.
De qualquer forma, pelo menos neste início de janela, posso dizer que estou achando muito positivo o direcionamento que o clube parece estar adotando para a montagem do elenco da temporada 26.
