Por Maria Teresa Cruz – Brasil de Fato
Os deputados do PSOL Glauber Braga, Sâmia Bomfim e Célia Xakriabá registraram na noite desta terça-feira (9) um boletim de ocorrência na 5ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal. Os deputados Rogério Correia (PT-MG) e Dorinaldo Malafaia (PDT-AP) também acompanharam os colegas.
Mais cedo, Glauber Braga foi retirado à força das dependências da Câmara Federal e agredido pela Polícia Legislativa, acionada pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).
A violência foi precedida de um protesto realizado por Braga, que ocupou a Mesa Diretora em manifestação contrária à votação de sua cassação e do PL da dosimetria, uma versão mais light do projeto de anistia que tem por objetivo atenuar as penas contra Jair Bolsonaro e os outros condenados pela trama golpista.
Enquanto Braga era retirado e arrastado pelo Salão Verde da Câmara, um tumulto generalizado se formou e as deputadas Célia Xakriabá, Sâmia Bomfim e alguns jornalistas também acabaram agredidos. Braga e Xakriabá receberam atendimento médico imediato.
Na saída do ambulatório, Braga criticou a atitude de Motta e fez uma comparação com a postura do presidente diante da invasão da Mesa Diretora por parlamentares bolsonaristas em agosto deste ano. “Com aqueles que sequestraram a Mesa Diretora da Câmara, [Hugo Motta] ficou mais de 48 horas usando todo o tipo de ação diplomática. Dessa vez, em poucas horas, ele ordenou o corte das imagens [da sessão transmitida pela TV Câmara], esvaziaram o plenário, bateram na deputada Sâmia e Célia por parte da Polícia Legislativa. As ações do presidente da Câmara falam por si”, afirmou.
A assessoria de Xakriabá enviou uma nota confirmando a informação da realização do registro de ocorrência junto de outros parlamentares colegas de partido. “O gabinete da deputada Célia repudia, de forma veemente, o uso desproporcional de força dentro da Casa do Povo e exige que a Mesa Diretora e a Polícia Legislativa adotem providências urgentes para investigar responsabilidades e assegurar que episódios como este não se repitam”, diz trecho da nota.

“Também manifestamos solidariedade à imprensa, que foi retirada à força do plenário e impedida de registrar e cobrir os acontecimentos. A restrição ao trabalho jornalístico em um espaço público e institucional é uma violação grave da transparência e do direito à informação, pilares fundamentais da democracia. Reafirmamos nosso compromisso com a defesa do Estado Democrático de Direito, do exercício livre, do mandato parlamentar e da liberdade de imprensa”, conclui.
Enquanto isso, no plenário da Câmara, o deputado Chico Alencar teceu críticas ao presidente da Casa, Hugo Motta, e à ação da Polícia Legislativa. “A sessão estava sendo conduzida normalmente, quando começou a haver uma movimentação estranha. Primeiro, a retirada do plenário de pessoas que não eram deputados. Depois, começaram a retirar os jornalistas. Isso me lembrou o tempo da ditadura. Aqui ninguém foi preso, mas nós tivemos o nosso direito de parlamentar agredido”, pontuou.
A colega de partido Talíria Petrone também criticou a postura de Motta e afirmou que ele “atacou de morte a democracia”. “O senhor tirou a imprensa desse plenário. O senhor também fez algo que não era feito desde a redemocratização que é desligar a TV Câmara. O senhor escolheu uma agenda, a agenda da anistia, da blindagem, dos golpistas”, afirmou.
Em discurso na noite desta terça-feira (9), Motta respondeu às críticas. “Deputado pode muito, mas não pode tudo. Na democracia ele pode tudo dentro da lei e dentro do regimento, fora disso não é liberdade, é abuso”, declarou.
