CAMPINAS — O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) identificou a necessidade de 5,3 mil quilômetros de novas linhas de transmissão até 2030, com investimentos estimados em R$ 28,1 bilhões.
Do total, R$ 22,7 bilhões correspondem a empreendimentos indicados pela primeira vez pelo operador para o reforço do sistema.
As sugestões estão no Sumário Executivo do Plano da Operação Elétrica de Médio Prazo do Sistema Interligado Nacional (PAR/PEL) 2025 para o horizonte de 2026 a 2030 (.pdf), divulgado na terça-feira (16/12).
O plano inclui 480 empreendimentos, sendo que 92 estão sem outorga, 100 estão sem licença ambiental e 288 estão em implantação.
O conjunto de obras indicado no período inclui, ainda, 24.314 MVA de acréscimo de capacidade de transformação em subestações e aumento de 5,7% na potência da rede básica. Já o aumento na extensão das linhas de transmissão é de 3% em relação às existentes.
A estimativa do ONS é de uma demanda máxima da ordem de 129 GW para o ano de 2030, crescimento de 17% em relação a 2025.
Ao final desse período, a previsão é de uma capacidade instalada de 269 GW no SIN, sendo cerca de 60 GW de usinas eólicas e fotovoltaicas centralizadas.
Curtailment
Nesse contexto, os cortes de geração (curtailments) tendem a ser intensificados por causa da grande utilização de energia renovável intermitente, segundo o operador. Os cortes podem chegar a montantes superiores a 50 GW nos cenários mais críticos.
O ONS sugere que a mitigação do problema depende da integração de grandes consumidores, além da racionalização de políticas públicas, subsídios e mecanismos de incentivo, a fim de que a expansão da matriz renovável seja compatível com a capacidade de absorção do sistema.
“O estudo aponta caminhos para que o SIN acompanhe, com solidez e previsibilidade, a expansão das fontes renováveis, a incorporação de novas tecnologias e os efeitos da evolução da carga e da geração no país”, disse o diretor-geral do ONS, Marcio Rea, em nota.
“As ações e investimentos mapeados fortalecem a resiliência do sistema e criam as bases para uma operação mais segura, eficiente e integrada até 2030”, completou.
O plano projeta, ainda, a ampliação das interligações inter-regionais, que permitem a transferência de energia entre os subsistemas, através da implementação das obras previstas para entrada em operação até 2030.
A previsão é que haja um aumento de aproximadamente 20% no recebimento da região Sul a partir das regiões Sudeste/Centro-Oeste, indo de 11.400 MW em janeiro de 2026, para 13.500 MW em 2030.
Já o limite de recebimento de energia das regiões Sudeste/Centro-Oeste a partir das regiões Norte/Nordeste deve aumentar 25%, evoluindo de 18.500 MW em janeiro de 2026, para 23.000 MW em janeiro de 2030.
MME também indica necessidade de reforço
O Ministério de Minas e Energia (MME) também divulgou, na última sexta-feira (12/12), a segunda emissão do Plano de Outorgas de Transmissão de Energia Elétrica (Potee) de 2025 (.pdf), com a indicação de necessidade de reforço na infraestrutura.
São Paulo é o estado que concentra a maior quantidade de sugestões de empreendimentos de reforço inéditos, com sete. Todos incluem substituição ou conexão de transformadores na área de concessão da ISA Energia.
Já a região Nordeste tem necessidade de compensadores síncronos em pontos estratégicos da rede de 500 kV, a fim de aumentar a estabilidade e a capacidade de transmissão do sistema elétrico. A região é a que mais concentra usinas solares e eólicas, que impactam nos cortes de geração.
A publicação do Potee é seguida pelo início dos procedimentos necessários para a contratação das novas infraestruturas. O documento consolida os resultados de estudos de planejamento da transmissão.
