Diplomatas internacionais manifestaram preocupação com a possibilidade de o governo dos Estados Unidos, sob Donald Trump, tentar interferir nas negociações da COP30, mesmo sem enviar representantes oficiais ao evento em Belém (PA).
A Casa Branca confirmou que não enviará autoridades de alto escalão à conferência climática, marcada de 10 a 21 de novembro, lembrando que Trump classificou a mudança climática como “o maior golpe do mundo” durante a Assembleia-Geral da ONU.
Autoridades europeias ouvidas pela Reuters disseram que a União Europeia prepara diferentes cenários — desde a ausência total dos EUA até uma tentativa de bloqueio de acordos ou de criação de eventos paralelos para desacreditar as políticas climáticas globais.
A preocupação aumentou após os EUA ameaçarem impor tarifas comerciais e restrições de visto a países que apoiavam uma taxa global de carbono na Organização Marítima Internacional, o que levou ao adiamento da medida.
“O fato de um país começar a ameaçar com diferentes tipos de medidas, tanto contra países quanto contra negociadores, como vimos no processo da OMI… isso me preocupa”, afirmou o ministro do Clima da Noruega, Andreas Bjelland Eriksen.

Um diplomata europeu acrescentou que a prioridade será formar uma frente unida na COP30, mas teme que novas ameaças dos EUA inibam governos de se alinharem em defesa do Acordo de Paris.
Enquanto isso, a China amplia sua influência nas discussões climáticas e defende o multilateralismo. “Ninguém pode se dar ao luxo de ser deixado para trás no combate às mudanças climáticas, nenhuma nação pode se esquivar de suas responsabilidades”, declarou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês.
O país, maior emissor global de CO₂, tem interesse direto na transição verde, já que domina a produção de painéis solares e baterias usadas na economia de baixo carbono.
