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Na última semana, a bilionária filantropa Mackenzie Scott publicou seu anúncio anual de doações. Suas contribuições totalizaram US$ 7,2 bilhões (R$ 38,88 bilhões), o maior valor anual desde que ela começou a divulgar suas ações filantrópicas, em 2019. O anúncio mais recente eleva seu total de doações ao longo da vida para US$ 26 bilhões (R$ 140,43 bilhões). Isso a coloca entre os três doadores mais generosos dos Estados Unidos, segundo a Forbes.
Dois homens com fortunas muito maiores que a de Scott — Warren Buffett e Bill Gates — são os únicos americanos que doaram mais que a ex-esposa de Jeff Bezos para causas filantrópicas, com aproximadamente US$ 65 bilhões (R$ 351,07 bilhões) e US$ 48 bilhões (R$ US$ 48 bilhões), respectivamente.
Com o novo conjunto de doações, segundo cálculos da Forbes, Scott aparentemente já doou mais, em termos absolutos, do que Michael Bloomberg e George Soros — embora Soros ainda seja o que mais doou em percentual do próprio patrimônio; Scott ocupa o segundo lugar nesse critério.
A Forbes estimou que Bloomberg havia doado US$ 21,1 bilhões (R$ 113,96 bilhões) em janeiro, e a Open Society Foundations de Soros lista doações totais de US$ 24,2 bilhões (R$ 130,71 bilhões).
“Esse total em dólares é uma fração diminuta das expressões pessoais de cuidado que estão sendo compartilhadas com as comunidades este ano”, escreveu Scott em um artigo que acompanhou o anúncio.
Para onde vão as doações de Mackenzie Scott?
As doações de Scott foram destinadas a aproximadamente 200 organizações, com foco em educação superior (incluindo universidades historicamente negras e programas de apoio a estudantes indígenas e de outras populações subatendidas) e clima (incluindo o Global Methane Hub, a ClimateWorks Foundation e uma organização chamada Forests, People, Climate).
Embora Scott seja conhecida por doações únicas e sem restrições a organizações de base, a maioria dos beneficiários deste ano são instituições que já haviam recebido recursos dela anteriormente. Scott raramente comenta publicamente sobre suas doações, além de uma série de artigos publicados em seu site, Yield Giving.
Por dentro da fortuna da bilionária
A fortuna de Scott vem da Amazon: ela recebeu cerca de 400 milhões de ações da gigante de tecnologia como parte de seu divórcio, em 2019, de Bezos, fundador e presidente da empresa. Seu ex-marido é o terceiro homem mais rico do mundo, com patrimônio de US$ 242 bilhões (R$ 1,307 trilhão), mas doou menos de um quinto do valor que Scott já destinou a causas sociais.
A bilionária já se desfez de mais de 75% de suas ações — que valeriam US$ 52 bilhões (R$ 280,86 bilhões) se vendidas imediatamente e US$ 72 bilhões (R$ 388,88 bilhões) se ela tivesse mantido os papéis — em apenas seis anos.
A Forbes agora estima que Scott tenha um patrimônio de US$ 30 bilhões (R$ 162,03 bilhões), abaixo do pico de US$ 59 bilhões (R$ 318,66 bilhões) registrado em 2021.
Em 2022, Scott começou a se desfazer de suas ações da Amazon muito mais rapidamente do que distribuía sua riqueza. Se tivesse mantido todas as ações, hoje teria US$ 91 bilhões (R$ 491,50 bilhões) — o suficiente para figurar como a segunda mulher mais rica do mundo, atrás apenas de Alice Walton.
Scott não possui uma fundação privada tradicional. Em vez disso, ela parece estar transferindo uma parte substancial de suas ações da Amazon para fundos aconselhados por doadores, conhecidos como DAFs. Historicamente, ela já fez doações a partir de uma conta no National Philanthropic Trust, um grande patrocinador de DAFs. Diferentemente das fundações privadas, que exigem que os doadores distribuam pelo menos 5% de seus ativos por ano e reportem receitas, patrimônio e cada doação em um formulário fiscal público, os DAFs não exigem um ritmo mínimo de doação nem praticamente qualquer divulgação, oferecendo benefícios fiscais similares.
Se Scott pretende doar “até que o cofre esteja vazio”, como escreveu em um artigo anterior no Yield Giving, transferir ações da Amazon para um DAF antes de vendê-las também permite que ela evite impostos sobre ganhos de capital (23,8% nos EUA, mais 7% adicionais aprovados pelo estado de Washington em 2023). Ela pode, então, reinvestir os recursos isentos de impostos em investimentos de impacto — que apoiem habitação acessível, saúde da mulher e teleterapia adaptada a diferentes contextos culturais, como escreveu no ano passado — e mantê-los em um DAF por tempo indefinido.
“Há muitas maneiras de influenciar como nos movemos pelo mundo e onde chegamos”, escreveu Scott em seu anúncio das doações de 2025, incentivando outras pessoas a adotarem suas próprias formas de bondade e generosidade. O método de influência de Scott é claramente a filantropia: ela já doou mais de 46% de sua fortuna, ficando atrás apenas de Soros, de 95 anos. Apenas 11 membros da lista Forbes dos 400 dos americanos mais ricos doaram mais de 20% de sua riqueza; a maioria doou muito menos de 5%.
