A Comissão Europeia aprovou um pacote de apoio à construção e posterior exploração da primeira central nuclear da Polónia, considerando-o compatível com as regras do bloco em matéria de auxílios estatais.
O governo de Varsóvia garantiu fundos para a construção da central nuclear, cujo custo está estimado em cerca de 192 mil milhões de zlotys.
As autoridades polacas anunciaram a sua intenção de apoiar este investimento através de uma contribuição de capital de cerca de 14 mil milhões de euros, o que cobriria 30% do custo total do projeto. Ainda em dezembro, 4,6 mil milhões de zlotys (1,9 mil milhões de euros) serão atribuídos à empresa responsável pelo projeto.
A central elétrica será construída na localidade de Lubiatowo-Kopalino, no município de Choczewo, e é um dos elementos mais importantes da transição energética do país. A implementação do investimento está a cargo da Polskie Elektrownie Jądrowe, que é responsável por todo o processo preparatório. De acordo com uma alteração à lei de fevereiro de 2025, a empresa deverá receber apoio público de até 60,2 mil milhões de zlotys até 2030.
“A construção está a começar e, como podem imaginar, esta era uma condição absolutamente necessária e nada fácil de obter”, sublinhou Donald Tusk, referindo-se aos esforços da Polónia para obter a aprovação da Comissão Europeia para o auxílio estatal ao projeto nuclear.
Quando será construída a central?
A Polónia está a implementar a construção da sua primeira central nuclear em cooperação com as empresas norte-americanas Westinghouse e Bechtel. De acordo com o calendário, o betão nuclear para o primeiro reator deverá ser vertido em 2028. A central elétrica será composta por três reatores que utilizam a tecnologia AP1000, cada um com uma capacidade de 1250 MWe.
A primeira unidade deverá estar concluída em 2035, com a eletricidade a chegar à rede em 2036. A terceira unidade deverá estar operacional em 2038.
No início de outubro, o vice-presidente da PEJ, Piotr Piela, afirmou que 30 bancos comerciais de todo o mundo tinham manifestado interesse inicial em participar no financiamento.
As projeções para 2040 indicam que a central atingirá cerca de 88,5% da sua capacidade, o que fornecerá à Polónia eletricidade fiável e estável, enquanto a indústria poderá garantir energia durante muitos anos.
Um investimento no futuro
O projeto é fundamental para reforçar a autossuficiência energética da Polónia e reduzir as emissões de CO2. O vice-ministro da Energia e responsável do governo para Infraestruturas Energéticas Estratégicas, Wojciech Wrochna, afirmou que a construção da central nuclear é um passo que trará benefícios a longo prazo para todo o setor energético.
“É importante que a energia proveniente de uma central nuclear proporcione segurança, estabilidade à rede e que seja energia limpa. Todos estes elementos são tidos em conta na decisão da Comissão”, afirmou numa conferência de imprensa.
“A central elétrica irá operar com uma carga muito elevada e irá fazê-lo a um custo relativamente baixo.”
Uma escolha boa para o ambiente
Como afirmou o professor Mikołaj Oettingen, do Departamento de Energia e Combustíveis da Universidade AGH de Ciência e Tecnologia de Cracóvia, numa entrevista à Euronews, a Polónia já estava a considerar a construção de uma central nuclear há 15 anos.
O processo de implementação foi acelerado recentemente, uma vez que surgiram as condições económicas e políticas adequadas e os decisores reconheceram a necessidade urgente de incluir a energia nuclear no mix energético nacional.
“A energia nuclear é uma fonte de energia com zero emissões de carbono, essencial para o funcionamento estável do sistema elétrico. Não emite dióxido de carbono e a sua implementação permitirá substituir centrais a carvão há muito expiradas, reduzindo assim as emissões de CO2 e apoiando a consecução dos objetivos climáticos”, afirmou Oettingen.
Salientou que as centrais nucleares são os geradores de energia mais eficientes, independentemente das condições meteorológicas. A implementação da energia nuclear na Polónia proporcionará, portanto, uma fonte estável de energia de base que poderá funcionar durante mais 60 a 80 anos.
