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BRAIDE E OS SUPER SALÁRIOS EM SÃO LUÍS: VEJA A RELAÇÃO DOS 177 SERVIDORES COM PROVENTOS MAIORES QUE DO PREFEITO DE SÃO LUÍS

Impeachment de Eduardo Braide: supersalários e um ataque direto ao prefeito que vetou o próprio aumento

by admin

 

O pedido de impeachment do prefeito Eduardo Braide (PSD), protocolado na Câmara Municipal de São Luís, tenta transformar o debate sobre supostos “crimes de responsabilidade” em arma política. No entanto, o ponto central é outro e bem objetivo: sem aumento no salário do prefeito, não existe gatilho para turbinar os contracheques mais altos da máquina municipal. Braide vetou o próprio reajuste, a Câmara derrubou o veto e, justamente por manter a resistência a esse aumento na prática, ele virou alvo de quem só vê o próprio ganho crescer se o subsídio do chefe do Executivo subir.

Ao mesmo tempo, o cenário da folha é escandaloso. Enquanto alguns servidores recebem proventos que se aproximam de 50 mil reais, o menor salário identificado na prefeitura é de apenas R$ 1.609,08. Em uma cidade marcada por pobreza, desigualdade e serviços básicos em crise, tentar derrubar o prefeito que freia a escalada dos supersalários, em vez de enfrentar os “marajás” que embolsam os maiores contracheques, representa uma inversão clara de prioridades.

O que está em jogo no pedido de impeachment

Um servidor aposentado apresentou o pedido de cassação e baseou a acusação na suposta falta de cumprimento da Lei Municipal n.º 7.729/2025. Essa lei elevou o subsídio do prefeito de R$ 25 mil para R$ 38 mil e, ao mesmo tempo, redefiniu o teto remuneratório do município. A Câmara aprovou a lei em dezembro, Braide vetou o reajuste em janeiro e, logo depois, os vereadores derrubaram o veto.

Depois disso, a disputa saiu da política e entrou no Judiciário. A prefeitura levou o tema ao Tribunal de Justiça do Maranhão e ao Supremo Tribunal Federal. As cortes analisaram os processos, confirmaram a constitucionalidade da lei e, assim, mantiveram a norma em vigor.

Agora, os mesmos grupos que se beneficiam do teto ampliado pressionam politicamente. A denúncia apresentada à Câmara acusa Braide de descumprir a lei, pede o afastamento por improbidade administrativa e ainda requer o envio do caso ao Ministério Público e aos órgãos de controle. No papel, o discurso soa técnico. Na prática, porém, o alvo não é a corrupção, e sim o freio nos supersalários.

No meio desse embate, a população pobre de São Luís continua sem qualquer ganho real. Quem de fato lucra com esse cenário é uma elite restrita do serviço público, com vencimentos muito acima da realidade da maior parte dos servidores e dos cidadãos.

Supersalários x salário mínimo: a cidade partida na folha de pagamento

Os números desmontam qualquer narrativa conveniente. Com base em dados oficiais do Portal da Transparência do Município de São Luís, qualquer cidadão pode conferir a distância absurda entre os maiores e os menores vencimentos pagos pela prefeitura.

Na Controladoria-Geral do Município (CGM), por exemplo, a desigualdade aparece sem maquiagem:

  • Maior provento: R$ 49.079,41;
  • Menor remuneração: R$ 1.531,63.

Ou seja, dentro do mesmo órgão, o maior salário é mais de trinta e duas vezes maior que o menor. Além disso, em outubro de 2025, o menor salário identificado entre servidores não passava de R$ 1.609,08, valor muito próximo ao salário mínimo nacional.

Esse abismo é indecente diante da realidade da maioria dos ludovicenses. Enquanto muitos lutam para sobreviver com rendas baixas, ônibus lotados, saúde sobrecarregada e escolas com falta de estrutura, uma pequena camada da burocracia recebe valores que não combinam com a cidade em que vive.

Por isso, o problema não está no prefeito que defende responsabilidade fiscal e tenta segurar explosões na folha. O problema real está em parte da elite do funcionalismo que atua para blindar supersalários, enquanto a massa de servidores de base mal consegue fechar as contas no fim do mês.

Vetar o próprio aumento e virar alvo: a contradição do caso Braide

Há um fato simples que precisa ser repetido para não se perder no meio da confusão: Eduardo Braide vetou o aumento do próprio salário. Esse dado muda completamente a leitura do caso.

Ele poderia cruzar os braços, aceitar a lei aprovada pela Câmara e aproveitar o reajuste junto com controladores, procuradores, auditores e outros servidores de alto escalão. Em vez disso, preferiu vetar o aumento, enfrentar desgaste político e ver a própria base parlamentar derrubar o veto.

Depois da derrota na Câmara, a prefeitura recorreu ao Judiciário. O Tribunal de Justiça do Maranhão e o Supremo Tribunal Federal analisaram o tema, consideraram a lei constitucional e mantiveram seus efeitos. A Lei 7.729/2025, portanto, continua valendo.

O resultado dessa combinação é uma situação estranha, para dizer o mínimo. O prefeito que tentou impedir o aumento do próprio salário virou alvo de impeachment. Já quem se beneficia diretamente do aumento do teto passou a se apresentar como “defensor da legalidade” e “guardião da lei”.

Em termos práticos, o roteiro é direto. Se o subsídio do prefeito subir para R$ 38 mil e a vinculação seguir a lógica habitual, os supersalários podem ultrapassar com folga a faixa dos R$ 100 mil. Em um município onde a maioria da população é assalariada e ganha pouco, isso deixa de ser apenas polêmico. Torna-se moralmente distorcido.

Quem grita por impeachment está no topo da pirâmide salarial

Outro ponto incômodo, mas necessário, envolve a origem da gritaria. O pedido de cassação não nasce do servidor de base, que recebe pouco, nem do cidadão que sobrevive com um salário mínimo. Pelo contrário, o movimento vem justamente do grupo que tem mais a ganhar com um teto elevado: controladores, procuradores e auditores com vencimentos amarrados ao salário do prefeito.

Na prática, o recado é claro. Quando o prefeito tenta segurar a explosão da folha, ele se transforma em inimigo. Quando alguém ameaça os supersalários, o discurso muda rapidamente para “defesa da legalidade” e “luta por direitos”.

É evidente que todo servidor merece remuneração digna. No entanto, em um cenário de desigualdade brutal, defender vencimentos que beiram 50 mil reais enquanto milhares de trabalhadores ganham pouco mais de R$ 1.500,00 é um tapa na cara da população de baixa renda.

Por isso, chamar essa manobra de “readequação de teto” apenas mascara a proteção de privilégios. O que está em jogo é a manutenção de uma elite burocrática que vive em outra realidade, distante da fila do posto de saúde, do aperto no ônibus e da aflição no caixa do mercado.

Transparência total: o salário de cada “marajá” ao alcance do cidadão

A boa notícia é que o tema não precisa ficar restrito a discursos, versões e bastidores. Os dados existem, estão abertos e qualquer pessoa pode consultar.

Todas as informações sobre a remuneração dos servidores municipais estão disponíveis no Portal da Transparência de São Luís, no endereço: https://www.saoluis.ma.gov.br/portal/transparencia. A partir desse site, o cidadão pode acessar o módulo de “Remuneração dos Servidores” e verificar, órgão por órgão, quem ganha quanto, em que cargo e em qual unidade está lotado.

Além disso, o Blog O Ludovico acessou esse sistema e reuniu a relação completa dos servidores do município, com os salários pagos no mês de outubro de 2025. A lista traz:

  • Nome do servidor.
  • Cargo ocupado.
  • Órgão de lotação.
  • Valor bruto dos proventos.

E, sim, essa relação expõe com clareza os chamados “marajás”. Os nomes aparecem no topo da folha, ao lado de contracheques muito acima da média, quando comparados ao servidor de base e ao trabalhador comum da cidade.

🔴 ATENÇÃO, LEITOR:

  • Aqui será disponibilizado o link para 👉 DOWNLOAD da relação completa com todos os salários dos servidores da Prefeitura de São Luís referentes a outubro de 2025.
  • Aqui será disponibilizado o link para 👉 DOWNLOAD da relação dos 177 servidores que recebem proventos maiores que o prefeito de São Luís (mair provento R$ 55.817,67).

Quando o cidadão tiver esses arquivos em mãos, o debate deixa de ser abstrato. O confronto passa a ser direto entre número e realidade: de um lado, salários que se aproximam dos 50 mil reais e podem crescer ainda mais; de outro, vencimentos pouco acima de R$ 1.500,00 em uma cidade com muitos moradores em situação de vulnerabilidade.

Impeachment por causa de salário alto: é isso mesmo?

Diante desse quadro, surge uma pergunta simples e incômoda: faz sentido tentar derrubar um prefeito por causa de uma lei de reajuste que ele próprio tentou impedir, mas que a Câmara aprovou e o Judiciário confirmou?

Se existe um debate sério a ser feito, ele não passa por transformar o prefeito em bode expiatório. A discussão verdadeira precisa responder a questões como estas:

Qual é o limite moral para remunerações no serviço público em uma capital com altos índices de pobreza?

É aceitável que existam proventos próximos de R$ 50 mil, com chance de chegar à casa dos R$ 100 mil, enquanto o piso da máquina municipal não passa de R$ 1.609,08?

Quem realmente defende o interesse público: o gestor que resistiu ao aumento do próprio salário ou os beneficiários diretos do teto ampliado que agora exigem sua cabeça?

O pedido de impeachment de Eduardo Braide, do jeito que chegou à Câmara, parece menos uma cruzada em favor da justiça social e mais uma disputa de interesse dentro da própria estrutura do poder. E, como quase sempre ocorre, quem paga essa conta são os de baixo: o servidor que ganha pouco, o cidadão que não tem voz e a população que segue à margem das decisões que definem o destino da cidade.

Enquanto uma minoria bem remunerada sequestra o debate, o risco para São Luís fica evidente. A capital pode continuar sendo um lugar em que os direitos de muitos valem menos do que o contracheque de poucos.

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