A maioria dos brasileiros rejeita a ideia de que bancos digitais e fintechs passem a ser taxados da mesma forma que os grandes bancos. A maioria (52,7%) dos entrevistados em uma pesquisa do instituto AtlasIntel considera a equiparação tributária injusta, enquanto o restante se divide entre posições favoráveis ou indefinidas sobre o tema. O dado, divulgado nesta segunda-feira, 8, reforça a percepção de que as instituições financeiras digitais ainda são vistas como distintas e demandantes de uma posição tributária favorecida na competição com instituições tradicionais. Quase 41% das pessoas consideram a equiparação tributária justa, enquanto 6,3% não têm uma posição sobre o tema.
O rechaço da população sobre o possível aumento de impostos sobre fintechs ocorre em meio ao avanço do tema no Congresso Nacional. A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou na última terça-feira, 2, um aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) cobrada sobre bancos digitais e fintechs. Atualmente, essas instituições pagam alíquotas de 9% ou 15%, a depender de especificidades do negócio. O projeto aprovado eleva essas alíquotas gradualmente para 15% e 20% até 2028. A CAE chancelou a medida em caráter terminativo, de modo que ela deve seguir para apreciação da Câmara dos Deputados.
Como os brasileiros veem as fintechs
Os entrevistados pela pesquisa enxergam ainda um desequilíbrio competitivo no setor. Para 51,6%, os grandes bancos tradicionais estão em vantagem, reflexo do maior poder de mercado. Apenas 19,1% acreditam que existe igualdade de condições entre os modelos de negócio, e 17,2% veem vantagem para os bancos digitais. A percepção positiva sobre a expansão das fintechs também é expressiva: 47,6% avaliam seu impacto como positivo e outros 37,4% como muito positivo, totalizando mais de 85% de avaliação favorável.
Os resultados da pesquisa mostram que a boa avaliação dos bancos digitais está associada à percepção de inovação e inclusão. Entre os usuários dessas instituições, 55,5% afirmam que os bancos digitais tornaram os serviços financeiros “totalmente mais acessíveis” e outros 29% dizem que a acessibilidade aumentou “parcialmente”. Apenas uma parcela minoritária expressa discordância. Além disso, a visão de que as fintechs ampliam o acesso ao sistema financeiro é majoritária: 84,1% concordam que essas instituições ajudam a incluir mais pessoas no sistema bancário.
A pesquisa foi encomendada por associações que representam os bancos digitais, fintechs e segmentos correlatos, como Zetta, Associação Brasileira de Internet (Abranet), Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) e Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD). O levantamento ouviu 2.227 pessoas entre os dias 28 de outubro e 11 de novembro. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.
