Em assembleias realizadas ao longo desta semana, 13 dos 14 sindicatos da Federação Única dos Petroleiros (FUP) aprovaram o ajuste de proposta apresentado pela Petrobras e votaram pela suspensão da greve que teve início em 15 de dezembro.
Já os trabalhadores vinculados ao Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) avaliaram como insuficientes as propostas apresentadas pela companhia e optaram por manter a paralisação dos serviços, em assembleia realizada nesta sexta-feira (26).
De acordo com Sérgio Borges, coordenador-geral do Sindipetro-NF e diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), a contraproposta da companhia não dialoga com a realidade dos trabalhadores nem com a pauta aprovada em assembleias.
“Os números apresentados pela gestão da Petrobras estão muito abaixo da expectativa dos trabalhadores, sobretudo diante da lucratividade recorde”, afirma. No terceiro trimestre de 2025, a Petrobras alcançou um lucro líquido de R$ 32,7 bilhões. Comparado ao segundo trimestre de 2025, o lucro cresceu 23%.
Para Borges, o processo de negociação segue aberto, mas sem concessões centrais não haverá recuo dos grevistas. “Sem avanços nos pontos principais da pauta, a mobilização continuará. Os petroleiros do Norte Fluminense permanecem unidos e dispostos a manter a greve”, conclui.
Na última segunda-feira (22), após debater a proposta com representantes da Petrobrás, o Conselho Deliberativo da FUP orientou pela suspensão da greve nacional. Na sequência, os sindicatos deram inícios às assembleias para votação da indicação, que teve a negativa do Sindipetro-NF, maior entidade representativa da categoria no país filiada à FUP, com mais de 20% petroleiros sindicalizados em todo o país e representando mais de 25 mil trabalhadores em sua base.
Ainda de acordo com o Sindipetro-NF, a companhia apresentou, em sua proposta, avanços pontuais, como a discussão sobre os descontos dos dias parados, a incorporação dos trabalhadores da Transpetro à Petrobras na base de Cabiúnas e o adicional de dutos. No entanto, o sindicato avalia que as propostas são insuficientes para atender às reivindicações aprovadas democraticamente pela categoria.
O Sindipetro-NF representa os trabalhadores da Bacia de Campos, uma das principais regiões produtoras de petróleo e gás do país, que aderiram integralmente à greve.
Reivindicações
Os petroleiros exigem o atendimento dos três eixos da campanha reivindicatória: distribuição justa da riqueza gerada pela Petrobras; fim dos Planos de Equacionamento dos Déficits da Petros (PEDs), que, segundo a FUP, penaliza aposentados e pensionistas; e reconhecimento da Pauta pelo Brasil Soberano, que envolve a defesa de uma Petrobras pública e comprometida com o desenvolvimento nacional.
No domingo (21), a companhia apresentou ajustes em sua última proposta de acordo coletivo de trabalho. A FUP avaliou que a proposta apresentada continha “avanços significativos em relação aos três eixos de luta da campanha reivindicatória”.
A federação e seus sindicatos cobraram mais quatro pontos: que a proposta fosse seguida por todas as subsidiárias; que não houvesse descontos dos dias parados na greve, nem punições aos grevistas; a garantia da isonomia entre os trabalhadores do terminal de Coari e de Urucu, no Amazonas; e que fosse garantida a hospedagem para os trabalhadores offshore. Além disso, foi cobrado à Petrobras que apresente uma carta-compromisso para a solução dos Planos de Equacionamento dos Déficits da Petros (PEDs).
Na manhã de segunda-feira, o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, e outros dirigentes que integram a Comissão de Negociação, estiveram no Edifício Senado (Edisen) pressionando a gestão da empresa para que apresentasse a contraproposta completa, com o atendimento desses quatro pontos e a carta-compromisso para resolver os equacionamentos da Petros.
Na análise de Bacelar, a proposta “não é aquela que gostaríamos de receber, mas é aquela que foi possível no momento”.
A mobilização dos petroleiros atinge nove refinarias, 16 terminais operacionais, quatro termelétricas, duas usinas de biodiesel, dez instalações terrestres operacionais, duas bases administrativas e três unidades de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) e 28 plataformas offshore (no mar).
