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De volta a ‘Landman’, Ali Larter lembra começo como modelo e atritos com colegas nos bastidores

by admin
De volta a ‘Landman’, Ali Larter lembra começo como modelo e atritos com colegas nos bastidores

“Existem muitas mulheres dentro de mim”, disse a atriz Ali Larter, entre goles de água com gás. Há quase 30 anos, Larter, de 49 anos, vem dando vida a essas mulheres. Modelo na adolescência, ela estreou no cinema em 1999 no filme esportivo sobre o ensino médio “Marcação cerrada”. (Lembra da líder de torcida de biquíni de chantilly? Era ela.) Dois anos depois, interpretou uma instrutora de ginástica que preferia cumprir pena por assassinato a admitir ter feito lipoaspiração em “Legalmente Loira” e, em seguida, uma stripper com superforça na série “Heroes”, da NBC. No suspense de 2009, “Obsessiva”, ela interpretou uma perseguidora sedutora que chegou a estrangular Beyoncé.

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Essas mulheres compartilham semelhanças. São invariavelmente bonitas e muitas vezes percebem no corpo seu maior recurso e o efeito hipnotizante que têm sobre os homens. Essas mulheres às vezes são chamadas de “bimbos”, mas Larter, compreensivelmente, não gosta desse termo.

“Mulheres que não são tão inteligentes ou não têm muita educação ou não entendem ironia — existem diferentes maneiras de abordar isso”, disse ela. “Mas essa palavra soa superficial.”

Larter não é superficial. Ela nem sempre teve a oportunidade de escolher seus papéis (como ela mesma disse: “Tenho muito orgulho da minha vida e de alguns dos meus trabalhos”), mas construiu uma carreira dando voz e profundidade a personagens que poderiam parecer limitados no papel, resgatando-os do clichê.

‘Ela busca a emoção’

Sua mais recente missão de resgate é Angela, o papel de “bimbo” que ela interpreta em “Landman”, o drama ambientado no oeste do Texas sobre homens rudes do ramo do petróleo e as mulheres que os incomodam. A segunda temporada da série, criada por Taylor Sheridan e Christian Wallace, estreia no Paramount+ em 16 de novembro.

Angela, a ex e possivelmente futura esposa de Tommy, o personagem de Billy Bob Thornton, é vista pela primeira vez em uma videochamada, exibindo-se com uma blusa transparente. (“Um dos grandes prazeres da vida é mostrar a você o que está perdendo”, ela provoca Tommy.) Angela logo chega pessoalmente para frustrar Tommy e cuidar, de forma intermitente, dos filhos do casal, Ainsley (Michelle Randolph), de 17 anos, e seu irmão mais velho, Cooper (Jacob Lofland), que está na faculdade e é propenso a acidentes. Embora Angela pareça ter sido criada para irritar qualquer pessoa que já tenha usado uma camiseta com a frase “O futuro é feminino”, Larter a adora. “Ela busca a emoção na vida”, disse ela. “Seus saltos nunca são altos o suficiente; as calças jeans nunca são apertadas o suficiente; os seios nunca são empinados o suficiente.”

No entanto, nas mãos habilidosas de Larter, Angela é mais do que um mero objeto de desejo masculino. Ela é engraçada, selvagem, ferida, um “tornado emocional”, nas palavras de Larter, capaz de arrasar uma cidade do Texas.

“Nunca me importei em interpretar uma personagem considerada sexy”, disse Larter. “Mas para mim, o mais importante é que você sempre veja a sua força.”

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Encontrei Larter em uma manhã de outubro digna de uma foto para o Instagram. Atualmente, ela mora com o marido, o ator Hayes MacArthur, e seus dois filhos em Sun Valley, Idaho. Mas ela cresceu na Costa Leste e passou muito tempo lá no início dos seus 20 anos. Quando teve a oportunidade de vir a Nova York por alguns dias de outono, aproveitou.

Ela pediu para nos encontrarmos no Sartiano’s, um restaurante no Hotel Mercer, porque conhece o proprietário, o empresário da vida noturna Scott Sartiano, há décadas. Em “Landman”, Angela é uma cozinheira entusiasmada, preparando paella, da qual Tommy reclama, e um molho à bolonhesa elaborado, que seu colega de quarto, o petroleiro, insiste em chamar de espaguete. Larter, que publicou o livro de receitas “Kitchen Revelry” em 2013, também entende de culinária.

Larter cresceu em Cherry Hill, Nova Jersey, e descreve sua infância como idílica — festas de véspera de Natal, passeios de bicicleta até a piscina local. Aos 12 anos, foi descoberta para um comercial e logo começou a trabalhar como modelo, primeiro em catálogos e depois internacionalmente.

Ela sabia que não tinha potencial para ser uma supermodelo. “Eu sempre fui boa o suficiente para me virar”, disse ela, depois que o peixe foi servido e nos sentamos em uma mesa tranquila. Mas a atuação a interessava. Ela foi aceita na Universidade de Nova York, mas em vez disso viajou bastante — “Sempre tive espírito aventureiro”, disse ela — e depois se mudou para Los Angeles aos 19 anos, ansiosa para começar a carreira.

Em 1996, ela apareceu na capa da revista Esquire como parte de uma matéria falsa que a apresentava como a nova “it girl” de Hollywood. O perfil era fictício, mas atraiu o interesse de agentes e empresários de verdade. Alguns papéis na televisão se seguiram, depois veio “Marcação cerrada”. Sua personagem era uma garota ambiciosa que via o sexo com o quarterback como sua chance de sair da cidade, mas Larter a defende com a mesma veemência com que defende todos os seus personagens. “Era a única forma que ela via de mudar sua vida”, disse ela.

Larter era naturalmente loira e naturalmente bonita, mas compensava isso com uma força de caráter adquirida a duras penas na adolescência.

“Chegar a Nova York aos 13 anos e ter que participar dessas audições e lidar com homens mal-intencionados”, lembrou ela. “Morar sozinha no Japão aos 17 anos por três meses, e depois na Itália. Você fica vulnerável, e as pessoas se aproveitam disso, então você precisa se proteger dessas situações.”

Essa combinação de beleza e determinação atraiu Hollywood.

“Para mim, Ali Larter representa força e garra”, disse Robert Luketic, que a dirigiu em “Legalmente Loira”. “Ela luta com unhas e dentes pelo que acredita.”

Larter disse que recebeu muitas ofertas de filmes de grandes estúdios, mas achava o trabalho insatisfatório. Depois de fazer a sequência de terror “Premonição 2”, uma obrigação contratual, ela se mudou para Nova York para estudar atuação e tentar entrar no cinema independente. Ela gostou desses anos, mas a grande oportunidade nunca veio, e pouco antes de completar 30 anos, ela estava de volta a Los Angeles fazendo “Heroes”.

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Na época, havia rumores de que ela era uma presença problemática no set, e anos depois, seu colega de elenco, Leonard Roberts, escreveu um ensaio descrevendo o atrito com a atriz. Essa não é a versão de Larter.

“É meio desolador que as pessoas com quem trabalhei se sentissem assim”, disse ela. “Não é assim que eu me sinto.” (Nem Roberts nem Tim Kring, o criador da série, puderam ser contatados para comentar.)

“Heroes” impulsionou a carreira de estrelas como Hayden Panettiere e Zachary Quinto, mas Larter seguiu um caminho diferente. No final da série, ela se casou com MacArthur e deu à luz um filho em 2010 e uma filha em 2015. O trabalho era esporádico e ela preferia ficar em casa com as crianças. Em 2020, quando os lockdowns da pandemia começaram, o casal levou os filhos para Sun Valley para uma pausa e decidiu ficar por lá, mesmo que isso significasse se afastar da indústria.

“Los Angeles exala desespero”, disse ela. “As pessoas estão constantemente competindo umas com as outras.”

Ainda assim, quando surgiu a oportunidade de fazer um teste para “Landman”, ela aceitou, viajando para Fort Worth, no Texas, para a audição. Ela conseguiu o papel e as filmagens começaram em 2024. As filmagens foram árduas. “Não havia ninguém para me dar apoio”, disse Larter. Mas ela se aproximou de seus colegas de elenco, especialmente de Randolph, que interpreta sua filha.

“Ela é tão autêntica”, disse Randolph, entusiasmada. “Ali é destemida, ousada e confiante, e ela transmite essa energia para Angela.”

Larter sentiu verdadeira alegria ao interpretar uma mulher que poderia ser facilmente descartada como histérica e leviana. Certamente, os homens ao seu redor dizem isso. (Referências à ideia de que o ciclo menstrual deixa as mulheres loucas aparecem em vários episódios, incluindo na estreia da segunda temporada.)

Mas uma preparadora de atores disse a Larter para sempre começar com a dor da personagem, então é isso que ela faz, mesmo quando Angela está tirando a roupa para usar um biquíni no clube ou ficando bêbada com a filha menor de idade.

“É uma personagem que muitas pessoas talvez precisem se esforçar para interpretar”, disse Thornton. “Quando ela aparece, está pronta para arrasar.”

Nem toda essa emoção está no roteiro, embora Larter tenha elogiado muito a escrita de Sheridan. Mas ela aprendeu anos atrás como dar profundidade a personagens que poderiam parecer unidimensionais.

“Ao longo da minha carreira, as mulheres são sempre tremendamente mal desenvolvidas nos roteiros”, disse ela. “É o trabalho do ator preencher todos esses momentos com humanidade, vida, alegria, dor e riso.”

Larter consegue isso. Mas eu li várias entrevistas em que ela também descreveu Angela como uma mulher empoderada, o que parecia ambicioso para uma personagem que diz à filha: “Meu único trabalho é fazer meu marido feliz”. Isso era realmente empoderamento?

Larter sentiu que sim. “Porque acho que ela tem confiança em quem ela é”, disse. Quando sugeri que essa era uma definição limitada de empoderamento, especialmente por estar alinhada aos desejos dos homens, ela suavizou um pouco, admitindo que talvez esse fosse o máximo de empoderamento que alguém com a origem e as oportunidades de Angela (a série é vaga sobre ambos) pudesse ter.

“É algo que eu quero que minha filha imite?”, perguntou retoricamente. “Absolutamente não. Isso às vezes é puro entretenimento? Sim, é.”

Talvez isso seja suficiente por enquanto. Larter espera por mais algumas temporadas de Angela e por interpretar mais mulheres como ela e talvez um pouco como a própria Larter também — as bonitas, as fortes, as que sentem dor e riem mesmo assim. Ela luta por elas; ela as ajuda a lutar por si mesmas.

“Eu as amo”, disse ela. “Eu amo essas mulheres corajosas.”

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