Decorreu no dia 13 de dezembro de 2025, um festival literário infantil organizado pelas Filhas de São Paulo (Irmãs Paulinas), nas suas instalações em Westlands, Nairobi, Kenya. O festival teve como lema: Dar vida ao livro: contos de esperança, alegria e luz neste Natal e participaram 400 crianças e adolescents entre 6 e 14 anos de idade.
Ir. Olga Massango, FSP – Cidade do Vaticano
A iniciativa inovadora do festival literário infantil teve como objetivo principal despertar ao gosto pela leitura entre crianças e adolescentes dos subúrbios de Nairobi (Kariobange e Deep Sea), num contexto em que o impacto dos meios digitais está a reduzir o interesse pelos livros impressos.
O evento difundido por Paulines Africa Youtube channel live e outras plataformas digitais, abordou de forma criativa e participativa a promoção da leitura através da narração de histórias com o fim de fazer da leitura uma experiência viva, envolvente e existencial.
Narrar para educar a comunidade
O pano de fundo de todo o programa foi o de enfatizar o papel da narração na cultura africana (oralidade), isto é, narrar para estimular a imaginação, narrar para educar a comunidade, para preservar a memória colectiva, para transmitir valores e sabedoria ancestral, e para afirmar a identidade.
Neste tempo dominado por conteúdos digitais rápidos e fragmentados, o festival literário propôs uma comunicação reflexiva, relacional e participativa, onde a criança escuta, interpreta, dramatiza, partilha e celebra.
Dinâmicas de grupo durante o festival literário infantil em Nairobi
O festival literário teve as seguintes atividades: Celebração Eucarística, promoção da leitura e narração de histórias; artes performativas e expressão criativa; concursos, jogos e questionários; e vídeos educativos e atividades em grupo e por fim a entrega dos prémios aos vencedores.
Formar a consciência, transformar a vida
A celebração eucarística foi a ponta de lança do evento. Comunicar não é uma simples transmissão de conteúdos, mas também mediação cultural, educativa e espiritual que visa formar a consciência, tocar o coração e transformar a vida.
As sessões animadas de contos de histórias, inspiradas tanto na literatura infantil como em mitos e narrativas tradicionais africanas, ajudaram as crianças a reconectar-se com a herança cultural e oral.
As apresentações teatrais orientadas por artistas do Teatro Nacional do Quénia incentivaram as crianças a interpretar as histórias escutadas através do teatro, da expressão corporal e da dramatização. Foram apresentadas peças e encenações com temática natalícia, integrando literatura, dança, música e celebração.
Algumas Filhas de São Paulo com jovens e adolescentes no festival literário
As crianças participaram em concursos de leitura, concursos bíblicos e apresentações de contos narrativos, que estimularam a compreensão da leitura, a memória, a imaginação e a criatividade.
As sessões de vídeo educativo e trabalhos em grupo complementaram as atividades presenciais, reforçando a aprendizagem através de recursos audiovisuais e do diálogo comunitário.
Educar para a leitura, um ato de justiça comunicativa
Os vencedores receberam livros infantis, Bíblias e rosários, como incentivo concreto à continuidade da leitura e da vida espiritual.
Num contexto africano marcado por desafios como a pobreza, a exclusão e o acesso limitado ao livro, educar para a leitura é um ato de justiça comunicativa. Nota-se neste festival literário a integração da fé, da cultura e de uma formação integral da criança para dar uma resposta concreta e adequada ao desafio da falta de motivação para a leitura na era digital.
Isto passa por integrar a leitura, a tradição oral, o teatro e a expressão artística para criar o gosto pela leitura (uma leitura divertida, criativa que estimula à imaginação, à arte e à convivência).
