Ela não estava em quadra, mas foi uma das jogadoras mais festejadas pela torcida do Osasco/São Cristóvão Saúde durante todo o Campeonato Mundial feminino de clubes, em São Paulo. Tifanny se emocionou, neste domingo (14/12), após o time paulista conquistar a medalha de bronze.
A oposta não pôde ser inscrita por conta de um processo no Comitê de Elegibilidade de Gênero da Federação Internacional de Vôlei (FIVB). Iniciado semanas antes do Mundial com a realização de exame e entrega de documentação, o processo de Tifanny não foi encerrado em tempo, impedindo que ela jogasse a competição.
Durante a entrega das medalhas de bronze para as atletas de Osasco, a central Valquíria levou uma camisa de Tifanny para o pódio. Pelo cerimonial, cada jogadora foi chamada individualmente. Após o locutor do Ginásio do Pacaembu finalizar com o técnico Luizomar de Moura, a torcida começou a gritar o nome da oposta.
Luizomar então olho para trás e chamou Tifanny para participar da foto oficial na premiação. Tifanny voltou aos prantos e desabafou:
– Tiraram um sonho. Tiraram a minha oportunidade de estar dentro de quadra. Mas não tiraram o meu amor pelo vôlei, pelo esporte. Isso é realmente é muito difícil. Mas eu sei que é uma luta – disse, antes de agradecer time, torcida e reclamar da decisão da FIVB:
– É uma emoção muito grande. Fazemos tudo juntas, a gente é um time, um corpo, um coração. Elas ganharam essa medalha por mim, por tudo o que passei e estou passando. Essa emoção é por saber que eu sou amada por todas as jogadoras, pela comissão e por toda a arquibancada. Por mais que me tiraram de lá de dentro, não tiraram o amor que as pessoas sentem por mim e o que eu sinto pelo esporte. Jamais vamos desistir, porque quando derrubam uma pessoa trans do esporte, estão derrubando a sociedade e o espaço de inclusão no esporte. Não fiz nada de errado, não tenho nada de errado. Estou dentro de todas as regras. Isso que está acontecendo é simplesmente um absurdo.
