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entenda o que é fenômeno da ‘microexplosão atmosférica’, e o que diz a defesa civil

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entenda o que é fenômeno da 'microexplosão atmosférica', e o que diz a defesa civil

A Defesa Civil do Estado de São Paulo emitiu um alerta para a chegada de um ciclone extratropical que pode provocar tempestades severas e ventos de até 115 km/h a partir da madrugada deste sábado (8). A intensidade dessas rajadas pode ser superior à registrada em 22 de setembro, quando ventos de 90 km/h foram suficientes para causar a destruição quase total da fábrica da Toyota, em Porto Feliz (SP).

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A formação do sistema na costa da Região Sudeste vai intensificar áreas de instabilidade, misturando calor pré-frontal e o avanço de uma frente fria. Essa combinação é classificada como propícia para chuvas intensas, potencial queda de granizo, raios frequentes e rajadas de vento extremas, incluindo a não descartada ocorrência de microexplosões pontuais.

O que é a ‘microexplosão atmosférica’?

A microexplosão é um fenômeno meteorológico caracterizado por uma forte e intensa corrente de ar descendente que se origina no interior de uma nuvem de tempestade e se choca violentamente contra a superfície da Terra, espalhando-se horizontalmente em todas as direções.

Este evento é o responsável pelos ventos de alta intensidade que causam estragos severos, muitas vezes confundidos até com tornados. Ao atingir o solo, essa “coluna de ar” se dissipa rapidamente, gerando ventos horizontais muito fortes, que podem ultrapassar os 100 km/h e se estender por uma área de até 4 km de diâmetro.

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Os ventos resultantes de uma microexplosão são particularmente perigosos porque agem de forma diferente de um tornado. Enquanto o tornado levanta e torce objetos, a microexplosão age como um sopro horizontal violento, derrubando objetos e estruturas na mesma direção, ou de forma radial (para fora) a partir do ponto central do impacto.

É esse vento de alta energia, concentrado e descendente, que tem o potencial de causar danos localizados graves, como o destelhamento de edifícios — como o registrado no temporal que afetou a fábrica da Toyota, em Porto Feliz — a quebra de galhos e o tombamento de árvores de grande porte.

Nesse cenário, além dos ventos, as chuvas previstas também são classificadas como fortes e rápidas. O panorama de acumulados pode provocar alagamentos pontuais, enxurradas rápidas e ocorrências relacionadas à instabilidade de encostas, especialmente em áreas de risco mapeadas.

Muito Alto Acumulado: Presidente Prudente e Marília.

Alto Acumulado: Araçatuba, São José do Rio Preto, Barretos, Franca, Ribeirão Preto, Bauru e Araraquara.

Médio Acumulado: Região Metropolitana da Capital, Vale do Ribeira, Itapeva, Vale do Paraíba, Serra da Mantiqueira, Baixada Santista e Litoral Norte.

“Rajadas acima de 70 km/h já são suficientes para provocar quedas de árvores, destelhamentos e interrupções de energia. Com velocidades acima de 100 km/h, o risco de danos pontuais aumenta de forma significativa, exigindo atenção redobrada dos municípios e da população”, afirmou a Defesa Civil, em nota.

O meteorologista César Soares, da Climatempo, afirmou ao GLOBO que a tempestade evolui a partir de hoje, quando está previsto o deslocamento de um sistema de baixa pressão do Paraguai em direção à costa de Santa Catarina e litoral sul de São Paulo. Durante o avanço da tempestade, também são esperados temporais no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

— Ao chegar na região costeira, na madrugada de sábado, o sistema ganha força e passa a ser classificado como ciclone extratropical, aquele que tem frente fria associada. A formação de fortes linhas de instabilidade pode provocar tempestades já na madrugada de sábado. Em várias áreas do estado de SP, há condições para ventos intensos, e isso pode provocar problemas como o que já registramos neste ano, exemplo da fábrica da Toyota — explicou o meteorologista.

Queda de árvores na Avenida Nove de Julho, à esquerda, e no entorno da prefeitura de São Paulo, à direita: estragos do temporal de setembro — Foto: Reprodução
Queda de árvores na Avenida Nove de Julho, à esquerda, e no entorno da prefeitura de São Paulo, à direita: estragos do temporal de setembro — Foto: Reprodução

Meteorologistas da Defesa Civil alertam que rajadas acima de 70 km/h já são capazes de provocar destelhamentos e quedas de árvores. Na tempestade de setembro, as rajadas de ventos chegaram a 98,2 km/h no Campo de Marte. Segundo Soares, a condição de ventos intensos permanece ao longo de todo o sábado, também com previsão de chuva intensa que pode provocar alagamentos.

— Somente no domingo que o sistema se afasta para alto mar e a tendência é de enfraquecimento. Até lá, não estamos descartando, de acordo com as condições do tempo que estamos prevendo, risco para microexplosões — disse Soares.

As velocidades máximas esperadas por região, de acordo com a previsão, são:

  • 115 km/h: Litoral Norte (velocidade máxima esperada).
  • 110 km/h: Baixada Santista, Vale do Ribeira e Região de Itapeva.
  • 100 km/h: Região Metropolitana de São Paulo, Campinas, Sorocaba, Vale do Paraíba e Serra da Mantiqueira.
  • 95 km/h: Regiões de Presidente Prudente, Marília, Araçatuba, São José do Rio Preto, Barretos, Franca, Ribeirão Preto, Bauru e Araraquara.

Gabinete de crise integrado

O Gabinete de Crise da Defesa Civil de São Paulo estará mobilizado neste sábado (8), considerado o dia de maior potencial para o tempo severo no estado. Segundo o órgão, o principal ponto de atenção será a força dos ventos, que, acima de 100 km/h, aumentam drasticamente o risco de danos estruturais, interrupções no fornecimento de energia e quedas de árvores.

Para garantir a pronta resposta, o Gabinete de Crise reunirá o Corpo de Bombeiros, concessionárias de energia e gás, e outras instituições no Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE).

Além disso, as Defesas Civis de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro atuarão de forma integrada, compartilhando informações em tempo real sobre o deslocamento do ciclone.

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