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Mulheres na Liderança: o que as empresas que se destacam nessa agenda fazem | Carreira

by admin

Reunir e reconhecer as melhores práticas e políticas que estão estimulando a ascensão das mulheres aos altos cargos das organizações é o objetivo da pesquisa “Mulheres na Liderança”, realizada pelos jornais Valor e O Globo e pelas revistas Época Negócios, PEGN e Marie Claire junto com a ONG Women in Leadership in Latin America (WILL).

A edição deste ano, a quinta da série, teve 173 empresas de médio e grande porte participantes, sendo 60% nacionais e 40% multinacionais. A partir de metodologia do Instituto Ipsos, entre as inscritas, 28 organizações foram reconhecidas, em 22 segmentos da economia, 6 eixos temáticos, e 2 categorias especiais: as empresas que se destacam na promoção de mulheres pretas e pardas e de mulheres no conselho de administração.

A pesquisa foi tema da Live do Valor nesta sexta, mediada pela editora de Carreira do Valor, Stela Campos.

Mulheres na Liderança

Empresa Categoria
Nestlé Brasil Destaque geral
Mosaic Fertilizantes Agronegócio
Nestlé Brasil Alimentos e bebidas
Michelin Automotivo (veículos e peças)
Bradesco Bancos
Lojas Renner Comércio varejista
Cury Construtora e Incorporadora Construção, engenharia e materiais de construção
EY Brasil Consultoria
YDUQS Educação
Engie Brasil Energia Energia elétrica
Natura Cosméticos Farmacêutica e cosméticos
Prumo Logística Infraestrutura de transportes e logística
Gerdau Metalurgia e siderurgia
Alcoa Alumínio Mineração
Sylvamo do Brasil Papel e celulose
Bayer Química, petroquímica, petróleo e gás
Zurich Santander Brasil Seguros e Previdência Seguros, previdência e capitalização
Localiza&Co / Transpetro Serviços de transportes e logística
Sodexo do Brasil Comercial Serviços especializados
Daniel Advogados / Trench Rossi Watanabe Serviços jurídicos
Sabin Medicina Diagnóstica / Hospital Alemão Oswaldo Cruz Serviços médicos e operadoras de planos de saúde
Serasa Experian / SAP Brasil TI & Telecom
Grupo Cataratas Turismo e entretenimento
Natura Cosméticos Eixo temático: Estratégia e estrutura
EY Brasil Eixo temático: Recutamento, seleção e retenção
EY Brasil Eixo temático: Qualificação e incentivo à liderança feminina
Sodexo do Brasil Comercial Eixo temático: Equilíbrio entre trabalho e vida pessoal
Sodexo do Brasil Comercial Eixo temático: Mulheres e interseccionalidade
Nestlé Brasil Eixo temático: Atuação externa
Copastur Viagens e Turismo Categoria especial: Promoção de mulheres pretas e pardas
Medtronic Comercial Categoria especial: Mulheres no conselho de administração

A Nestlé foi eleita Destaque Geral, por alcançar a maior pontuação em seu setor (Alimentos e bebidas), entre as multinacionais e no eixo atuação externa.

“Estamos em uma fase de mais maturidade [na pauta de gênero], afirma Silvia Fazio, presidente da WILL. “As empresas trabalham esse tema há muitos anos e estamos colhendo os frutos disso.”

Na amostra da pesquisa, 91% das empresas estão monitorando a questão de gênero, 78% têm uma área específica com orçamento próprio para a pauta, 67% possuem uma política formal de promoção da equidade de gênero e D&I e 65% dizem que o tema é prioridade na agenda dos CEOs. “Ter a alta liderança apoiando continuamente [essa pauta] faz toda a diferença para a mudança na cultura das empresas”, afirma Fazio.

Outros dois pontos que indicam maturidade em relação ao tema, diz Fazio, são a autocrítica – fazer pesquisas internas para entender as barreiras que a empresa vem enfrentando na evolução da agenda – e o monitoramento dos programas, com auditoria.

“Cada setor tem peculiaridades, cada empresa tem suas barreiras. O reconhecimento dessa necessidade de pesquisas internas é sinal de maturidade e traz eficácia para os programas”, comenta Fazio. “Outro ponto é o monitoramento dos programas. Não dá pra criar e deixar solto. [É preciso] fazer com que ele seja vivo e alterado, de acordo com os movimentos da empresa.”

Outro ponto relevante para o avanço da pauta são os treinamentos. Em 2025, 43% das empresas participantes disseram ter programa de treinamento obrigatório sobre vieses inconscientes e preconceito de gênero para as lideranças. Em 2022, esse percentual era de 34%.

“O fato de o treinamento ser compulsório é transformador, porque mostra que a pauta é um valor para a empresa, e também porque a pessoa relutante [ao tema] acaba vendo algo que não conseguia ver, e isso acaba abrindo portas”, comenta Fazio.

A pesquisa mostra, ainda, que metade das empresas participantes tem treinamento específico para mulheres no desenvolvimento de liderança e 53% monitoram o percurso da carreira das mulheres ao longo do tempo.

Martha Uribe, vice-presidente de recursos humanos da Nestlé Brasil e líder global da Iniciativa pelos Jovens, comentou sobre a importância dos treinamentos, capacitações e letramento, em especial em ambientes que ainda são mais masculinos, como as fábricas. “Para as mulheres ganharem confiança nelas mesmas, superar a síndrome da impostora, desbloqueando essas barreiras de mentalidade para que elas possam ir crescendo”, disse. “E para os líderes se familiarizarem com essa realidade. Isso melhora a perspectiva de avanço na carreira.”

Na pesquisa, 71% consideram a equidade de gênero e demais diversidades nos planos de sucessão, 72% têm métricas de monitoramento de equiparação salarial, 40% estimulam fornecedores a adotarem práticas de promoção de equidade de gênero e 53% aumentaram a proporção de mulheres diretoras ou vice-presidentes.

Em relação à questão da interseccionalidade, na edição deste ano, 60% das respondentes disseram que têm políticas interseccionais para mulheres pretas ou pardas, ante 49% em 2021; e 36% têm ações para mulheres acima de 50 anos em 2025, ante 22% em 2021.

“O estudo tem um olhar minucioso para essa questão da interseccionalidade”, comenta Rafael Pisetta, gerente sênior de reputação corporativa e opinião pública na Ipsos. “[Os dados] mostram que a questão de gênero se iniciou e trouxe amadurecimentos, com o olhar para as interseccionalidades.”

Pisetta pontua que o maior desafio está na pauta racial. “A gente vê boa evolução em canais de denúncia de racismo, treinamentos para vieses inconscientes, mas as mulheres pretas e pardas ainda ocupam apenas 12% dos cargos de liderança“, diz. “É quase o dobro da edição anterior da pesquisa [7%], mas ainda está aquém da realidade brasileira.” Em conselhos, ele menciona, as mulheres pretas e pardas são 2% do total de conselheiros.

Para Fazio, o avanço da pauta de gênero nas empresas vem abrindo portas para talentos que antes eram ignorados. E quando há mais mulheres no topo da hierarquia corporativa, isso inspira toda a base. “Mulheres do topo são espelho para as demais se inspirarem para seu crescimento de carreira”, conclui.

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