Foto: Diego Mello
Cristina Cestari é uma das principais lideranças femininas em tecnologia no setor automotivo da América Latina. Com mais de 36 anos de carreira, ela assumiu em 2022 o cargo de Chief Information Officer (CIO) da Volkswagen para a América do Sul, tornando-se responsável por conduzir a transformação digital de uma das maiores montadoras da região. A executiva integra o comitê executivo da marca e responde diretamente ao CEO e presidente da Volkswagen do Brasil e ao chairman executivo da operação sul-americana.
Graduada em processamento de dados pela Fatec-Santos, com MBA em gerenciamento de processos pela ESPM e formação em governança pelo IBGC, Cristina construiu sua trajetória na interseção entre tecnologia, estratégia e negócios. Atuou por 20 anos no Banco Itaú e, posteriormente, liderou as áreas de TI e operações da Brasil Warrant Investimentos. Sua experiência em ambientes altamente regulados e orientados aos dados a preparou para os desafios de uma indústria em plena transição para a mobilidade conectada, elétrica e digital.
“Ser uma CIO mulher é, sem dúvida, um desafio – mas também uma grande oportunidade”, afirma. Cristina lidera a operação da Volkswagen com foco em eficiência, inovação e experiência do cliente. Sua atuação vai além da tecnologia: ela promove uma mudança cultural em um setor historicamente masculino e hierárquico. “Assumir esta posição vai muito além dos KPIs, é um exercício do diário de liderança, que passa por decisões e pela condução de novos referenciais, sejam eles técnicos ou humanos.”
Entre suas prioridades, estão a introdução de inteligência artificial e automação de forma responsável, a modernização de processos e a preparação da companhia para o futuro da mobilidade. Cristina também defende uma liderança mais empática e inclusiva. “A presença feminina na liderança tecnológica traz uma visão mais holística, conectando dados, pessoas e propósito.”
Sua trajetória é marcada por entregas relevantes e por uma visão clara de que inovação só é possível com diversidade e coragem. “Ser mulher, mãe e executiva em um setor ainda predominantemente masculino nunca foi sobre provar algo aos outros, mas sobre seguir fiel aos meus valores e abrir caminhos para quem vem depois.”
Mãe de trigêmeos, ela foi promovida ao cargo de C-Level durante a gestação. “Conciliar uma carreira de alta responsabilidade com a maternidade múltipla não é simples, mas me ensinou o que nenhuma escola de liderança ensina: a força da empatia, da escuta e da resiliência.”
Hoje, ela lidera a transformação digital da Volkswagen com a convicção de que tecnologia é feita por pessoas e para pessoas. “Tenho o privilégio e a responsabilidade de contribuir com essa mudança, guiando os times e preparando a companhia para o futuro da mobilidade e da conectividade.” (LP)
Acessibilidade
Cristina Cestari, CIO da Volkswagen Brasil, compartilha uma trajetória de 36 anos na tecnologia, destacando que sua base no setor financeiro foi fundamental para sua liderança atual. Ela enfatiza que o setor bancário brasileiro, sendo um benchmark mundial em transformação digital e gestão de risco, ofereceu a escola necessária para enfrentar o desafio de integrar tecnologia e processos em uma indústria tradicionalmente técnica como a automotiva. Um marco pessoal relevante em sua carreira foi sua promoção a um cargo C-level no momento em que descobriu uma gravidez de trigêmeos, o que ela considera um divisor de águas para a inclusão de mulheres em posições de liderança.
No contexto da Volkswagen, Cristina explica que o carro moderno é definido pelo conceito de Software Defined Vehicle (SDV), onde a jornada de inovação deve caminhar obrigatoriamente junto com a de segurança. Ela detalha que o desenvolvimento de novas tecnologias, como a direção autônoma e o infoentretenimento, exige ciclos de testes intensos e plurianuais, pois a segurança é uma condição inegociável para a marca. A IA surge nesse cenário não apenas para a automação, mas para garantir que o veículo conectado seja seguro contra riscos de cibersegurança e distrações ao motorista.
A executiva destaca o lançamento do OTO, um assistente de inteligência artificial desenvolvido como um companion (companheiro) para o motorista. O OTO funciona espelhado no veículo e foi projetado para gerar valor real, integrando-se ao ecossistema do usuário, como mapas e aplicativos de música, além de atuar como um consultor que “varre” o manual do carro para responder dúvidas técnicas em tempo real. O design do avatar, inspirado na icônica Kombi, foi pensado para humanizar a tecnologia e criar uma conexão emocional com a herança da marca.
Para Cristina, o futuro da função do CIO exige uma integração total entre tecnologia e negócio, onde o foco deve ser o que realmente gera valor para clientes, fornecedores e concessionários. Ela defende a “humanização da tecnologia”, acreditando que a IA deve atuar como um braço direito intelectual, liberando os humanos de funções repetitivas para que foquem em criatividade e estratégia. Além disso, ressalta a capacidade criativa do profissional latino, que consegue entregar soluções inovadoras mesmo com orçamentos mais restritos, transformando a tecnologia em uma ferramenta de evolução social.
