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Ferrero garante que dinheiro não foi problema e não descarta retorno

by admin

Madri (Espanha) – Depois de muitas especulações e opiniões, o espanhol Juan Carlos Ferrero se pronunciou pela primeira vez sobre o rompimento com o número 1 do mundo Carlos Alcaraz. Em uma longa entrevista ao Marca, ele disse que se surpreendeu com o fim, garantiu que o fator econômico não foi um problema e deixou as portas abertas para eventual retorno no futuro.

“Tudo parecia estar indo bem. É verdade que, ao final de um ano, certos aspectos dos contratos precisam ser revistos. E, como em qualquer novo contrato, pensando no ano seguinte, havia alguns pontos em que discordávamos. Como em todos os contratos, uma parte puxa para um lado e a outra para o outro. A equipe do Carlos pensa no que é melhor para ele e a minha no que é melhor para mim”, disse Ferrero.

O treinador contou que havia algumas questões em que ambas as partes discordavam e lamentou uma falta de negociação para tentar resolver esses pontos. “Talvez pudessem ter sido resolvidas se tivéssemos nos sentado para conversar, mas, no fim, não o fizemos e decidimos não continuar. Foi isso que realmente aconteceu. Há pontos sobre os quais não vou entrar em detalhes”.

Questão muito levantada, o aspecto financeiro não foi o que motivou o rompimento. “Desde muito jovem mostrei que não era o mais importante para mim. Houve quem dissesse que eu pedi mais, e é verdade que eles sempre foram muito generosos, com uma porcentagem muito alta durante aqueles primeiros anos em que eu estava tão envolvido. E eu agradeço por isso. No fim, tentei deixar claro que a questão financeira não era um dos problemas, nem foi o motivo pelo qual eu estava neste projeto”, explicou Ferrero.

Foto: Pierre Froget / FFT
Relação continua muito boa

Apesar da forma como ocorreu o término, Ferrero garante que o relacionamento com Carlitos segue intacto. “(A relação é) super boa, sempre foi muito boa. Tivemos uma relação muito próxima de treinador e jogador, e depois uma forte amizade. Acho que o ano foi muito bom em termos de resultados, e a nossa relação foi espetacular durante todo o ano. Não tivemos nenhuma discussão em nenhum momento”, analisou.

O treinador falou que a chegada de Samuel López trouxe um novo fôlego à equipe, já que dividia as responsabilidades com ele e diminuía eventuais atritos e discordâncias com Alcaraz. “Foi um ano muito bom, e quando terminou em Turim, é verdade que todos tínhamos a ideia de que iríamos continuar. Nós organizamos a pré-temporada com o Samuel, e eu passei a responsabilidade para ele. O Samu estava ciente de tudo, e eles não precisaram mudar nada porque estava tudo organizado”, comentou o treinador.

Planos para o futuro e porta aberta

Ferrero não esconde que foi uma mudança radical para todos. “Adaptar-se não é fácil. Para mim, obviamente, não é um momento nada agradável. No fim das contas, é uma relação de longa data, onde passamos por muita coisa juntos, e desenvolvemos um laço forte. Tínhamos essa conexão emocional durante os treinos e vivenciamos intensamente cada situação importante que surgiu com ele nos torneios. No fim, tudo virou de cabeça para baixo”, disse.

“Acho que talvez nós dois precisemos de um tempo para processar completamente esse término. Não é tão fácil. Agora, estou sofrendo. Esse tipo de relacionamento é difícil de terminar da noite para o dia. E precisa haver um período de luto”, analisou Ferrero, que não vê a incompatibilidade entre as academias como uma questão para o rompimento.

“Gostaria de pensar que não. Obviamente, Carlos está apenas começando neste mundo, e eles querem construir uma academia forte, o que é compreensível. Nunca vimos isso como uma rivalidade”, disse o treinador que não fechou as portas para eventual retorno no futuro. “Fechar as portas definitivamente não seria lógico, nem para ele, nem para a equipe. Desejo tudo de bom para o Carlos e acredito que ele tem potencial para ser o melhor tenista da história”, disse.

Questionado se treinaria o italiano Jannik Sinner, com quem acredita ter um estilo mais parecido, ele não negou a possibilidade. “É algo que eu teria que pensar. São jogadores extraordinários, mas não é hora de pensar em algo assim e dizer sim ou não. Já recebi algumas propostas, mas não é o momento certo. Quero estar em paz e tenho sentimentos. É impossível para mim assumir outro relacionamento agora”.

Confiança no trabalho de López

Parceiro de trabalho durante quase todo 2025, Samu López assume agora como treinador principal de Alcaraz e Ferrero confia em seu trabalho. “Ele tem experiência e já treinou certos tipos de jogadores, o que o fortaleceu consideravelmente. O ano que ele passou conosco foi a melhor preparação que ele poderia ter tido para esta situação. Mas ele conhece o time em primeira mão, e isso facilita as coisas”, analisou.

Ao falar se a mudança brusca pode afetar Carlos a curto prazo, ele acredita que seja uma possibilidade. “Obviamente, mudanças como essa são sempre complicadas porque são inesperadas. Do ponto de vista do tênis, acho que o Carlos é capaz de superar isso e ir para a Austrália em ótima forma, tentando deixar essa situação para trás. O Samuel o conhece muito bem e adquiriu muita experiência para poder gerenciar a equipe sozinho como treinador”.

Memórias do trabalho com Alcaraz

Como era de se esperar, alguns momentos marcantes do trabalho com Alcaraz foram destacados pelo agora ex-treinador. “Um dos períodos que mais guardo com carinho é quando ele era mais jovem, dos 15 aos 18 anos. Foi uma época maravilhosa em que compartilhamos tantos momentos juntos: treinos, torneios, hotéis”, rememorou Ferrero.

“Íamos sempre a todo o lado juntos. Esse crescimento, essas experiências, esses resultados — na sua maioria bons, embora sempre haja um ou outro inesperado — foi uma época verdadeiramente linda”, complementou o espanhol, destacando a vontade de crescer e subir no ranking que Alcaraz tinha em seu começo de carreira.

A sintonia dos dois se mostrou afiada nas palavras de Juan Carlos. “Tive a sorte de encontrar alguém que conseguiu aprender em um ritmo tão acelerado, em uma velocidade impressionante, tudo o que tentamos ensinar a ele. Quando cheguei, ele era um jogador com habilidades técnicas, físicas e mentais impressionantes, e juntos, como uma equipe, conseguimos ajudá-lo a melhorar. E ele nos deu absolutamente tudo o que precisamos”.



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