MÁRIO ANDREAZZA
REDAÇÃO G5
Em entrevista recente, o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) comentou sobre o cenário eleitoral de 2026 e fez um apelo direto ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo o parlamentar, apesar de o nome do ex-ministro da Infraestrutura ser o mais “ventilado e viável” na direita, ele não deveria disputar a Presidência da República neste próximo pleito.
“Eu não sou um coordenador da campanha de Caiado, eu sou um ajudador de Caiado. Eu acredito que ele seria um grande presidente da República, uma grande opção para a nossa direita, mas entendo que, realmente, o nome do Tarcísio hoje é o mais ventilado e seria o mais viável. Apesar disso, se eu pudesse aconselhá-lo, diria para ele não vir candidato à Presidência da República”, afirmou Otoni de Paula.
O deputado, que tem atuado na aproximação do governador de Goiás Ronaldo Caiado (União Brasil) com o eleitorado evangélico, disse acreditar que Caiado reúne condições para unir a direita e construir uma alternativa consistente ao chamado bolsonarismo.
“Eu acredito que ele seria um grande presidente da república”, reforçou.
“Precisamos de São Paulo”
Ao justificar sua posição contrária à candidatura de Tarcísio em 2026, Otoni de Paula sustentou que a permanência da direita no governo de São Paulo é estratégica para o futuro político do campo conservador.
“Primeiro porque nós precisamos de São Paulo. Se a gente perder São Paulo, a gente perde a força da direita para uma possível sucessão em 2030”, argumentou o parlamentar. Ele acrescentou ainda que a divisão interna da direita — entre um grupo mais alinhado a Jair Bolsonaro e outro mais independente — comprometeria a força eleitoral de Tarcísio.
“Com a direita dividida, fracionada entre direita e bolsonarismo, você não tem como dar tração à candidatura do Tarcísio para vencer o Lula”, disse o deputado.
Crítica à falta de autocrítica na direita
Otoni também fez questão de abordar o peso político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e afirmou que subestimar sua força seria um erro. O parlamentar lembrou que Lula, mesmo preso, conseguiu transferir uma votação expressiva a Fernando Haddad em 2018 — e, posteriormente, quase venceu Bolsonaro no primeiro turno das eleições de 2022.
“Lula tava preso, consegue transferir de dentro da prisão para o Haddad, que, com muito respeito, era o poste da política naquele momento, e transfere 47% dos votos úteis para ele. Ele preso, sendo chamado de ladrão. Sai da prisão e quase vence o mito Bolsonaro no primeiro turno. Faltaram dois milhões de votos para Lula vencer Bolsonaro”, afirmou.
Otoni de Paula também ironizou as denúncias de fraude eleitoral, tema recorrente entre apoiadores mais radicais do bolsonarismo.
“Se tem fraude, nós somos incompetentes, porque ficamos quatro anos dizendo que tinha fraude e não provamos”, disse.
Para o deputado, esse cenário reforça a necessidade de uma estratégia madura e unificada na direita, sem se prender apenas a nomes ou símbolos do passado. “O maior líder que a direita brasileira já teve é Bolsonaro, e ainda é. Mas o momento exige mais união e realismo político do que mistificação”, concluiu.
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