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A Maserati reabre as portas de sua história em casa. Após interromper a montagem local em 2020 e transferir a linha para Mirafiori, em Turim — onde os GranTurismo e GranCabrio passaram a compartilhar produção com o Fiat 500 elétrico —, a marca do tridente retoma agora a fabricação dos dois modelos na tradicional Viale Ciro Menotti.
O retorno faz parte de um movimento do grupo Stellantis para otimizar custos operacionais e reorganizar sua pegada industrial. Nos bastidores, circulam rumores de que a marca poderá ser vendida pela gigante (que detém marcas como Fiat, RAM, Peugeot) adicionando camada extra de pressão estratégica a um momento já simbólico: “voltar para casa” para reafirmar o elo com o Motor Valley e com Modena, coração e alma da Maserati desde o início.
Para marcar a volta, a empresa organizou uma série de celebrações. O projeto “Maserati Meccanica Lirica” ocupou, na última semana, o centro histórico de Modena o Teatro Comunale Pavarotti-Freni e a própria fábrica, fundindo engenharia e arte em uma narrativa que traduz a voz do motor em música.
Houve estreia mundial de dois modelos e apresentação de um pacote de personalização Fuoriserie, além de uma programação que envolveu colaboradores, clientes, instituições e a cidade. “Reafirma o papel central de Modena para a Maserati e o compromisso da marca em continuar investindo na Itália”, diz o CEO Jean-Philippe Imparato. Para o COO Santo Ficili, o retorno é também “um investimento para as pessoas”, sinalizando coesão com a comunidade local.
GranTurismo e GranCabrio: lendas
Apresentados em 2022 (GranTurismo) e 2024 (GranCabrio), os novos modelos encarnam o espírito do granturismo italiano: desempenho de esportivo com conforto para longas distâncias. Estão disponíveis em versões com motor a combustão e também em configurações 100% elétricas Folgore.
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GranTurismo e GranCabrio.
Para celebrar o retorno, a marca criou dois one-off na Officine Fuoriserie — o GranTurismo Meccanica Lirica e o GranCabrio Meccanica Lirica —, ambos com inspiração operística e acabamento artesão. Em sua versão Trofeo de 550 cv, transformam-se em “partituras” visuais e sonoras: o escapamento Meccanica Lirica recebeu novas ponteiras e calibração de software para oferecer timbres distintos conforme o modo de condução, sempre em conformidade de homologação.
A cabine combina couro e madeira natural, com pintura dourada aplicada à mão e integração do sistema de áudio Sonus faber. A história da dupla reforça o peso do retorno: desde 2007, mais de 40 mil unidades das gerações anteriores foram emplacadas no mundo (28.805 GranTurismo e 11.715 GranCabrio), com o capítulo final em 2019, no GranTurismo Zeda, que antecedeu a mudança a Turim e a chegada da eletrificação Folgore.
Precisão industrial em Modena
A realocação de Mirafiori para Modena levou 45 dias entre o último carro em Turim e o primeiro montado integralmente na Viale Ciro Menotti — sem impacto na capacidade nem nos padrões de qualidade. Mais de 200 profissionais, 300 atividades operacionais e 3.500 horas de treinamento sustentaram o ajuste fino de processos, listas de materiais e fluxos digitais.
Ao reconectar produção e identidade onde tudo começou, a Maserati sinaliza disciplina operacional no curto prazo e ambição de marca no longo. Retomar Modena reduz complexidades e reforça a proposta de valor: técnica, estilo e personalização sob o mesmo teto. Em um cenário de otimização de custos na Stellantis — e com rumores sobre o futuro do Tridente —, o retorno ao berço funciona como gesto industrial e manifestação cultural: em Modena, a mecânica tem sua melodia; e a música, seu próprio caráter.
