O candidato ultraconservador José Antonio Kast foi eleito no domingo (14) novo presidente do Chile, na guinada mais à direita que o país já deu desde a redemocratização e o fim da ditadura do general Augusto Pinochet, em 1990.
Kast obteve 58,16% dos votos do segundo turno e sua rival de esquerda, a governista Jeannette Jara, 41,84 %, de acordo com o órgão eleitoral Servel.
“Acabo de me comunicar com o presidente eleito José Antonio Kast para desejar-lhe êxito pelo bem do Chile”, disse Jara em sua conta no X.
Kast centrou sua campanha na restauração da segurança pública, na aceleração do crescimento econômico e no endurecimento dos controles de imigração — mensagens que agradaram eleitores frustrados com a criminalidade, a estagnação e o impasse político.
“Ganhou a esperança de viver sem medo, esse medo que angustia as famílias”, afirmou ele em seu primeiro discurso aos apoiadores e à imprensa local. “Tenho que ser muito honeste desde o primeiro dia, aqui não há soluções mágicas. Não se muda tudo de um dia para o outro, mas sim as coisas podem ir melhorando. Teremos um ano duro porque as finanças do país não estão bem. Recuperar o Chile requer o esforço de todos”, completou Kast.
Embora o Chile continue sendo um dos países mais seguros da América Latina, um recente aumento do crime organizado e da imigração se tornou temas de preocupação e se tornou a principal demanda dos eleitores.
A vitória de Kast, um advogado de 59 anos, provavelmente será comemorada pelos investidores, que esperam que um governo pró-mercado acelere as reformas econômicas, incluindo a desregulamentação e mudanças no sistema de pensões e nos mercados de capitais do país rico em cobre.
À medida que as campanhas chegavam ao fim, os dois candidatos trocaram farpas, mas também se concentraram no tema que definiu a eleição: o crime. Na quinta-feira, na cidade de Temuco, no sul do país, uma região abalada pelo conflito entre grupos indígenas mapuches e o atual governo de esquerda, Kast criticou o presidente Gabriel Boric: “Este governo causou caos, este governo causou desordem, este governo causou insegurança”, disse. “Vamos fazer o oposto. Vamos criar ordem, segurança e confiança.”
No domingo, antes do resultado final, dezenas de apoiadores de Kast começaram a chegar à sede da campanha em Santiago, agitando bandeiras do Chile. Alguns usavam bonés vermelhos com a inscrição “Make Chile Great Again”.
Esta foi a terceira candidatura à presidência de Kast. Há quatro anos, ele acabou derrotado por Boric ao ser questionado por suas posições consideradas, então, muito extremas, entre elas sua oposição ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, ao aborto, à redução da jornada de trabalho e sua complacência com a ditadura de Pinochet. Desta vez, suas bandeiras foram menos contestadas.
Eleitores chilenos associam a alta dos números de crimes violentos nos últimos anos ao avanço de grupos do crime organizado que vêm se estabelecendo no Chile, aproveitando-se das fronteiras porosas do deserto do norte do país com os vizinhos produtores de coca Peru e Bolívia, dos principais portos marítimos internacionais e do aumento do número de imigrantes suscetíveis ao tráfico de pessoas e sexual.
A grande maioria dos imigrantes ilegais no Chile chegou da Venezuela nos últimos anos, segundo dados do governo.
Vários países parabenizaram o direitista. O governo de Donald Trump falou das prioridades em comum que seu governo tem com Kast. As propostas do eleito incluem a criação de uma força policial inspirada na que persegue e expulsa ilegais dos EUA. Ele também defende cortes maciços nos gastos públicos. No entanto, as propostas mais radicais de Kast provavelmente enfrentarão resistência de um Congresso dividido.
O Chile é o maior produtor mundial de cobre e importante produtor de lítio, e as expectativas de menos regulamentação e políticas favoráveis ao mercado já impulsionaram o mercado de ações local, o peso e o índice de ações
