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EUA e Rússia se preparam para encontro em Abu Dhabi após nova onda de ataques e mortes na guerra da Ucrânia, diz jornal

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Os Estados Unidos e a Rússia se reúnem ainda nesta terça-feira, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, para discutir possíveis caminhos para um acordo de paz na guerra da Ucrânia, num momento em que o conflito volta a registrar escalada de violência. Segundo um funcionário norte-americano ouvido pela rede BBC, representantes dos dois países participarão do encontro com o objetivo de debater negociações.

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A ofensiva militar, contudo, não deu sinais de trégua. Durante a madrugada, a capital ucraniana, Kiev, foi alvo de novos ataques russos. De acordo com o prefeito, seis pessoas morreram.

Do lado russo, autoridades afirmaram que regiões fronteiriças também foram atingidas por bombardeios ucranianos. Nas áreas de Krasnodar e Rostov, três pessoas morreram após os ataques.

A reunião em Abu Dhabi ocorre após dias de tratativas em torno de um plano de paz apoiado pelos Estados Unidos. A proposta enfrentou resistência inicial tanto do governo ucraniano quanto de líderes europeus. Kiev chegou a criticar pontos centrais do documento. No entanto, depois de negociações, o presidente Volodymyr Zelensky afirmou que o texto passou a incluir “muitos dos elementos corretos”, sinalizando maior abertura da Ucrânia à iniciativa.

As conversas diplomáticas devem continuar nos próximos dias. Segundo a rede BBC, o primeiro-ministro britânico, Sir Keir Starmer, vai conduzir uma reunião virtual com aliados da Ucrânia.

A Ucrânia e a Rússia trocaram na madrugada desta terça-feira ataques aéreos “massivos” que deixaram ao menos nove mortos no total, enquanto negociadores correm para revisar o plano dos Estados Unidos para encerrar o conflito.

O presidente Donald Trump deu à Ucrânia até 27 de novembro — feriado norte-americano de Ação de Graças — para responder à sua proposta, prazo e plano rejeitados por líderes europeus. Na segunda-feira, Moscou também descartou uma contraproposta europeia, classificando o projeto como muito favorável aos interesses russos.

Os países da chamada Coalizão de Voluntários que apoiam a Ucrânia farão nesta terça-feira uma nova reunião por videoconferência para tentar acelerar uma saída para a guerra.

Pessoas se abrigam em estação de metrô durante ataques aéreos russos em Kiev em meio à invasão russa da Ucrânia — Foto: Yan Dobronosov / AFP

Em território russo, ao menos três pessoas morreram e oito ficaram feridas em um ataque ucraniano contra os distritos de Taganrog e Neklinovski, às margens do mar de Azov, na região de Rostov, informou no Telegram o governador Yuri Sliusar.

As autoridades de Krasnodar, na costa do mar Negro, também relataram um ataque aéreo ucraniano de grande escala contra várias cidades. “Esta noite, Krasnodar sofreu um dos ataques mais intensos y massivos do regime de Kiev. Seis habitantes da região resultaram feridos e ao menos 20 moradias em cinco municípios sofreram danos”, escreveu o governador Veniamin Kondratiev no Telegram.

O Ministério da Defesa russo afirmou ter interceptado 249 drones ucranianos durante os ataques noturnos, um dos números mais altos desde o início da guerra, em fevereiro de 2022.

Na Ucrânia, ataques russos contra Kiev deixaram ao menos seis mortos, segundo autoridades locais. “Cuatro personas murieron y al menos tres resultaron heridas” em um distrito da zona oeste, afirmou Timur Tkachenko, chefe da administração militar de Kiev. Antes, serviços de emergência haviam relatado a morte de dois residentes no leste.

O Ministério da Energia informou “um ataque massivo combinado do inimigo contra as infraestruturas energéticas”. Segundo o chanceler Andrii Sibiga, os ataques são a “respuesta terrorista” do presidente Vladimir Putin aos esforços de paz dos EUA.

Com a chegada do inverno, a Rússia tem atacado de forma sistemática usinas e subestações elétricas ucranianas desde o início da invasão, provocando cortes constantes de energia. Kiev, por sua vez, tem mirado depósitos e refinarias de petróleo e outras instalações em território russo.

O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, afirmou que o fornecimento de água e energia foi interrompido pelos novos bombardeios.

A nova noite de confrontos ocorreu após a rejeição russa a propostas europeias para modificar o plano de Trump sobre a Ucrânia. No domingo, foram convocadas com urgência em Genebra conversas entre ucranianos, norte-americanos e europeus com base no plano apresentado pelo presidente dos EUA, bem recebido por Moscou e que inclui a cessão de territórios ucranianos e a redução das Forças Armadas do país.

Kiev e aliados europeus classificam a proposta como uma “capitulação” diante do Kremlin. Durante as conversas, Washington pressionou a Ucrânia a aceitar o plano, disse à AFP um alto funcionário. A porta-voz da Casa Branca chamou de “falacia completa y total” as acusações de que Trump favoreceria a Rússia.

Os países da Coalizão de Voluntários devem retomar nesta terça-feira as discussões sobre a proposta americana. “Queremos a paz. Mas não uma paz que seja em essência uma capitulação, que coloque a Ucrânia em uma situação impossível e que dê à Rússia toda a liberdade para seguir avançando”, disse o presidente francês, Emmanuel Macron, à rádio RTL.

Segundo Macron, o plano de Washington contém pontos que precisam ser “negociados, debatidos e melhorados”. Ele afirmou ainda que “son los europeos quienes deben decidir” como utilizar os ativos russos congelados, que Trump quer empregar em projetos liderados pelos EUA para reconstrução da Ucrânia.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, reconheceu na segunda-feira alguns avanços, mas afirmou que ainda é preciso “mucho más” para alcançar uma “paz real”.

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