O TFFF inova ao premiar os países que preservam florestas tropicais intocadas criando uma fonte de recursos para financiar tais programas. A maioria das iniciativas voltadas à conservação florestal tem como objetivo reduzir o desmatamento. Em geral, levantam a área já desmatada e, a partir dessa referência, os países se comprometem a reduzir a devastação futura, recebendo por isso. Mas esses programas, conhecidos pela sigla REDD+, não costumam premiar países que já apresentam nível de desmatamento baixo ou próximo de zero. Portanto, na atual arquitetura, quem melhor cumpre o compromisso de combater o desmatamento fica sem reconhecimento financeiro. “O TFFF preenche essa lacuna ao criar um mecanismo simples para incentivar governos a manter a floresta em pé”, diz Juliano Assunção, economista da PUC-Rio e diretor executivo do Climate Policy Initiative (CPI).
Em vez de privilegiar como parâmetro a emissão de gases de efeito estufa, o TFFF dá ênfase à área florestal preservada. O alvo são dezenas de países com florestas tropicais, a maior parte no Hemisfério Sul. No total, são 1,27 bilhão de hectares que estocam 600 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa. Para ter a dimensão do volume, basta lembrar que equivale a 30% de todas as emissões desde a Revolução Industrial.
Pensando na perenidade, o TFFF evita doações, sempre à mercê dos humores políticos ou da conjuntura econômica. A ideia é que governos, organizações filantrópicas e investidores privados destinem dinheiro a uma carteira de renda fixa sob a supervisão do Banco Mundial. As recompensas para quem conservar florestas sairão da remuneração anual desse investimento. Há mecanismos para evitar premiar países com desmatamento alto e, ao mesmo tempo, grande área de florestas intocadas. Outra preocupação são as finanças locais. O pagamento aos tesouros nacionais ou fundos públicos designados não poderá substituir o orçamento já dedicado à conservação ambiental.
Entre a ideia e a execução, muito pode dar errado. Ainda que governos se comprometam a participar, será preciso mais empenho para convencer o setor privado. Nem todo mundo está disposto a pôr a mão no bolso para conservar o meio ambiente. Mesmo os simpáticos à causa têm dúvidas em relação a questões como a auditoria da floresta conservada ou o risco de calote nos títulos de dívida emitidos pelo fundo. Apesar dos questionamentos, o TFFF merece ser apoiado, testado e aprimorado. A preservação das florestas não é o único ponto da agenda ambiental, mas não haverá como reduzir o aquecimento global sem garantir recursos a quem mantém as árvores em pé.
