O banco BV teve lucro de R$ 461 milhões no terceiro trimestre de 2025, com leve alta de 0,3% em relação ao segundo trimestre e queda de 7,2% na comparação anual. A rentabilidade (ROE) também ficou praticamente estável, em 15,0%, mantendo-se pelo quinto trimestre consecutivo nessa marca, que o banco tenta defender.
“Temos um cenário de juro alto, famílias endividadas, um ambiente de mais cautela no crédito. É um verdadeiro teste de fogo. Ainda assim, temos conseguido manter esse piso de rentabilidade de 15%”, comenta o CEO Gustavo Sousa, que assumiu em maio. Segundo ele, com a queda da Selic prevista para o começo do próximo ano, o cenário pode ficar mais benéfico. “Se confirmado isso, e a estabilização que estamos vendo na inadimplência agora mostrar um ponto de inflexão e passarmos a ver uma queda, o ano que vem pode ser mais positivo”.
A inadimplência ficou em 4,8% em setembro, de 4,8% em junho e 4,4% em setembro do ano passado. No varejo, o índice se manteve em 6,1%, de 6,1% no fim do trimestre anterior e 5,1% um ano antes. No atacado, subiu para 0,8%, de 0,5% e 0,6%. E em veículos, atingiu 5,5%, de 5,6% e 4,4%.
A carteira ampliada do BV chegou a R$ 92,6 bilhões, com alta de 1,4% no trimestre e 2,4% em um ano. Desconsiderando o efeito da venda de carteira via FIDCs, o crescimento da carteira de crédito foi de 7,2% em um ano. Do total, R$ 26,665 bilhões estão no atacado, com crescimento de 2,4% e 2,8%, na mesma base de comparação. Já o portfólio no varejo soma R$ 65,935 bilhões, com expansões de 1,0% e 2,3%. A carteira de veículos leves usados é maior do BV, com R$ 44,851 bilhões. Nela houve alta de 0,2% no trimestre e queda de 0,7% em um ano.
Sousa aponta que, nos nove primeiros meses deste ano, a originação de crédito em veículos acumula queda de 14,7% ante o mesmo período do ano passado, mas na passagem do segundo para o terceiro trimestre houve alta de 16,0%, a R$ 6,5 bilhões. “Apesar da cautela na produção, já subimos um degrauzinho neste trimestre. Mesmo com um apetite mais restrito para certos perfis de clientes, estamos aumentando a capilaridade. Colocamos para dentro da base este trimestre mais 2 mil lojistas parceiros, chegando a 26 mil, e contratamos mais 70 gerentes de relacionamento, atingindo quase 1 mil”, conta.
No atacado, Ronaldo Helpe, vice-presidente financeiro do BV, aponta que o banco também segue um pouco mais cauteloso no crédito, preferindo usar seu balanço para clientes do corporate e middle e diminuindo a fatia do large corporate. Assim, a carteira de crédito teve queda anual de 15,0%, mas se for considerado o portfólio expandido, que contabiliza também avais e títulos mobiliários, chegaria ao crescimento de 2,8% citados acima. “A carteira de títulos cresceu 29,8%. Temos atendido os clientes maiores através dos mercados de capitais e encarteiramos parte desses títulos”.
Sem comentar clientes específicos, o BV diz que não tem exposição a nenhum dos grandes casos de empresas em dificuldades que têm sido noticiados nos últimos meses. “Temos conseguido manter nossa inadimplência no atacado abaixo de 1%, graças a uma estratégia de maior pulverização. É claro que um ambiente de taxa de juros alta por um período prolongado pode trazer dificuldades para algumas empresas, mas não estamos vendo um risco de secar liquidez, de ‘credit crunch’, nada assim”.
