A nova pesquisa Datafolha, feita entre 2 e 4 de dezembro com 2.002 entrevistados em 113 municípios, mostra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue líder isolado na disputa presidencial de 2026 e preserva um núcleo sólido de apoio, mesmo em um ambiente de forte polarização e alta rejeição dos principais nomes da política nacional.
Lula na frente no 1º e no 2º turno
Nos cenários de primeiro turno testados pelo Datafolha, Lula aparece à frente em todas as simulações. Em um quadro considerado dos mais prováveis, em que enfrenta o senador Flávio Bolsonaro, o presidente marca 41% das intenções de voto. Flávio soma 18%, o governador Ratinho Júnior chega a 12%, Ronaldo Caiado tem 7% e Romeu Zema, 6%.
Quando o adversário é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, Lula mantém o mesmo patamar de 41%. Tarcísio sobe para 23%, Ratinho Júnior aparece com 11%, Caiado com 6% e Zema com 3%.
No segundo turno, a vantagem do presidente se confirma. Contra Flávio Bolsonaro, Lula venceria por 51% a 36%, uma diferença de 15 pontos percentuais. Em cenário com Tarcísio de Freitas, o petista tem 47%, contra 42% do governador paulista. Diante de Ratinho Júnior, Lula também leva vantagem, por 47% a 41%.
O Datafolha testou ainda outros nomes ligados ao bolsonarismo. Contra o deputado Eduardo Bolsonaro, Lula aparece com 52%, ante 35% do adversário. Em eventual disputa com Michelle Bolsonaro, o presidente marca 50%, enquanto a ex-primeira-dama soma 39%.
Rejeição alta, mas maior que a dos rivais da direita
Ao mesmo tempo em que lidera a corrida, Lula convive com um índice elevado de rejeição. Segundo o Datafolha, 44% dos eleitores dizem que não votariam no petista de jeito nenhum. Jair Bolsonaro, hoje preso e inelegível após condenação por tentativa de golpe de Estado, aparece com 45% de rejeição, em situação praticamente empatada com a de Lula dentro da margem de erro de dois pontos.
Entre os nomes da família Bolsonaro que circulam como possíveis herdeiros políticos, os índices também são altos. Flávio Bolsonaro tem rejeição de 38%, Eduardo Bolsonaro registra 37% e Michelle Bolsonaro, 35%.
Já os governadores de direita citados como alternativas ao bolsonarismo aparecem com rejeição bem menor. Ronaldo Caiado tem 18%, Tarcísio de Freitas registra 20%, Ratinho Júnior e Romeu Zema marcam 21%.
Os números indicam que a família Bolsonaro herda não só o voto fiel, mas também o desgaste acumulado pelo ex-presidente. Nesse cenário, Lula se beneficia da divisão da direita e da dificuldade de construção de um nome único capaz de disputar o centro do eleitorado.
Aprovação de Lula se mantém estável
Além dos cenários eleitorais, o levantamento Datafolha também mediu a avaliação do governo e do próprio presidente. Na avaliação pessoal, 49% dos entrevistados dizem aprovar Lula, enquanto 48% o reprovam. É um quadro estável em relação a setembro, com leve avanço na aprovação.
Quando a pergunta é sobre o governo, 32% consideram a gestão ótima ou boa, 30% avaliam como regular e 37% veem o governo como ruim ou péssimo. Os índices mostram um país dividido, mas com um terço do eleitorado avaliando positivamente a administração e outro terço reconhecendo pelo menos um desempenho regular.
Na prática, isso significa que Lula governa com uma base social relevante e ainda encontra espaço para crescer, caso consiga reduzir a rejeição em segmentos específicos e transformar indicadores econômicos em percepção concreta de melhora de vida no dia a dia.
Economia, emprego e combate à pobreza fortalecem o governo
Os dados de desempenho do país ajudam a explicar por que Lula mantém liderança nas pesquisas mesmo sob fogo cruzado da oposição. Em 2024, o Brasil registrou uma das menores taxas de desemprego dos últimos anos, em torno de 6% a 6,6%, e criou milhões de empregos com carteira assinada desde o início do atual mandato.
O Produto Interno Bruto cresceu cerca de 3,4% em 2024 em relação a 2023, com alta do consumo das famílias e recorde de PIB per capita, impulsionado pela combinação de mercado de trabalho aquecido e programas de transferência de renda.
No campo social, estudos apontam queda consistente da pobreza e da extrema pobreza. Entre 2022 e 2023, a proporção de pessoas em extrema pobreza caiu para 4,4%, o menor nível desde 2012, enquanto a taxa de pobreza recuou para cerca de 27%. A redução foi suficiente para tirar o Brasil do Mapa da Fome da ONU, segundo balanços oficiais e de entidades ligadas ao governo.
Agenda ambiental e imagem internacional
Outro ponto explorado pelo Planalto é a agenda ambiental. Dados oficiais mostram queda acumulada de cerca de 50% no desmatamento da Amazônia em comparação com 2022, além de redução superior a 11% tanto na Amazônia como no Cerrado em 2025. Em unidades de conservação federais, o país registrou alguns dos menores índices de devastação desde o início das medições.
Esses resultados reforçaram a imagem do governo Lula em fóruns internacionais e ajudaram o Brasil a recuperar protagonismo em temas climáticos, o que se converte em capital político interno e externo, sobretudo junto a setores urbanos e jovens preocupados com a pauta ambiental.
Cenário de 2026 segue em aberto, mas Lula larga na frente
A leitura conjunta dos números da pesquisa Datafolha é clara: Lula entra na disputa de 2026 como favorito natural, com liderança consolidada em cenários de primeiro e segundo turno, enquanto a direita ainda busca um nome capaz de unificar o campo conservador sem carregar integralmente o peso da rejeição do bolsonarismo.
Ao mesmo tempo, a alta rejeição do presidente e a divisão do país em blocos bem definidos mostram que o jogo está longe de decidido. O desempenho da economia, a manutenção dos índices sociais e a capacidade de diálogo com o Congresso e com a sociedade serão decisivos para saber se a vantagem que hoje aparece nas pesquisas se confirmará nas urnas em 2026.
