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Curso reforça ações de prevenção e controle da hanseníase em São Luís e qualifica profissionais da saúde – Cubo

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Os encontros teóricos acontecem nos dias 04, 05 e 10 no Centro Paulo Freire, na Universidade Federal do Maranhão, os dois primeiros.

Com o objetivo de fortalecer as estratégias de controle da hanseníase no município de São Luís, acontece a qualificação “Diagnóstico e tratamento da hanseníase e o manejo adequado dos contatos domiciliares de casos de hanseníase”, uma iniciativa integrada de educação continuada em saúde. A atividade é promovida pelo PROFSAÚDE/UFMA, PPGENF/UFMA, RENASF/UFMA – Nucleadora São Luís e pela Secretaria Municipal de Saúde (SEMUS). A atividade tem início amanhã no Paulo Freira, na UFNA< e envolve cerca de 200 profissionais de saúde entre agentes comunitários, técnicos em enfermagem, enfermeiros e médicos.

O curso está sendo realizado em duas etapas. Os encontros teóricos acontecem nos dias 04, 05 e 10 no Centro Paulo Freire, na Universidade Federal do Maranhão, os dois primeiros. Já as aulas práticas serão realizadas nos dias 11 e 12 de dezembro, nas UBS Vila Embratel e UBS Divinéia, possibilitando vivências de campo e aplicação dos conteúdos abordados.

As atividades integram as ações de educação continuada em saúde para o controle da hanseníase no município de São Luís/MA. Entre os objetivos dessa ação está a realização de minicursos sobre hanseníase, com vistas à identificação e encaminhamento de casos com sinais e sintomas sugestivos de hanseníase para investigação, fortalecendo assim, o diagnóstico de casos da doença. Aos profissionais de saúde o curso contemplará: capacitações teóricas para as ações de controle da hanseníase, incluindo dignóstico, formas clínicas da doença, tratamento, identificação e manejo de quadros reacionais, avaliação dos contatos de casos de hanseníase e orientações para a realização de teste rápido para hanseníase.

Capacitação estratégica diante dos números da doença

Somente em São Luís, em 2024, 248 novos casos foram notificados, o que representa uma taxa de detecção de 22,8 por 100 mil habitantes, considerada elevada segundo parâmetros do Ministério da Saúde. Além disso, 11,7% dos casos apresentaram grau 2 de incapacidade física no diagnóstico, indicador de detecção tardia da doença.

Para a professora Maria Raimunda Garcia, coordenadora do PROFSAÚDE e do projeto de extensão que integra as ações de prevenção, a qualificação dos profissionais é fundamental diante do cenário municipal. “Em 2024 foram registrados 248 casos novos de hanseníase. Por isso a preocupação em desenvolver este projeto, capacitando agentes comunitários de saúde e profissionais da Atenção Primária, como médicos e enfermeiros. Nosso objetivo é fortalecer ações estratégicas de controle e ampliar a capacidade de diagnóstico precoce em São Luís”, destaca.

A hanseníase é uma doença negligenciada que, apesar de ter cura e tratamento gratuito pelo SUS, ainda enfrenta desafios como o estigma, o diagnóstico tardio e a subnotificação. Desde a pandemia de Covid-19, o país registrou queda de mais de 34% nas notificações entre 2019 e 2021 — um reflexo direto de barreiras no acesso e acompanhamento adequado.

Cenário epidemiológico no Maranhão e no Brasil
O Brasil ocupa o segundo lugar no mundo em número de casos (22.129), ficando atrás apenas da Índia. Em 2024, o Maranhão registrou 1.987 casos novos, sendo 124 em menores de 15 anos, e figura entre os estados com maiores taxas de detecção geral (28,34/100 mil habitantes). Já os dados parciais do SINAN apontam que 2023 foi o ano de maior concentração de notificações, com 3.165 casos.

A desigualdade racial e social também é um fator determinante no acometimento. Populações marginalizadas e vulnerabilizadas são desproporcionalmente atingidas, reforçando a necessidade de políticas públicas sensíveis ao território e ao contexto sociocultural.

A professora Delma Brito, enfermeira e coordenadora do Programa Municipal de Controle da Hanseníase da Vigilância Epidemiológica de São Luís, chama atenção para o crescimento da doença e para a importância da vigilância ativa. “Apesar dos avanços, a hanseníase ainda apresenta tendência de aumento em São Luís. Isso reforça a urgência de fortalecer as equipes, ampliar a busca ativa e reduzir o estigma que impede muitas pessoas de procurar atendimento. A capacitação é uma estratégia fundamental para garantir diagnósticos mais precoces e evitar incapacidades”, afirma.

Importância da formação continuada

O curso enfatiza desde a identificação dos sinais e sintomas até o manejo de contatos domiciliares — etapa crucial para interromper a transmissão da doença. A proposta é qualificar o olhar clínico e epidemiológico dos profissionais, estimulando práticas baseadas em evidências e um cuidado mais humanizado.

Além disso, busca reforçar a compreensão da hanseníase como uma doença historicamente associada ao estigma e à desigualdade. A análise de variáveis como raça e cor aparece como essencial, considerando o contexto brasileiro marcado por desigualdades estruturais que impactam o acesso à saúde.

Tratamento gratuito e rede de cuidado
No SUS, o tratamento e o acompanhamento são realizados prioritariamente nas unidades básicas de saúde. Em São Luís, os serviços de referência incluem o Hospital Dr. Genésio Rêgo e o Hospital Aquiles Lisboa (HAL), que oferecem atendimento especializado.
A hanseníase tem cura, e o tratamento, quando iniciado precocemente, é altamente eficaz. Quanto mais cedo o diagnóstico, menor o risco de sequelas e maior a chance de interromper a cadeia de transmissão.

A realização do curso reforça o compromisso das instituições envolvidas com o enfrentamento da hanseníase e com a qualificação contínua das equipes de saúde. Ao fortalecer a Atenção Primária, São Luís avança na construção de uma rede mais vigilante, acolhedora e preparada para atuar na prevenção, diagnóstico e tratamento da doença.

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