Ricardo Stuckert/PR
Solenidade contou com a participação de indígenas, atletas, representantes de ministérios e parlamentares
Atletas e representantes de povos indígenas participaram, nesta quinta-feira, 27 de novembro, de uma cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília, que marcou a assinatura dos projetos de lei que criam a Universidade Federal Indígena (Unind) e a Universidade Federal do Esporte (UFEsporte). As propostas, assinadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, serão enviadas ao Congresso Nacional. Durante o evento, Lula afirmou que as iniciativas abrem portas para novas oportunidades. “Nós estamos apenas abrindo a porta e dizendo: entrem. Esse país é de vocês”, declarou.
Ao comentar a criação da Unind, o presidente destacou o caráter de reparação histórica da instituição. Segundo ele, a universidade tem como objetivo assegurar aos povos indígenas respeito, dignidade, acesso ao trabalho, à cultura e aos direitos garantidos aos demais brasileiros. “Essa universidade é para isso: devolver para vocês a cidadania e o respeito”, afirmou Lula. O presidente ressaltou que a iniciativa permitirá que futuras gerações indígenas vivam com mais dignidade e respeito.
Lula também enfatizou a importância da Universidade Federal do Esporte, destacando que a instituição deverá oferecer condições científicas e técnicas para o aperfeiçoamento dos atletas brasileiros. Ele afirmou que o país não pode depender apenas do esforço individual de cada esportista e defendeu a formação e qualificação profissional no campo esportivo para tornar o Brasil mais competitivo.
A Universidade Federal Indígena terá estrutura multicampi dedicada à formação superior de povos indígenas de todas as regiões do país. Concebida a partir de um amplo processo de diálogo nacional, a instituição reflete a diversidade dos povos originários e terá sede em Brasília. A Unind contará com cursos como Medicina, Engenharia, Direito, gestão territorial, ciências ambientais e ciências da saúde. Vinculada aos ministérios da Educação e dos Povos Indígenas, a universidade adotará processos seletivos próprios para ampliar o ingresso de candidatos indígenas, respeitando a diversidade linguística e cultural.
A Universidade Federal do Esporte é resultado de articulação entre o Ministério da Educação e o Ministério do Esporte. Fundamentada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e na Lei Geral do Esporte, a instituição integrará formação acadêmica, qualificação profissional e desenvolvimento esportivo. Será a primeira universidade pública das Américas dedicada exclusivamente ao esporte, colocando o Brasil em posição de destaque ao tratar a área como campo científico, tecnológico, social e econômico.
O ministro da Educação, Camilo Santana, classificou a assinatura dos projetos como uma data emblemática. Ele afirmou que a criação da Unind atende a uma demanda histórica e fortalece identidades e saberes tradicionais. Sobre a UFEsporte, destacou que a instituição contribuirá para profissionalizar o debate sobre o esporte no país e formar técnicos, gestores, atletas e demais profissionais do setor.
Para o professor universitário indígena Gersem Baniwa, a criação da Unind representa a realização de um sonho antigo. Ele afirmou que a iniciativa é fruto da luta de gerações de educadores, lideranças e movimentos indígenas, além de debates realizados em fóruns e territórios. Baniwa descreveu a universidade como um marco histórico que simboliza o início da superação da violência cognitiva e epistêmica que marca séculos de colonização.
Representante do conselho local de saúde indígena de Rondônia, Jennifer Garcia Karitiana celebrou o anúncio. Para ela, a criação da Unind é um marco histórico que fortalecerá a cultura, a língua, os costumes e a memória dos povos indígenas, além de ampliar o acesso ao estudo e à interculturalidade.
