O empréstimo pessoal chegou ao maior patamar de juros desde o início da série histórica do Procon-SP, em 1997. Levantamento divulgado pela fundação mostra que a taxa média anualizada alcançou 8,13 pontos percentuais, refletindo um cenário de crédito mais caro ao consumidor em 2025.
Em dezembro, considerando contratos de 12 parcelas, o empréstimo pessoal registrou taxa média de 8,35 pontos percentuais ao mês. O número representa aumento de 4,11% em relação a janeiro, quando a média era de 8,02 pontos percentuais mensais.
Segundo especialistas do Procon-SP, o movimento está ligado a mudanças regulatórias e ao ambiente macroeconômico. A limitação dos juros do cheque especial, imposta pelo Banco Central em novembro de 2019, deslocou parte do custo do crédito para outras modalidades. Além disso, a elevação da Selic ao longo do último ano pressionou as taxas praticadas pelas instituições financeiras.
Diferença entre bancos supera 50%
O levantamento aponta disparidades relevantes entre os bancos no empréstimo pessoal. A taxa média mensal cobrada pelo Banco do Brasil ficou em 6,58 pontos percentuais, enquanto no Santander chegou a 9,99 pontos percentuais.
A diferença supera 51,8%, evidenciando a importância da comparação antes da contratação. De acordo com o Procon-SP, essa variação foi recorrente ao longo de 2025 e reforça o impacto do spread bancário no custo final do crédito.
Cheque especial permanece no teto
No cheque especial, a taxa média mensal em 2025 foi de 7,97 pontos percentuais, praticamente estável em relação a 2024, quando ficou em 7,96 pontos percentuais.
Todas as instituições financeiras encerraram o ano aplicando o teto máximo permitido pelo Banco Central, de 8 pontos percentuais ao mês para pessoas físicas. Bradesco, Caixa, Itaú, Safra e Santander mantiveram essa taxa durante todo o ano. O Banco do Brasil passou a praticá-la apenas no último trimestre.
Política monetária pressiona o empréstimo pessoal
O Procon-SP relaciona o comportamento do empréstimo pessoal à política monetária adotada em 2025. Ao longo do ano, o Copom elevou a taxa Selic de 12,25% para 15%.
Entre os fatores considerados pelo Banco Central estiveram expectativas de inflação acima da meta, desvalorização cambial, mercado de trabalho aquecido, riscos externos e a necessidade de ajustes fiscais.
Além da Selic, outros componentes influenciam diretamente as taxas cobradas do consumidor. Custos operacionais, carga tributária, inadimplência e margem de lucro compõem o spread bancário, que segue elevado no país e impacta o custo do empréstimo pessoal.
