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Como o governo Trump já controla e financia a exploração de terras raras no Brasil

by admin

Enquanto coloca na mesa de negociações com o governo brasileiro a exploração das terras raras, a Casa Branca, comandada por Donald Trump usa o sistema financeiros e mineradoras transnacionais para controlar e financiar empresas que já atuam no Brasil na produção desses 17 elementos químicos de difícil extração e refino, essenciais para a transição energética, e que são alvos da mais recente batalha geopolítica dos EUA com a China.

A mais recente manobra do governo Trump foi revelada nesta segunda-feira (15). Reportagem da Folha de S.Paulo diz que a mineradora Serra Verde, primeira mineradora fora da Ásia a produzir em escala comercial os quatro elementos essenciais para a tecnologia moderna e única a operar em terras raras no Brasil, recebeu um aporte de de US$ 465 milhões (R$ 2,5 bi) do Development Finance Corporation (DFC).

O DFC – Corporação de Financiamento para o Desenvolvimento, em tradução livre – é uma espécie de agência de fomento ligada ao governo que serve para financiar empresas transnacionais de interesse dos EUA. Nos últimos anos, o DFC tem sido usado como um banco de desenvolvimento para combater a influência de outras potências (como a China) e promover os interesses dos EUA.

Embora tenha um nome que aparenta ser brasileiro, operando uma em Minaçu, no norte goiano, a Serra Verde é controlada pela gestora americana Denham Capital que, como no caso do Brasil, recebe aportes do governo dos EUA em ações geopolíticas estratégicas.

Além do governo, a gestora tem como investidores principais a Energy and Minerals Group (EUA) e Vision Blue Resources (britânico).

Em abril deste ano, antes de Trump declarar o tarifaço contra o Brasil, o CEO do grupo, Thras Moraitis, se reuniu com Jacob Helberg, subsecretário de Estado dos EUA para Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente do governo Trump, para tratar exatamente das operações no Brasil.

“Foi ótima a reunião com o CEO do Serra Verde Group, Thras Moraitis, para discutir a produção contínua de elementos de terras raras no Brasil e o desenvolvimento sustentável das cadeias globais de fornecimento de elementos de terras raras”, disse o principal diplomata do setor do governo dos EUA em publicação compartilhada pela embaixada brasileira.

Por outro lado, a Serra Verde, que busca um sócio minoritário no país, também foi selecionada para receber recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para “promover investimentos para aumentar a produção, pesquisa e desenvolvimento, assim como a inovação no processamento de minerais estratégicos, como as terras raras”, segundo o site da empresa.

“Estamos entusiasmados com a parceria com o BNDES e a Finep para avançar no refinamento a jusante de terras raras pesadas críticas no Brasil. Desde o início da produção em 2024, a equipe da Serra Verde identificou várias inovações na produção e processamento de terras raras, que pretendemos avançar por meio dessa parceria. Como o único produtor em escala fora da Ásia dos elementos críticos de terras raras pesadas, estamos em uma posição única para aumentar a contribuição do Brasil para o desenvolvimento de cadeias de fornecimento globais seguras, de minerais críticos”, disse Moraitis sobre o financiamento do governo brasileiro.

Aclara

Além da Serra Verde, o Development Finance Corporation também remeteu US$ 5 milhões (R$ 27,05 mi) para a mineradora Aclara, responsável pelo Projeto Carina, ainda em fase de licenciamento ambiental, que visa explorar jazidas de terras raras em Aparecida de Goiânia. 

“O projeto é voltado às terras raras pesadas, com destaque para o Disprósio (Dy) e o Térbio (Tb), ambos essenciais para a fabricação de ímãs permanentes de alto desempenho”, ressaltou Murilo Nagato, diretor geral da Aclara do Brasil, ao G1.

A Aclara é uma empresa listada na TSX (Toronto Stock Exchange) controlada pelo grupo peruano Hochschild, uma empresa transnacional que há décadas explora minérios, especialmente na América Latina.

O grupo é comandado globalmente por Eduardo Hochschild, frequentemente listado em rankings globais de bilionários, com patrimônio avaliado em cerca de US$ 1 bilhão.

Ele é neto do “Barão do Estanho” Mauricio Hochschild, empresário judeu-alemão ligado à burguesia industrial e comercial da Europa Central no fim do século XIX e início do século XX.

Ele emigrou para a América do Sul em meio ao avanço do nazismo e se tornou um dos maiores empresários da mineração de estanho, prata e outros minerais, explorando jazidas na Bolívia e no Peru.

Atualmente, a empresa é uma das maiores exploradoras de ouro e prata no mundo, crescendo com relações estreitas com governos e agentes ligados ao sistema financeiro internacional. No Brasil, os Hochschild agora avança sobre as terras raras.
 

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