Home » Em ano eleitoral, Planalto reduz ambições no Congresso e foca em duas pautas – Meio

Em ano eleitoral, Planalto reduz ambições no Congresso e foca em duas pautas – Meio

by admin

Receba as notícias mais importantes no seu e-mail

Assine agora. É grátis.

“Ano que vem não é ano de inventar muita moda no Congresso. Não temos a ilusão de aprovar projetos de todo o tipo, apenas os extremamente necessários.” A frase saiu da boca do deputado Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara, durante um café da manhã com jornalistas nesta terça-feira. O fim da escala 6×1 e a tarifa zero no transporte público são a menina dos olhos do governo no ano de disputa presidencial. É nessas duas frentes que devem se concentrar a energia e o capital político do Planalto no Legislativo em 2026. Trata-se de uma aposta calculada em um Congresso que, como de praxe em ano eleitoral, anda em marcha lenta. Deputados medem cada passo, evitam votações espinhosas e fogem do risco de se queimar diante do eleitorado. Nesse ambiente de cautela, a relação deteriorada do governo com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), funciona como mais um freio às ambições legislativas do Planalto. “Está ruim, a relação está ruim”, confirma.

O petista aproveitou o encontro para fazer um balanço do ano legislativo, que se encerra na próxima segunda-feira, 22. O governo, reconhece, sai desse período machucado por derrotas expressivas na Câmara. Em junho, viu naufragar a proposta de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), rejeitada por 383 votos, contra apenas 98 favoráveis. Também assistiu ao esvaziamento do chamado PL Antifacção, desfigurado no relatório do deputado Guilherme Derrite (PL) — projeto que, segundo Lindbergh, já teve acordada sua análise pelo Senado apenas no próximo ano. A lista de reveses inclui ainda a surpresa causada pela decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta, de pautar, sem aviso, o PL da dosimetria.

Com o placar por vezes adverso no plenário, Lindbergh desloca a disputa para fora do Congresso. A esquerda conseguiu liderar o debate público, ocupar as ruas e construir uma base eleitoral “animada” e “disposta” para o próximo ano, segundo ele. Para a reeleição de Lula, afirma, a estratégia será insistir na divulgação das conquistas do governo: a menor taxa de desemprego da série histórica, a ampliação da isenção do imposto de renda, o programa Gás do Povo, entre outros.

É nesse contexto que observa, com certo sarcasmo, o tabuleiro da oposição. Entre o senador Flávio Bolsonaro (PL) e o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos), revela torcer “pela briga”. Não considera a candidatura de Flávio uma bravata; ao contrário: “quanto mais eles se enrolam, melhor”, dispara. “Uma coisa me deixa muito tranquilo: a falta de nível. Lula está com 80 anos e a cabeça a mil. É um estrategista, e eu fico olhando quem tá do outro lado… é muita confusão… eles fazem muita trapalhada.” Em tom nostálgico, lembra “uma época boa”, quando o PT enfrentava adversários tucanos — “gente que tinha estofo”.

Embora aposte em uma vantagem confortável para Lula no âmbito presidencial, Lindbergh pondera que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), é peça indispensável no tabuleiro eleitoral. Em conversas com amigos, Haddad tem resistido a lançar qualquer candidatura em 2026. Ainda assim, o líder petista na Câmara é taxativo: “Não podemos nos dar ao luxo de não ter Haddad disputando o processo eleitoral. O presidente Lula, com certeza, deve ter um plano na cabeça dele para o Haddad. A eleição de São Paulo é muito importante, vamos ter que disputar com um nome forte.”

Créditos

You may also like