‘Mulheres ficam mais bonitas quando erguem a voz’

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Mais de 120 mulheres de todo o mundo se reuniram na Tailândia para competir este mês pela coroa da mais bela do universo. No entanto, o concurso se transformou em uma tempestade feminista que chegou a provocar reação da presidente mexicana, Claudia Sheinbaum.

Na terça-feira, a representante do México, Fátima Bosch, protagonizou uma saída dramática — de vestido longo e salto alto — de uma reunião na qual foi criticada pelo executivo tailandês Nawat Itsaragrisil, a quem o Miss Universo encarregou de organizar a edição deste ano.

Em uma transmissão ao vivo que se tornou viral, Nawat questionou a Miss México e, segundo é possível ouvir, chegou a chamá-la de “burra” por aparentemente não ter publicado conteúdo promocional sobre a Tailândia em suas redes sociais. Desde então, o organizador nega ter usado esse termo.

Na gravação, vê-se que Nawat também pediu a intervenção da equipe de segurança. Bosch, envergonhada, deixou a sala acompanhada pela Miss Iraque.

— O que o seu diretor fez não é respeitoso: ele me chamou de burra — denunciou Bosch a um grupo de jornalistas tailandeses após o incidente: — O mundo precisa ver isso porque somos mulheres empoderadas e esta é uma plataforma para nossa voz.

A maioria das concorrentes do Miss Universo 2025 se levantou para sair em aparente solidariedade a Bosch, mas ficou paralisada quando Nawat advertiu: “sentem-se” aquelas que desejassem continuar no concurso.

O escândalo chamou a atenção da presidenta Sheinbaum, que disse na quarta-feira que Bosch era um “exemplo de como as mulheres” devem “erguer a voz” diante de uma agressão.

— Em eventos públicos, as mulheres ficam mais bonitas quando erguem a voz e participam. Meu reconhecimento porque ela viveu essa agressão e, muito dignamente, diz: “Não concordo” — afirmou.

A própria mandatária foi vítima de assédio sexual na terça-feira, em plena rua, quando um homem se aproximou por trás, tocou sua cintura e peito com as mãos e tentou beijá-la no pescoço. Após o incidente, registrado em vídeo, Sheinbaum apresentou denúncia.

Sobre o ocorrido no Miss Universo, a embaixada do México na Tailândia afirmou no Facebook que está em “comunicação constante” com Bosch e seus familiares, mas não respondeu ao pedido de comentários adicionais da AFP.

Condenação pública e pedido de desculpas

Enquanto isso, Nawat viu seu comportamento ser publicamente condenado pela Organização Miss Universo.

— Não permitirei que os valores de respeito e dignidade para com as mulheres sejam violados — declarou o presidente do concurso, Raúl Rocha, em discurso no palco: — Infelizmente, Nawat esqueceu o verdadeiro significado de ser um anfitrião genuíno — acrescentou, acusando-o de “agressão pública” e informando que seu papel no concurso será limitado.

Horas depois, o executivo apareceu em uma coletiva de imprensa, de smoking e chorando compulsivamente, alegando ter sido “traído”. Ainda assim, teve papel de destaque na cerimônia de abertura do concurso, na noite de quarta-feira, onde demonstrou arrependimento diante das candidatas e lhes ofereceu um pedido de desculpas.

— Sou humano — disse: — A pressão é grande.

Não é a primeira vez que o empresário, também presidente do Miss Grand International (MGI), rival do Miss Universo, se vê envolvido em um escândalo. No ano passado, candidatas do MGI protestaram por terem de se sentar em cadeiras de plástico e comer amendoim em um barco turístico no Camboja, em vez do cruzeiro de luxo prometido.

A edição atual do Miss Universo também já enfrentava controvérsias antes do episódio com a Miss México. A imprensa tailandesa informou que a polícia investigou participantes por supostamente gravarem vídeos mostrando travesseiros com o nome de um cassino online em seu hotel, o que violaria as rígidas leis de jogos de azar do país.