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Mulher trans assassinada em BH teria sido morta por conta de R$ 22 em pastelaria, diz investigação

by admin

A Polícia Civil de Minas Gerais identificou dois suspeitos pelo assassinato brutal de Alice Martins Alves, 33, mulher trans espancada até a morte na Savassi, região sul de Belo Horizonte.

Segundo as investigações, dois funcionários da empresa Rei do Pastel espancaram Alice motivados por transfobia e pelo fato de que ela teria saído do bar sem pagar uma conta de R$ 22. A informação é do jornal mineiro O Tempo.

“Dessa vez, ela saiu sem pagar, os meninos foram atrás dela, batendo ela até quase morrer. Foi dois caras que bateu nela, eles não tá nem vindo trabalhar”, diz um áudio de um funcionário não identificado do bar.

Os dois suspeitos foram qualificados, mas não foram presos porque o tempo para um flagrante já expirou. “Medidas cautelares foram solicitadas e obviamente a gente não vai falar porque esses indivíduos estão em liberdade”, explicou o delegado Thiago Machado.

Três meses antes do crime, Alice publicou uma avaliação negativa do bar no Google, reclamando da agressividade de um dos funcionários do Rei do Pastel:

““Vim aqui reavaliar, o atendente foi extremamente agressivo quase fui agredida, só não fui [porque] sentei com outras meninas que estavam de prova. […] Lugar bem pesado e os atendentes são meio duvidosos… Enfim, não volto mais…”, publicou Alice.

“Três meses antes de perder a vida de forma brutal, Alice já denunciava publicamente a violência e o tratamento agressivo que sofreu nesse estabelecimento comercial. Como advogados da família, afirmamos com absoluta convicção: não haverá descanso até que todos os envolvidos, direta ou indiretamente, respondam por suas condutas. A morte de Alice não será silenciada”, disse.

O caso ganhou notoriedade após o emocionante depoimento do pai de Alice, Edson Alves Pereira:

“Esses três caras estavam esperando ela e agrediram violentamente, sabe. Quebrou o nariz, várias costelas, parece que o indivíduo pisou nas pernas dela, estava tudo roxo e eu pensei: ‘Que brutalidade, será que uma transexual não tem direito a viver? Não tem direito a viver em paz?'”, questionou.

“Perdi uma grande parceira, uma amiga, companheira de filmes, de tomar uma cervejinha dentro de casa… e ela estava com um pressentimento de que alguma coisa ia acontecer. Tinha uns três meses que ela não estava saindo. Ela falava: ‘Pai, eu não vou sair, estou com medo’. Aí, de tanto ficar em casa, eu falei: ‘Vai dar uma volta’. Aí acontece o fato”, completou.

Em nota publicada nas redes sociais, o bar Rei do Pastel não esclareceu o seu vínculo com os dois funcionários qualificados pela Polícia Civil:

“Tendo em vista o crime ocorrido na Savassi que levou à morte de Alice Martins Alves, esclarecemos que desde o início das investigações, nos colocamos a disposição das autoridades competentes, auxiliando com todos os dados que nos foram solicitados. Várias versões e vertentes estão sendo divulgadas na mídia e principalmente nas redes sociais, sem as devidas apurações e efetivas comprovações. Estamos aguardando e confiantes no trabalho sério e eficiente que vem sendo executado pela polícia, com a certeza da correta apuração dos fatos e a devida culpabilidade dos envolvidos. Ressaltamos a nossa solidariedade incondicional aos familiares e amigos da Alice, e destacamos que não compactuamos, em hipótese alguma, com ações discriminatórias referente a identidade de gênero, orientação sexual, raça ou qualquer outra natureza. Carregamos em nosso DNA uma cultura de bem servir com produtos de qualidade e cuidado com nossos clientes, sempre prezando por um ambiente de harmonia”, afirmou a empresa.

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