A decisão dos Estados Unidos de classificar a Venezuela como um Estado terrorista e a escalada de ataques a barcos petroleiros no Caribe — que já deixaram mais de 100 mortos, sem apresentar provas para a alegação de “narcoterrorismo” — são ações imperialistas. A avaliação é do professor de relações internacionais da UFABC Gilberto Maringoni ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.
“Donald Trump não tem uma estratégia, um argumento ou objetivo claro. O que podemos deduzir é que ele tem alguns objetivos na manga: primeiro, se apossar do petróleo venezuelano; segundo, mostrar que quem manda na América Latina são os Estados Unidos. Então, não é uma ação contra a Venezuela, é contra a Colômbia, o Brasil, a Argentina, todos os países. É a Doutrina Monroe, como ficou claro há três semanas quando divulgou a nova estratégia nacional de segurança. Além disso, ele também precisa afirmar, diante da competição dos Estados Unidos com a China, que Washington manda no Ocidente”, pontua.
Diante da escalada dos EUA, setores da oposição moderada venezuelana têm se unido a Nicolás Maduro em defesa do país. Um exemplo é Bernabé Gutiérrez, deputado da Assembleia Nacional e secretário-geral da Ação Democrática, partido de oposição, que respondeu à ordem de bloqueio dos navios petroleiros sancionados pelos EUA. Maringoni reflete que o sentimento anti-imperialista acaba trazendo mais união a uma sociedade venezuelana que, atualmente, tem seus níveis de polarização.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia publicou um comunicado nesta quinta-feira (18) defendendo a normalização do diálogo entre os EUA e a Venezuela em meio à ofensiva de Donald Trump. No texto, Moscou também afirmou que um ataque na América Latina pode trazer consequências imprevisíveis para o Ocidente.
Para o professor da UFABC, apesar de o Kremlin e a China demonstrarem apoio a Caracas, ele não vê as grandes potências entrando em guerra com os Estados Unidos. “Moscou e Pequim se movem com muito cuidado numa situação como esta. O que eles podem fazer é exercer pressão diplomática. A China pode, inclusive, pressionar por uma reunião no Conselho de Segurança da ONU”, conclui.
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