O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), suspendeu, na última quinta-feira (11), o serviço de escolta da Polícia Legislativa Federal, responsável pela segurança da deputada Talíria Petrone, líder do Psol na Casa. Petrone é alvo de ameaças de morte desde o início da sua trajetória política, com inquéritos abertos na Polícia Civil e na Polícia Federal.
A suspensão do serviço foi realizada sem aviso prévio, após a deputada intensificar suas críticas à condução de Motta no plenário. Como líder de bancada, ela atua contra pautas defendidas pelo presidente da Câmara.
A parlamentar é uma das articuladoras contra a cassação do deputado Glauber Braga (Psol-RJ), votada em plenário na última terça (9), e também se posiciona contrária ao Projeto de Lei (PL) da Dosimetria, que discute a redução de penas para os condenados pelos atos golpistas do 8 de Janeiro e ao PL da Anistia, que propõe perdão para os acusados de atentar contra a democracia.
Em sua fala como líder no plenário, Petrone afirmou que Motta não reunia mais condições para presidir a Casa, na medida em que descumpriu acordo feito no colégio de líderes para não voltar ao tema. Sem a proteção oficial, a parlamentar precisou contratar, com recursos próprios, uma escolta privada.
“Em sua volta para o Rio de Janeiro neste final de semana, a deputada já estaria desprotegida se não tivesse contratado, do próprio bolso, um serviço de escolta particular para garantir sua participação na manifestação político cultural mobilizada, justamente, para denunciar as medidas de Hugo Motta na última semana”, informa a nota enviada ao Brasil de Fato pela assessoria de imprensa da deputada.
O comunicado oficial informa que um levantamento conduzido pelo Laboratório coLAB/UFF identifica Petrone como a parlamentar brasileira que mais sofre violência política digital, especialmente racista, misógina, ameaçadora e coordenada. “Essa violência digital é, na literatura e na prática contemporânea, um gatilho frequente para ataques físicos, funcionando como mecanismo de desumanização e abertura simbólica para a violência material”, afirma a assessoria de imprensa.
Sobre as ameaças de morte
Em julho de 2024, a Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu um inquérito para investigar a ameaça de morte endereçada à Talíria Petrone. A grave intimidação chegou até a deputada por e-mail, em uma mensagem que continha, também, ofensas racistas. O texto citava nominalmente os dois filhos de Petrone.
Mas, antes disso, ainda em 2019, a deputada já precisou da escolta. Ao longo do mandato de vereadora (2016 a 2018) pelo município de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, a parlamentar sofreu ameaças pelas redes sociais e por telefone, chegando a registrar uma queixa a 76° Delegacia de Polícia da cidade.
De acordo com a nota enviada pela assessoria de imprensa da deputada, o episódio que motivou originalmente a concessão da escolta parlamentar se desdobrou em um inquérito aberto pela Polícia Civil em 2020, a partir de denúncias recebidas pelo Disque Denúncia que relataram planejamento de grupos milicianos para assassinar Petrone. Na época, a deputada precisou deixar o estado do Rio de Janeiro, acompanhada de seus filhos.
