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Brasil vai defender Venezuela dos ataques de Trump, diz Celso Amorim

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Augusto de Sousa

Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República. Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Em Belém, durante a COP30, Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República, afirmou que o Brasil deve adotar “postura de defesa sul-americana” ao avaliar a crise e a operação militar dos Estados Unidos perto da Venezuela, citando o risco de um conflito que se aproxima da fronteira brasileira.

“Nós temos que defender a América do Sul. Nós vivemos aqui. O Brasil tem fronteira com 10 países. Não estamos discutindo uma coisa distante por razões humanitárias, políticas ou geopolíticas. Estamos discutindo uma coisa na nossa fronteira praticamente. É natural”, disse o ex-chanceler e assessor especial da Presidência na quinta-feira (6), ao Estadão.

A declaração de Amorim surge em meio à articulação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vai interromper atividades relacionadas à COP30, em Belém (PA), para viajar à Colômbia. A decolagem está prevista para sábado (8), segundo integrantes do Planalto, e o tema será também a pauta principal da cúpula da Celac com a União Europeia, no domingo (9), em Santa Marta.

Lula, que chegou a alertar Donald Trump durante encontro na Malásia, defendeu que a crise “não seria resolvida na bala” e sugeriu a criação de uma mesa de mediação, oferecendo-se pessoalmente para interlocução com o regime de Nicolás Maduro.

O presidente estadunidense, então, pediu comentários do secretário de Estado, Marco Rubio. Trump havia dito que não pretendia discutir o tema com Lula; foi o petista quem introduziu o assunto e entregou um documento por escrito ao americano.

No governo brasileiro, há preocupação de que o embate sobre a Venezuela contamine negociações comerciais sobre tarifas que ainda serão retomadas.

Autoridades esperam retomar conversas a partir do dia 11, com encontro previsto entre Rubio e o chanceler Mauro Vieira, no Canadá. Questionado pelo Estadão, Vieira resumiu o sentido da viagem à Colômbia como um gesto de apoio e “solidariedade” à Venezuela.

O cenário que motivou as reações tem componente militar e humanitário. Nos últimos meses, os Estados Unidos deslocaram navios, caças e aeronaves de vigilância à costa venezuelana, em uma campanha que Washington diz visar organizações criminosas transnacionais.

Donald Trump, presidente dos EUA, e Nicolás Maduro, da Venezuela. Foto: reprodução

Relatos oficiais do período apontam explosões de embarcações e centenas de mortes desde o início das operações, além de acusações de que o governo de Maduro lideraria uma organização criminosa responsável por tráfico de drogas.

Analistas e decisores públicos avaliam alternativas que aparecem no arsenal norte-americano: desde ataques aéreos a instalações suspeitas até operações de forças especiais com o objetivo de capturar líderes, e planos mais complexos para tomar pontos estratégicos como aeroportos e campos de petróleo.

Cada opção traz riscos elevados, inclusive para civis, e a possibilidade de uma escalada regional que implicaria diretamente o Brasil, segundo ministros e diplomatas consultados.

A leitura oficial do Planalto, por ora, combina apelo por contenção com movimento diplomático: fortalecer canais de diálogo na América do Sul e internacionalizar a questão em fóruns multilaterais, ao mesmo tempo em que se tenta evitar que a disputa afete outras agendas críticas, como as negociações comerciais em curso.



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