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Governador afastado do Tocantins é alvo da PF por suspeita de atrapalhar investigação sobre desvio de recursos

by admin

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quarta-feira, uma operação para apurar possível prática de embaraço à investigação de um esquema de desvio de recursos públicos em contratos firmados durante a pandemia de Covid-19 no Tocantins. Um dos alvos é novamente o governador do estado, Wanderlei Barbosa (Republicanos), afastado do cargo desde setembro. A PF cumpriu 24 mandados de busca e apreensão na capital Palmas e em Santa Tereza do Tocantins, e também investiga o desvio de recursos de emendas parlamentares utilizadas na compra de cestas básicas.

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Batizada de Nêmesis, a ação policial teve início a partir da segunda fase da operação Fames-19, deflagrada em setembro, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o afastamento do chefe do Executivo tocantinense. À época, ele afirmou que a medida foi “precipitada” e iria acionar “os meios jurídicos necessários” para reassumir o cargo, enquanto a PF estima um prejuízo de R$ 73 milhões aos cofres públicos.

Segundo a polícia, desta vez, os investigados teriam se prevalecido de seus cargos e utilizado veículos oficiais para “retirar e transportar documentos e materiais de interesse” próprio, o que prejudicou o curso das investigações:

“As ações de hoje buscam interromper as ações criminosas voltadas à destruição e ocultação de provas e de ativos e reunir novos elementos que contribuam para esclarecer os fatos, especialmente sobre a participação dos suspeitos e a possível atuação de outros agentes até então não identificados”, diz a PF.

Em nota ao portal de notícias g1, a defesa de Barbosa afirmou ter recebido “com estranheza” a nova operação “no momento em que aumenta a expectativa pelo julgamento do Habeas Corpus que pode devolvê-lo ao cargo”.

Em setembro, mais de 200 agentes cumpriram 51 mandados de busca e apreensão no Palácio Araguaia, sede do governo, e na Assembleia Legislativa. O objetivo foi reunir novos elementos para esclarecer o uso de emendas parlamentares e o suposto recebimento de vantagens indevidas por agentes públicos. Segundo a PF, há “fortes indícios” de um esquema de desvio de recursos públicos entre 2020 e 2021, quando os investigados teriam “se aproveitado do estado de emergência em saúde pública e assistência social para fraudar contratos de fornecimento de cestas básicas”.

As investigações apontam que foram pagos mais de R$ 97 milhões em contratos para compra de cestas básicas e frangos congelados. Parte do valor teria sido desviado e ocultado por meio da construção de empreendimentos de luxo, compra de gado e pagamento de despesas pessoais dos envolvidos.

A operação Frames-19 mirou ainda a primeira-dama Karynne Sotero Campos. A PF aponta que ela assumiu “posição de destaque” na operação criminosa e que seu ex-marido Paulo César Lustosa atuou como operador. Segundo a PF, a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas) abrigaria um “esquema sistemático” de desvios de verbas.

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Veja as provas já levantadas pela Polícia Federal:

  • Ocultação de verba desviada: As investigações apontam que o prejuízo aos cofres públicos chegam a R$ 73 milhões. Parte do valor teria sido ocultada por meio da construção de empreendimentos de luxo, compra de gado e pagamento de despesas pessoais dos envolvidos. Segundo a PF, foram usados R$ 2,4 milhões na construção da pousada do filho do governador.
  • Cestas somente em fotos: Conversas mostram investigados forjando cestas básicas para entrega, com direito a foto: “Eu tô com o carro aqui cheio de cestas, doido pra botar essas cestas lá e esperar amanhã a visita na Setas, fiscalização, e depois colocar novamente as cestas no carro e entregar lá pro Rosalino, que me emprestou”, diz um acusado.
  • Mensagens e ‘bênção’: O pagamento de propina no esquema de desvio verbas públicas durante a pandemia de Covid-19 foi identificado em troca de mensagens entre acusados. Os investigados combinavam a entrega dos valores em dinheiro vivo. Para não chamar a atenção e tentar disfarçar a propina, as quantias eram chamadas pelos investigados de “bênção”.

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