A morte de Paulinho (1952-2020), vocalista do Roupa Nova, completa cinco anos neste domingo, 14, meio a uma disputa judicial que segue sem desfecho e envolve não apenas direitos autorais e de imagem, mas também um apartamento avaliado em R$ 1,2 milhão. O cantor morreu em dezembro de 2020, aos 68 anos, vítima de complicações da Covid-19, e desde então sua herança se tornou alvo de embate entre a viúva e os filhos do artista.
Dono de uma das vozes mais marcantes da música brasileira, Paulinho esteve presente desde a formação original do Roupa Nova, há mais de quatro décadas. Antes do sucesso nacional, iniciou a carreira no início dos anos 1970 como vocalista e percussionista da banda de bailes carioca Los Panchos Villa, ao lado de Kiko (73) e Ricardo Feghali (70). Em 1974, ingressou no grupo Os Famks, embrião do Roupa Nova, convidando posteriormente Kiko para integrar a formação.
No Roupa Nova, Paulinho se destacou como vocalista principal em inúmeros sucessos que atravessaram gerações, como Canção de Verão, Clarear, Sensual, Volta pra Mim, Whisky a Go-Go, Linda Demais, Meu Universo É Você, Vício, Asas do Prazer, Os Corações Não São Iguais, além de faixas mais recentes como À Flor da Pele, A Metade da Maçã e Luz de Emergência. Ao longo da carreira, também dividiu os vocais com artistas nacionais e internacionais, entre eles Ivete Sangalo (53), Elba Ramalho (74), Zélia Duncan (61), Angélica (52) e a banda The Commodores. Em 2009, o Roupa Nova foi consagrado com o Grammy Latino de Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro.
Assista a Paulinho cantando junto ao Roupa Nova:
Despedida
Apesar de enfrentar problemas de saúde ao longo dos anos — incluindo um linfoma que o levou a realizar um transplante de medula óssea em 2020 —, Paulinho seguiu ativo até poucos meses antes da morte. Ele deixou dois filhos: a cantora Twigg (45), sua primogênita, e Pedro Paulo (37), conhecido como Pepê, músico e produtor vencedor de um Grammy Latino.
Paulinho morreu na noite de 14 de dezembro de 2020, após ficar internado na UTI do Hospital Copa D’Or, no Rio de Janeiro. Segundo comunicado divulgado pelo Roupa Nova, o cantor sofreu falência múltipla de órgãos após contrair Covid-19. Paciente oncológico e recém-submetido a um transplante de medula, seu quadro se agravou rapidamente, levando à parada cardiorrespiratória.
Relembre a notícia da morte de Paulinho no Jornal Nacional:
Disputa judicial
Pouco mais de um mês após a morte do artista, a disputa judicial pela herança veio a público. Em janeiro de 2021, Elaine Soares Bastos (58), psicóloga e advogada que manteve um relacionamento de 16 anos com Paulinho, entrou na Justiça para ter a união estável reconhecida. Ela alegou não ter sido incluída no inventário aberto pelos filhos do cantor e afirmou que sempre viveu em relação marital com o músico.
Na época, Elaine declarou que buscava uma solução consensual, mas se sentiu excluída do processo. Os filhos, Twigg e Pedro Paulo, por sua vez, negaram qualquer tentativa de exclusão e afirmaram que abriram o inventário dentro do prazo legal. Em nota enviada à imprensa, a defesa dos herdeiros sustentou que não havia possibilidade jurídica de exclusão e que Elaine poderia ingressar no processo assim que tivesse seu direito reconhecido.
Cinco anos depois da morte de Paulinho, o caso ainda seguia sem resolução. De acordo com o jornalista Lo Bianco, no meio deste ano, o conflito ganhou novos contornos com a revelação de uma proposta feita pelos filhos do cantor. Segundo Elaine, foi oferecido a ela um apartamento avaliado em R$ 1,2 milhão para que abrisse mão dos direitos autorais e de imagem do artista. A união estável já foi reconhecida judicialmente, o que garante à viúva 50% desses direitos.
Elaine recusou a proposta e afirmou que qualquer decisão envolvendo a imagem e a obra de Paulinho depende de seu consentimento. Com isso, o inventário segue travado, mantendo viva uma disputa que se arrasta desde a morte do cantor e que contrasta com o legado de harmonia e romantismo deixado por uma das vozes mais emblemáticas da música brasileira.
