Mariana Marins compartilha um vídeo da viagem ao Peru que fez com a esposa, planejada originalmente com a irmã Juliana, que morreu durante uma trilha no Monte Rinjani. No registro em Machu Picchu, ela fala sobre como o roteiro se tornou parte do seu processo de luto.
Mariana Marins publicou, neste domingo (30), um vídeo em que relata a viagem que decidiu fazer ao lado da esposa, originalmente planejada para ser realizada com sua irmã, Juliana Marins. A jovem morreu aos 26 anos após cair de um penhasco durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, em junho deste ano.
No registro feito em Machu Picchu, no Peru, Mariana contou que o roteiro havia sido idealizado pelas três e que a experiência acabou se tornando uma forma de lidar com a perda. “E desde então, eu lido com essa data [21 de junho] como um ponto final duro demais. Até que conhecer o Peru nos mostrou outro jeito de tentar entender essa ausência”, lamentou.
No registro, Mariana explicou que teve contato com tradições andinas, incas e pré-incas, que interpretam a morte como continuidade: “Eles falam de continuidade, de alguém que muda de posição no mundo, mas não deixa de participar do tecido da vida. Os mortos, para eles, seguem presentes nos afetos, nas escolhas, na memória compartilhada. Não desaparecem, se transformam”.
A jovem completou: “Eles habitam os gestos dos lugares, aquilo que continuamos a fazer. E aí vem um detalhe antropológico que me atravessou. No dia 21 de junho, o dia da queda da Juliana, é o Inti Raymi, o renascimento do sol. O dia mais curto e a noite mais longa do ano. O início de um novo ciclo de prosperidade e boas colheitas. Uma das datas mais importantes para os povos incas”.
O vídeo reúne paisagens visitadas no Peru e registros do trajeto feito por ela e pela esposa. “E é poderoso quando uma cultura inteira enxerga renascimento num dia que, para você, simboliza perda. Em Machu Picchu, me dei conta, mais uma vez, de que o luto não é algo que a gente supera. É algo que a gente incorpora. Como os andinos fazem com seus ancestrais. Eles seguem presentes, só que de outra forma. E mais do que nunca, isso me fez perceber que Juliana não saiu da minha vida”, concluiu.
Assista à homenagem completa:
Irmã realiza sonho de Juliana Marins e faz homenagem emocionante pic.twitter.com/UYNggKFL0z
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) December 1, 2025
O acidente
Juliana Marins, natural de Niterói (RJ), era publicitária formada pela UFRJ. Ela estava viajando sozinha pela Ásia desde fevereiro, em um mochilão que incluiu Filipinas, Tailândia e Vietnã. Em junho, a jovem sofreu uma queda no vulcão Rinjani, que tem aproximadamente 300 metros.

Após a queda, Juliana ainda conseguia se mover. Cerca de três horas depois, foi vista por turistas que informaram sua localização à família e enviaram imagens da região. Apesar disso, o resgate demorou dias. A família afirmou que Juliana ficou desamparada por quase quatro dias, escorregando por trechos da montanha, sendo vista em diferentes pontos ao longo do período.
O corpo foi avistado pela última vez por drones, cerca de 500 metros abaixo do penhasco, sem sinais de movimento. Pouco depois, equipes de busca encontraram Juliana sem vida, a aproximadamente 650 metros do local da queda.
A repercussão do caso mobilizou as redes sociais. A página criada pela família para concentrar informações e cobranças por apoio das autoridades ganhou grande visibilidade, alcançando 1,2 milhão de seguidores em poucas horas. O corpo de Juliana foi reconhecido por familiares e passou por necrópsia no dia 26 de junho.
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