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Igreja que censura Padre Júlio permite “lives contra o comunismo”

by admin

Nesta terça-feira (16), uma notícia caiu como uma bomba entre religiosos progressistas: o cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, determinou que o padre Júlio Lancellotti suspenda suas redes sociais e transmissões ao vivo de suas missas.

Padre Júlio Lancellotti está há mais de 40 anos à frente da Paróquia São Miguel Arcanjo, localizada no bairro da Mooca, na zona leste da cidade de São Paulo.

Com a enorme repercussão, o pesquisador Vinicius Betiol lembrou que as chamadas “lives patriotas” de Frei Gilson contra o comunismo nunca sofreram qualquer tipo de censura por parte da Igreja Católica, o que evidencia uma contradição.

Referência no trabalho social na cidade de São Paulo, Padre Júlio Lancellotti é inimigo número um da extrema direita, já que abre as portas de sua igreja para pessoas em extrema vulnerabilidade, prega o acolhimento às pessoas LGBT e faz duras críticas ao modo de vida capitalista. Ou seja, é um padre sendo padre – e, por isso, sofre sanções.

Padre Júlio tem transmissão de missas e redes suspensas por dom Odilo Scherer

O cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, determinou que o padre Júlio Lancellotti deixe de transmitir missas ao vivo e suspenda todas as suas atividades nas redes sociais. A medida também abre a possibilidade de que o religioso seja retirado da Paróquia São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, na zona leste da capital paulista, onde atua há mais de quatro décadas. Esta informação, no entanto, “ainda não se confirmou”.

A Fórum tentou contato com o padre Júlio. Através de sua assessoria, ele respondeu:

“Procede o fato dele tá proibido de usar as redes sociais e transmitir a missa pela internet. Mas o afastamento dele da São Miguel Arcanjo, isso ainda não está definido e o motivo nós não sabemos. É alguma coisa entre ele e o Dom Odílo”, informou.

Intensa repercussão

A decisão veio a público no último domingo (14), quando o próprio Lancellotti comunicou, durante uma celebração, que aquela seria uma das últimas missas transmitidas ao vivo. O anúncio provocou intensa repercussão em grupos de padres e religiosos que se comunicam por meio de aplicativos de mensagens.

Veja abaixo:

 

Padre Marcelo

A medida, ao que tudo indica, atinge apenas ao Padre Júlio. Segundo informações das redes sociais, as missas do padre Marcelo Rossi, por exemplo, continuam sendo transmitidas normalmente em vários canais, entre eles a Rede Globo, aos domingos de manhã.

As celebrações conduzidas por Lancellotti eram transmitidas pela Rede TVT (TV dos Trabalhadores), mantida por sindicatos, além do portal ICL e do YouTube. Procurado, o padre confirmou à coluna de Mônica Bergamo a determinação do cardeal.

“Dom Odilo me pediu para dar um tempo. Ele acha que é uma forma de recolhimento e de proteção”, afirmou Lancellotti. Questionado sobre sua posição em relação à decisão, o religioso disse que “tem apenas que obedecer”.

Existe a possibilidade de que dom Odilo Scherer decida pela retirada de Lancellotti da paróquia ainda neste ano. Sobre o tema, o padre afirma que a medida “ainda não aconteceu”, apesar de informações nesse sentido terem começado a circular em grupos de WhatsApp ligados à Igreja.

Lancellotti também explicou que, pelas normas da Igreja Católica, padres que completam 75 anos podem ser removidos das paróquias para se aposentarem. Ele completa 77 anos no próximo dia 27. Segundo o religioso, no entanto, há casos de padres que permanecem em atividade mesmo após os 80 ou 90 anos. “Depende da necessidade da igreja”, afirmou.

Perseguição

Conhecido pelo trabalho voltado à população em situação de rua na cidade de São Paulo, o padre Júlio Lancellotti é alvo frequente de críticas de parlamentares e políticos ligados à direita. Na mais recente ofensiva, o deputado federal Junio Amaral (PL-MG) divulgou um vídeo nas redes sociais informando que levou à Embaixada do Vaticano um abaixo-assinado com mais de mil assinaturas pedindo o afastamento do religioso de suas atividades.

Nota do padre Júlio

Logo após a pulicação desta reportagem, o padre Júlio Lancellotti soltou uma nota em que corrobora com as informações publicadas aqui. Veja abaixo:

 

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