O cantor Lô Borges (73) morreu nesta segunda-feira, 3, em Belo Horizonte, após duas semanas internado para tratar uma intoxicação medicamentosa em casa. O falecimento do artista foi confirmado pelo Hospital Unimed logo no início desta manhã.
CARAS Brasil entrevista o médico integrativo Dr. Wandyk Alisson, que explica o que caracteriza a morte causada por esse problema. “Trata-se de uma falência orgânica provocada pela ação tóxica de fármacos em doses superiores à faixa terapêutica segura”, diz.
“Pode envolver: depressão do sistema nervoso central (SNC) — levando a coma e parada cardiorrespiratória; disfunção cardiovascular — arritmias, colapso circulatório ou parada cardíaca; falência hepática e/ou renal — pela incapacidade de metabolizar e eliminar o fármaco; acidose metabólica — comum em intoxicações por salicilatos e antidiabéticos orais. Em autópsia e exames toxicológicos, costuma-se identificar níveis séricos muito acima da faixa terapêutica de um ou mais medicamentos”, complementa.
Segundo o médico, depende do agente envolvido a causa no organismo ser súbita ou silenciosa. “Algumas intoxicações evoluem de forma silenciosa e insidiosa, outras são bruscas e catastróficas”, afirma o especialista.
“Sedativos, benzodiazepínicos e opioides causam depressão progressiva do centro respiratório. O paciente entra em sonolência, depois inconsciência, bradipneia e, por fim, parada respiratória. Pode parecer que ‘adormeceu’, mas a evolução é para anóxia cerebral. Já os antidepressivos tricíclicos, antiarrítmicos e antiepilépticos provocam arritmias fatais, convulsões e colapso cardiovascular, podendo levar à morte súbita”, descreve.
“O paracetamol (acetaminofeno) tem uma evolução silenciosa nas primeiras 24 horas, seguida de insuficiência hepática aguda e coma hepático — uma típica ‘morte lenta e invisível’. Por fim, os hipoglicemiantes e a insulina causam hipoglicemia profunda; pode parecer um simples desmaio, mas evolui para edema cerebral e morte”, destaca ainda.
Segundo o médico, a automedicação ainda é o principal gatilho para a intoxicação medicamentosa. “No Brasil, a automedicação e o uso incorreto de polifármacos continuam sendo a causa mais comum de intoxicações acidentais e iatrogênicas (decorrentes do uso inadequado, sem acompanhamento médico). Mas há um aumento expressivo de associações perigosas: álcool + benzodiazepínico, antidepressivo + estimulante e opioide + relaxante muscular”, finaliza.
