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Gestão Nunes mantém ordem de despejo e ameaça destruir Teatro de Contêiner no Natal, denuncia gestor

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O artista Lucas Beda, da Companhia Mungunzá de Teatro e gestor do Teatro de Contêiner, denunciou que a prefeitura de São Paulo conduz um processo “violento” para expulsar o equipamento cultural da Luz, onde o grupo atua há nove anos. Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, ele lembrou que o espaço foi construído pela companhia em 2016, após ocupar um terreno público abandonado. “Estamos lá há nove anos realizando nossas atividades diariamente. Foram nove anos de muitas conquistas”, indicou.

Segundo Beda, o fim do projeto impacta a população vulnerável que convive com o teatro e participa das atividades, majoritariamente gratuitas. “Se criou um elo muito grande com aquele território, principalmente os moradores, as pessoas mais pobres daquele território. Uma violência. Querem fazer a higienização e a arte. Pessoas pobres não cabem nesse território imaginado”, lamentou. Ele comparou o processo à pressão sofrida por outras ocupações e comunidades da região, como a favela do Moinho.

A negociação com a prefeitura, conforme relato do gestor, tem sido marcada por contradições. Embora o próprio município tenha estimado em R$ 2 milhões os custos da mudança, ofereceu apenas R$ 100 mil ao grupo. “Isso já demonstra um desconhecimento sobre o que é retirar um equipamento cultural e transferi-lo de lugar”, afirmou.

Beda contou que a companhia colaborou por meses com um engenheiro contratado pela gestão municipal, mas que as tratativas foram encerradas “um dia antes” da apresentação do orçamento. “Eles nos colocam em xeque, dizendo que não vão arcar com nenhuma mudança. Esse governo está disposto a destruir mais um teatro na cidade de São Paulo”, declarou.

Outra divergência ocorreu na proposta de cessão de um novo terreno. A Mungunzá pediu um prazo de 30 anos para manter a territorialidade do projeto, mas a prefeitura ofereceu apenas dois. “Todas as nossas perguntas eram respondidas com a frase: pensem no pior possível”, contou.

Segundo ele, até mesmo a utilização de galpões públicos para armazenar o acervo durante a mudança foi recusada. “Tudo o que poderia ser mais facilitado, eles sempre colocam a frase do ‘pensem no pior possível’. E nós estamos chegando na resolução do pior possível”, relatou.

Beda denunciou que a gestão Ricardo Nunes prioriza o uso do espaço como uma garagem para veículos que removem pertences de pessoas em situação de rua, enquanto nega a ampliação de área para o teatro. “É muito desprezo pela cultura. Existe uma ação de demolição e de higienização, e eu falo que nem é mais higienização, agora é um período de esterilização”, criticou.

O despejo está marcado para o dia 25 de dezembro, feriado de Natal. Até lá, o artista espera conseguir “um desfecho melhor do que a destruição”.

Para ouvir e assistir

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira: a primeira às 9h e a segunda às 17h, na Rádio Brasil de Fato98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

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